Várias iniciativas catarinenses estão adaptando sua produção para ajudar com materiais que serão usados por profissionais de saúde. Vamos destacar aqui duas delas, ambas voltadas para máscaras de proteção feita de duas peças impressas em 3D e uma parte em acetato.
Uma delas vem lá de Rio do Sul, da RIO, uma empresa que atua setor automotivo. A iniciativa partiu do engenheiro de materiais Gabriel Conselvan Bernardelli, que faz parte da equipe de Melhoria Contínua. A RIO fez a impressão das peças em 3D e a Vedamotors o corte do acetato.
O protótipo foi feito na segunda-feira (23/03/20) e aprovado por médicos no dia seguinte. A partir de então começou a produção em larga escala. A expectativa é entregar 150 máscaras que serão doadas para o Hospital Regional da cidade.
Esse projeto é ampliado para empresas da região e pessoas que têm uma impressora 3D em casa. A Associação Comercial e Industrial de Rio do Sul apoia a iniciativa.
As universidades catarinenses paralisaram as atividades como medida para evitar a propagação da Covid-19. A estudante Gabriela Chicarelli, do curso Design de Produto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), teve a ideia de produzir essas máscaras de proteção.
Também no dia 23, a jovem está imprimindo as máscaras junto com colegas e professores que devem chegar a 1200 itens. A professora Regina Trevisan Pupo ajudou a desenvolver os modelos e coordenou a equipe de forma virtual.
Tudo é feito de maneira remota e com equipamentos de impressão em 3D que possam ser usados em casa. O objetivo é dar conta de produzir 200 máscaras por dia com ajuda de voluntários, alunos e professores do Laboratório de Prototipagem e Novas Tecnologias Orientadas ao 3D.
O estopim para iniciar os trabalhos foi a constatação de Regiane de que a maiorias das máscaras produzidas por outros laboratórios eram direcionadas para as unidades de terapia intensiva (UTIs) e centros cirúrgicos. Ela percebeu que outros profissionais também precisariam de equipamentos próprios, como motoristas e garis. “Ninguém estava fazendo para eles. Eles também precisam de proteção”, justificou a professora.
Laboratórios Pronto 3D em SC são criados com recursos da Fapesc
Em 2013, quando Regiane planejava instalar um laboratório de prototipagem para impressão em 3D, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) foi uma das grandes apoiadoras dessa iniciativa inédita nas universidades. Tanto que a fundação, hoje vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, contribuiu para a expansão do projeto para instituições de ensino de outras três cidades: Criciúma, Chapecó e Lages.
A Fapesc destinou recursos para a compra de impressora 3D, máquina de corte a laser e máquina CNC (também para produção de modelos), além de treinamento dos profissionais. Assim começou a operação das primeiras fábricas digitais em Santa Catarina.
Outras iniciativas no estado
Em Criciúma, a equipe do Pronto 3D instalado do Colégio, Faculdade, Extensão e Centro Tecnológico (Satc) também produz emergencialmente as máscaras. O coordenador do laboratório, Daniel Fritzen, conseguiu apoio de alunos e professores para imprimir de casa os EPIs, que serão destinados aos profissionais de saúde, que são mais expostos à contaminação.
A iniciativa em Criciúma surgiu com a demanda na cidade e foi possível a partir de experiências de outros laboratórios internacionais que também ajudaram vários países no combate à pandemia. “Com esse período de quarentena que estamos vivendo, com possível agravamento da pandemia, naturalmente nos vimos convocados a participar deste movimento”, destacou.
“Esse investimento em tecnologia e pesquisa causa impacto por muitos anos e de maneiras diferentes na sociedade. O papel da Fapesc é justamente esse: buscar inovação, criar estruturas tecnológicas e de conhecimento que permitam que Santa Catarina reaja mais prontamente aos desafios”, reforçou o presidente da fundação, Fábio Zabot Holthausen.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Lucas Esmeraldino, reiterou a importância da solidariedade de pesquisadores e profissionais de inovação para a busca de soluções. “O momento é de união, para que juntos possamos enfrentar essa pandemia. Vamos aliar o que temos de melhor para contribuir com o bem das pessoas que precisam estar nas ruas em prol da sociedade”, frisou Esmeraldino.
Em Chapecó, a técnica do laboratório Pronto 3D da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), professora Carla Secchi está verificando a possibilidade de começar as impressões nos próximos dias. Para isso, ela está buscando apoio com a universidade. A ideia é testar na próxima semana os modelos de máscaras que devem ser destinados aos profissionais da saúde, especialmente dos hospitais da região.
Como ajudar
Para que as equipes dos laboratórios possam dar conta da demanda, é preciso apoio da comunidade. Quem tiver um equipamento de impressão 3D, para colaborar de casa com a produção, ou puder doar materiais pode entrar em contato pelo e-mail pronto3d@gmail.com em Florianópolis, para o ma@satc.edu.br e pronto3dcriciúma@satc.edu.br no Sul ou ainda para o pronto3d@unochapeco.edu.br no Oeste.
A Fapesc está contribuindo também para o combate à Covid-19 com a participação de um edital internacional de cooperação com a União Europeia. O objetivo é selecionar projetos e pesquisadores que apontem novas formas de tratamento e de diagnóstico para o novo coronavírus (SAR-CoV-2). As inscrições vão até 31 de março. Mais informações podem ser acessadas em www.fapesc.sc.gov.br.
Com informações do Governo do Estado