Neste domingo (13/04/25), Dia do Jovem, uma pesquisa encomendada pela Serasa ajuda a desconstruir mitos e mostra por que precisamos olhar com mais atenção para a Geração Z, formada por quem nasceu entre 1996 e 2007. O levantamento revela que essa parcela da população, muitas vezes rotulada como imediatista ou desinteressada, está na verdade tomando decisões financeiras conscientes, entrando cedo no mercado de trabalho e buscando propósito nas empresas onde atuam.
Entre os 2.923 jovens ouvidos em todo o país, 55% já bancam sozinhos seus gastos mensais e 39% contribuem ou dividem as despesas da casa. Ou seja, mais da metade já vive a realidade das contas no fim do mês — uma responsabilidade que muitas vezes é subestimada quando se fala dessa geração.
Além disso, 51% afirmam estar economizando dinheiro para objetivos concretos, como comprar uma casa ou um carro. Outros 34% usam o que ganham para pagar contas básicas e 33% têm planos de investir. São escolhas que indicam planejamento e visão de futuro — algo essencial num país onde o consumo por impulso e o endividamento ainda são desafios.
Mas há um ponto de atenção: mesmo com tanta responsabilidade nas mãos, apenas 1 em cada 10 jovens disse ter aprendido sobre finanças em casa. Para Gabriela Siqueira, especialista em educação financeira da Serasa, isso mostra uma lacuna preocupante. “O tema tem ganhado espaço no Brasil, mas talvez ainda não faça parte do dia a dia das famílias. Esse é um desafio que precisa ser compartilhado por pais, jovens e também por instituições como a própria Serasa”, afirma.
Dinheiro não é tudo — e isso diz muito
Outro dado que chama atenção está relacionado ao mercado de trabalho. Entre os jovens que já estão empregados, 50% acumulam de três a oito anos de experiência, 35% têm até dois anos e 15% já trabalham há mais de oito. Esses números revelam uma realidade silenciosa: muitos jovens precisam começar cedo para ajudar em casa ou conquistar sua independência.
E quando o assunto é o que mais valorizam nas empresas, o resultado surpreende — e ensina. O salário não é a prioridade número um. O que eles mais buscam são oportunidades de aprendizado (58%), equilíbrio entre vida pessoal e profissional (49%), desenvolvimento de carreira (48%) e benefícios (47%). Só então aparece a remuneração, citada por 41% dos entrevistados.
Isso mostra uma geração que não está apenas atrás de dinheiro, mas de um trabalho que faça sentido, que ofereça crescimento e respeite seu tempo e saúde mental.
Por que isso importa?
Entender o comportamento da Geração Z é essencial para empresas que desejam atrair e manter talentos, para instituições que desenvolvem políticas públicas e, principalmente, para famílias que estão formando os adultos do futuro. Essa é uma geração que já está moldando o mercado e a sociedade — e que merece ser ouvida e compreendida além dos estereótipos.
Sobre a pesquisa
O estudo foi conduzido pelo Instituto Opinion Box entre 12 e 20 de julho de 2024, com jovens de todas as regiões do país. Do total de entrevistados, 43% são homens e 57% mulheres. A faixa etária foi dividida entre 18 a 24 anos (53%) e 25 a 29 anos (47%). A pesquisa procurou entender como os jovens de hoje lidam com dinheiro, trabalho e expectativas — e por que essas escolhas refletem o futuro do Brasil.