Investigação iniciada em Ascurra (SC) revelou esquema criminoso em âmbito nacional

Operação investiga suspeitos de praticarem 250 fraudes cibernéticas que teriam movimentado R$ 90 milhões

Foto: GAECO/SC

No final de 2022, a Delegacia de Polícia de Ascurra (SC) registrou diversos boletins de ocorrência relatando furtos de valores de contas bancárias depois da instalação de aplicativos de gerenciamento remoto. isso permitia aos criminosos controlar os celulares das vítimas e realizar a transferência de valores.

Durante a investigação, foram identificados os principais números de telefone 0800 utilizados pela quadrilha, que simulavam falsas centrais de atendimento de instituições financeiras. O segundo passo foi identificar os suspeitos de operar essas falsas centrais e os demais integrantes dos grupos criminosos responsáveis por obter bases de dados de possíveis vítimas. Eles também enviavam SMS falsos e criavam contas correntes em nome de “laranjas” para receber os valores obtidos de forma ilegal.

Outra investigação conduzida pela Delegacia de Turvo (SC), com o apoio da DEIC, foi instaurada depois de uma idosa de 70 anos sofrer um prejuízo de R$ 86,5 mil. Ela acreditou que conversava com funcionários de uma instituição financeira e fez diversas transferências para os golpistas.

Foto: GAECO/SC

Estima-se que os crimes tenham causado R$ 5 milhões de prejuízo somente às vítimas em Santa Catarina. A Polícia Civil acredita que três organizações criminosas são responsáveis por pelo menos 255 furtos e estelionatos, mediante fraude cibernética no estado.

Mas as investigações apontam que há possíveis vítimas em todo o país que a movimentação nos últimos 10 anos tenha atingido cerca de R$ 90 milhões em transações suspeitas. No entanto, a festa acabou na manhã desta quarta-feira (10/07/24), com a deflagração da “Operação Mão Fantasma”, cujo objetivo é desarticular o esquema em âmbito nacional.

Foto: GAECO/SC

As investigações apontaram que essa organizações são especializadas em fraudes bancárias, especialmente nos golpes conhecidos como “mão fantasma/acesso remoto” e “falsa central de atendimento”.

A ação é comandada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), por meio do Grupo de Investigação de Crimes Cibernéticos (CyberGAECO), e a Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC), pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e Delegacias de Polícia Civil de Ascurra e Turvo.

Estão sendo cumpridos 32 mandados de prisão preventiva e 55 mandados de busca e apreensão, expedidos pelas Varas Regionais de Garantias de Blumenau e Rio do Sul (SC), oriundos da comarca de Ascurra, dois mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Vara Única da Comarca de Turvo (SC). As ordens judiciais abrangem também os estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e Ceará. Ao todo estão sendo cumpridos 34 mandados de prisão preventiva e 73 de busca e apreensão.

Imagem: GAECO/SC

Persecução Patrimonial

Além de prisões preventivas e buscas e apreensões, o Judiciário acatou as representações da Polícia Civil e os pedidos do Ministério Público, feitos pela Promotoria de Justiça de Ascurra e pela 2ª Promotoria de Justiça de Turvo, e concedeu medidas assecuratórias criminais. Isso incluiu o bloqueio de bens, valores e criptoativos de 44 entidades físicas e jurídicas, bem como a apreensão e o registro de veículos de luxo para garantir ativos suficientes para iniciar o ressarcimento às vítimas dos crimes.

Auxiliam na execução das ordens judiciais as Polícia Civis dos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Ceará e da Paraíba, bem como GAECO e Ministério Público do estado da Bahia.

Operação “Mão Fantasma”

O nome da operação “Mão Fantasma” faz referência a uma das formas de atuação dos criminosos que, após receberem ligações das vítimas na falsas centrais de atendimento, realizavam transferências de valores a partir dos próprios aparelhos das vítimas, sem que elas tivessem conhecimento ou expressassem consentimento em relação ao acesso indevido e criminoso aos seus dispositivos eletrônicos.

Foto: GAECO/SC

DEIC/SC

A Diretoria Estadual de Investigações Criminais é a unidade da Polícia Civil de Santa Catarina, composta por 21 delegacias especializadas, responsável por coordenar e auxiliar as investigações de maior complexidade, com foco no enfrentamento às organizações criminosas, à lavagem de dinheiro e aos delitos de maior repercussão social.

CyberGAECO

O CyberGAECO é uma força-tarefa especializada, inserida na estrutura do GAECO, formada por integrantes do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal, da Polícia Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros Militar, para identificar, buscar prevenir e reprimir infrações penais praticadas em ambientes virtuais.

GAECO

O GAECO é uma força-tarefa composta, em Santa Catarina, pelo Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar, e tem como finalidade a identificação, prevenção e repressão às organizações criminosas.

Fonte: Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) 

Foto: GAECO/SC
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