Durante uma entrevista na manhã desta quinta-feira (21/03/24), o Delegado Ronnie Reis Esteves, titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil de Blumenau, esclareceu os dados apurados sobre o assassinato de Fernanda Aline Reinard, de 25 anos. A vítima foi encontrada morta no dia 11 de março na quitinete que tinha acabado de alugar no bairro Itoupava Central.
O suspeito de ter cometido o crime é o próprio vizinho da vítima. Segundo o delegado, o crime ocorreu na madrugada de domingo (10).
A investigação começou com a análise das imagens de algumas câmeras de videomonitoramento, e uma delas chamou a atenção. O equipamento não estava voltado para as seis quitinetes que fazem parte do imóvel; inclusive a da frente que foi alugada por Fernanda. Essa câmera em particular estava direcionada para a rua, um detalhe que deu a primeira pista.
A partir dessa constatação, os investigadores concluíram que o autor do crime morava em uma das quitinetes. O próximo passo foi verificar se algum morador tinha algum histórico criminal. O indivíduo que alugou a quitinete número quatro foi acusado de matar uma jovem de 25 anos em Joinville (SC). Ao analisar as duas vítimas, foi possível constatar que as lesões causadas nas duas são muito semelhantes.
Os investigadores passaram a descartar a possibilidade de um agressor externo e se concentraram no suspeito de 28 anos. Na quarta-feira (20), uma equipe policial foi até a quitinete para falar com o morador. Segundo o delegado, no depoimento anterior, ele teria dito que só ouviu alguns gritos de socorro na noite do crime. No entanto, pensou que se tratava de algo relacionado a Fernanda e seu namorado.
Quando os policiais chegaram ao local, o suspeito não estava presente. No entanto, a janela da sua quitinete estava aberta, e foi possível ver a televisão que tinha sido furtada da vítima. Com base nessas informações, o delegado solicitou um mandado de prisão temporária e um mandado de busca e apreensão. Após a autorização do Poder Judiciário, os mandados foram cumpridos por volta das 7h desta quinta-feira (21).
A Polícia Científica acompanhou a equipe para realizar a perícia. O suspeito, ao ser questionado sobre a televisão de Fernanda, disse que a havia comprado há três meses. No entanto, foi constatado que o aparelho ainda estava registrado em nome da vítima. Durante o trajeto até a delegacia da DIC, o homem acabou revelando alguns detalhes do crime, confirmando todas as informações levantadas pelos policiais, inclusive os horários.
Ele afirmou que viu Fernanda chegar à quitinete por volta das 2h de domingo. No celular dela, havia uma mensagem enviada às 2h05. Segundo o delegado, naquela madrugada, o suspeito estava consumindo drogas e bebida alcoólica. Por volta das 4h40, ele enviou uma mensagem por aplicativo para uma amiga, informando que iria até a quitinete da nova vizinha com o objetivo de ter uma relação sexual.
O delegado também mencionou que o suspeito havia solicitado a essa amiga que avisasse a família e um advogado caso fosse preso. Isso, para o policial, já indicava que o suspeito planejava cometer um crime, até então apenas de abuso sexual.
Por volta das 4h42, um sensor de iluminação no complexo de quitinetes foi acionado, e a câmera do imóvel vizinho, embora voltada para a rua, capturou o áudio do que estava acontecendo. Sete minutos depois, os gritos de socorro de Fernanda foram ouvidos, continuando por mais 10 minutos. O delegado acredita que neste momento a vítima tentou se desvencilhar do agressor.
O suspeito teria informado que a janela lateral da quitinete dela estava aberta. Ele aproveitou e conseguiu abrir a porta, depois entrou e a fechou. Fernanda estava dormindo de lado e foi atacada no pescoço. A jovem resistiu e recebeu quatro golpes de faca na região do pescoço e outro no ombro. A vítima perdeu a consciência e o agressor manteve relação sexual com ela. A perícia encontrou esperma no rosto e nas partes íntimas.
Em determinado momento, Fernanda acordou e agonizou devido aos ferimentos. O assassino pegou uma extensão elétrica e a estrangulou, causando sua morte. Como estava todo ensanguentado, o criminoso decidiu tomar banho na quitinete dela. Antes de sair, ele pegou a televisão da vítima, fechou a porta do mesmo modo que a abriu, ou seja, pela janela, e retornou para sua quitinete como se nada tivesse acontecido.
De acordo com o delegado, Fernanda havia se mudado para o imóvel no sábado (9) e ainda havia poucos pertences no local. Após tirar a televisão de sua embalagem, ela saiu e participou de uma confraternização na empresa. A interação máxima com o vizinho foi um breve cumprimento, do tipo “oi”. “Ela nem teve tempo de usufruir de sua casa. Porque foi assassinada quando retornou na madrugada de domingo”, lembrou Esteves.
Quanto à amiga que recebeu a mensagem avisando que iria abusar da vizinha, o delegado afirmou que ela não incentivou ou tem qualquer relação com o crime. No entanto, a investigação ainda está em andamento, e nenhuma hipótese está descartada. Em relação ao suspeito, ele é natural do Paraná, tem 28 anos e está em Santa Catarina há aproximadamente dois anos. Ele deveria cumprir algumas medidas cautelares relacionadas à acusação de homicídio em Joinville, o que não estava ocorrendo.
Em breve estaremos disponibilizando o vídeo com a entrevista do delegado. As imagens e informações foram levantadas por Marlise Cardoso Jensen, que foi até a sede da Divisão de Investigação Criminal (DIC).