Por Sérgio Campregher
Schröder agradava aos pequenos empresários, artesãos, artífices e trabalhadores especializados, distanciando-se dos verdes. O oportunista Schröder percebeu que o eleitorado queria ver o fim de Helmuth Kohl, depois de seus dezesseis anos como chanceler, mas não queria presenciar uma mudança de rumo. O governo de coalizão com Joschka Fischer, como ministro das relações exteriores e com o verde Jürgen Trittin, como ministro do meio-ambiente levou Gerhard Fritz Kurt Schröder a prestar juramento como Bundeskanzler (Chanceler).
Schröder: enchentes e reeleição
O rival de Gerhard Schroder nas eleições de 2002, o bávaro conservador, refinado e tradicionalista Edmund Stoiber, era formal e distante.Não possuía nem um pouco de habilidade de Schröder de lidar com a mídia.
A coligação da União Democrata Cristã – CDU e a União Social-Cristã na Baviera – CSU estava tão confiante na vitória que isso dificilmente parecia ter importância. Schröder aproveitou a oportunidade oferecida pela “enchente do século” em agosto de 2002, quando o rio Elba e os seus afluentes transbordaram e causaram um enorme dano, destruindo a vida de milhares de pessoas. Ele vestiu imediatamente as suas galochas e a capa de chuva e foi até o local da catástrofe para expressar a sua solidariedade a população: 385 milhões de euros foram liberados para o auxílio imediato e uma lei destinando 7.1 bilhão de euros para o socorro e reconstrução rapidamente foi aprovada.
A catástrofe pôs Schröder no centro das atenções. Stoiber demorou uma semana para visitar a área inundada. O chanceler havia roubado a cena. Schröder havia se concentrado nas áreas inundadas da antiga Alemanha Oriental, conquistando assim sua reeleição. Schröder encontrou-se em Berlim com chefes de Estado de outros países afetados – como Áustria e República Tcheca – e levou o presidente da comissão da União Européia, Romano Prodi, a áreas alagadas. Pouco depois, Prodi confirmou que a UE ajudará financeiramente a Alemanha. O financiamento dos bilhões de euros para a reconstrução de grande parte do sul e do sudeste alemão foi uma jogada de mestre do chanceler Schröder.
Quatro anos antes, em 1998 Gerhard Schröder obteve uma extraordinária vitória nas eleições estaduais, garantindo desta forma a sua escolha como candidato as eleições do mesmo ano.
Schröder e sua coligação com os verdes permitiu ganhar as eleições por causa dos injustos ataques à falta de comprometimento de Helmuth Kohl com o estado do bem-estar social e da promessa de que o bem-estar social seria a sua prioridade.
Os problemas não eram causados pela negligência da União Democrata Cristã – CDU, mas sim exatamente, pelo imenso custo da reunificação e da enorme contribuição da Alemanha para a União Européia, complicado pelas conseqüências da globalização.
A coalizão de Schröder com o verdes cumpriu as promessas de aumentar a pensão alimentícia e os pagamentos do seguro de assistência de longo prazo, mas o lento crescimento e o crescente desemprego tornaram imperativo que cortes fossem realizados.
Uma comissão presidida pelo gerente de recursos humanos a Volkswagen, Peter Hartz, publicam um relatório prometendo colocar um fim no sentimentalismo piegas e na melancolia: sua declaração extravagante de que dois milhões de desempregados voltassem ao trabalho. Embora muitos especialistas afirmassem que essas eram promessas vazias, o otimismo produzido por relações públicas habilidosas e a intensa manipulação de informações ajudaram dar a vitória a Gerhard Schröder.
Em seguida na sua declaração de intenções do novo governo, ele deixou claro que cortes drásticos se faziam necessários.
O espírito de otimismo logo se evaporou. Com o descontentamento público aumentando a passos largos, Schröder relutava em agir, mas em janeiro de 2003, a Comissão da União Européia deu início a processo contra a Alemanha, por ter excedido o limite de 3% de novas dívidas.
As eleições locais que ocorreram em Hesse resultaram numa derrota catastrófica do partido de Schröder. O chanceler reagiu com um salto no escuro, dando as costas para a social-democracia. Ele anunciou: vamos garantir que o Estado reduza a provisão de serviços. Vamos incentivar a responsabilidade pessoal e o esforço de cada cidadão. Todas as partes da sociedade precisam fazer a sua contribuição: a administração e os empregados, os trabalhadores autônomos e até mesmo os pensionistas.
Muitos tiveram a impressão de que na versão de Schröder da “Economia Social de Mercado”, o elemento social estava desaparecendo. Cem mil pessoas deixaram o partido de Schröder (Partido Social Democrata – SPD). Mesmo assim o chanceler teve poucas dificuldades para fazer com que suas propostas, sujeitas a algumas condições, se tornassem lei.
Mas a insatisfação não parava de crescer, o desemprego continuou a aumentar em um ritmo alarmante, enquanto a economia não mostrava sinal, nenhum sinal de recuperação.
Perdendo terreno em uma série de eleições locais, em julho de 2005, diante de uma situação que piorava, em um ritmo constante, Schröder decidiu pedir um voto de confiança. O resultado: haveria novas eleições em setembro. Ângela Merkel, a secretária do partido de Helmuth Kohl, uma talentosa alemã oriental surge no cenário eleitoral de 2005 na Alemanha.
O autor é historiador.