A rejeição é, provavelmente, um dos piores sentimentos experimentados pelo ser humano. A sensação de que nossa presença não é desejada ou não é bem-vinda, seja por quem for, pode nos levar a desenvolver sentimentos de mágoa ou ativar nossos mecanismos de defesa. O medo da rejeição é muito comum e inerente aos indivíduos e, em alguns casos, manifestações fisiológicas também são perceptíveis, como: palpitações, tremedeira, boca seca, entre outras.
Rejeição em si, não é um fato objeto e concreto, mas refere-se muito mais ao significado e a proporção que atribuímos a um determinado acontecimento, além de estar associado à autoestima e às expectativas que criamos. Fato é que, somos seres desejantes e é inerente ao homem a necessidade de pertencimento. Ele almeja sempre ser aceito e amado, porém não é possível depender disso para nos sentirmos amados e felizes.
Esse tipo de pensamento é o que alimenta o sentimento de rejeição. A grande sabedoria da vida é aprender a não ocultar o sentimento de rejeição, mas sim acolher essas emoções, externar o que está sentindo e buscar entendimento do porquê ficar tão mexido. É preciso aceitar que nem sempre, as situações estarão acompanhando seus desejos, e por isso deve-se aprender a lidar com a rejeição sem diminuir-se.
Sentir-se rejeitado, em algum momento da vida, pode acontecer com qualquer um. Estamos sujeitos a isso. Sabemos que as estruturas emocionais ficam abaladas, assim como nossos sentidos de defesa e que, a confiança e autoestima serão diretamente afetadas por sensações desconfortáveis, além claro, de alimentar sentimentos de não merecimento, no qual a pessoa passa a desconfiar da própria inteligência, simpatia e de sua capacidade de se relacionar com outras pessoas. Consequentemente, é natural que o medo provoque uma estagnação na vida, impactando assim os relacionamentos, as decisões e os comportamentos futuros.
Porém, diante de todas essas sensações, é muito comum que, para evitar uma possível rejeição, a pessoa sinta a necessidade de controlar absolutamente tudo. Entrando em um processo ilusório de que, desta maneira estará impedindo a manifestação da dor e do sofrimento. Se a rejeição ocorre como resposta a algo, vale destacar que muitas pessoas se alimentam do medo da rejeição, antes mesmo que ela aconteça.
Criamos bloqueios para ações e pensamentos. Bem verdade que, não podemos ignorar ou negar que a rejeição existe, porém, nem sempre se trata de algo que temos controle. Por estar fora do nosso controle, muitas vezes, não há motivo para projetarmos uma resposta imediata antes mesmo de tomarmos uma atitude.
Com isso, acabamos por criar um bloqueio contra qualquer desejo que tenhamos, desde coisas simples, como pedir um aumento ao chefe à conquista de sonhos e felicidade. Ou seja, de forma inconsciente, alimentamos crenças limitantes, que impedem e bloqueiam nossa busca por equilíbrio.
Por fim, e como fazer, diante de todos estes fatos, para saber lidar de forma saudável, com a rejeição? Fácil não é, mas é possível. O primeiro exercício é tentar entender qual o motivo da rejeição. Buscar uma comunicação mais aberta e transparente com o outro, sem confrontos e vitimismos. Além disso, trabalhar a autoestima e a insegurança fazem parte do combo para se encontrar leveza nas relações e afastar o fantasma da rejeição.
Sendo assim, reforçar o amor próprio auxilia, positivamente, para que a rejeição não seja consumida. Sabemos que o medo da rejeição é altamente incapacitante, mas ele também pode ser utilizado a nosso favor. Pois, a instabilidade quando bem compreendida, pode favorecer a comunicação, provocar o autoconhecimento, além de promover estímulos que promovam a comunicação e a capacidade de externar sentimentos, quando houver a necessidade de se posicionar, sem precisar se preocupar, se o outro vai te rejeitar ou te punir.
Esse movimento integra ações que alimentam o amor próprio, o autocuidado e a autovalorização. Só através dessa consciência que se consegue trabalhar o melhor desenvolvimento dos nossos mecanismos de defesa, aumentando a autoconfiança e segurança em si mesmo.
Por Andrea Ladislau, Psicanalista