O Parlamento da Alemanha elegeu nesta terça-feira (6/05/25) o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), como novo chanceler federal, encerrando oficialmente o governo do social-democrata Olaf Scholz. A escolha, porém, não veio com facilidade: Merz só garantiu a maioria necessária após uma segunda rodada de votação, fato inédito desde o pós-guerra.
A primeira tentativa fracassou por seis votos, apesar da nova coalizão entre CDU, CSU e SPD somar 328 cadeiras no Bundestag. Na segunda votação, Merz obteve 325 votos dos 630 parlamentares. A votação apertada expôs fragilidades dentro da aliança formada para sustentar o novo governo, indicando possíveis dificuldades futuras na base de apoio.
O novo governo é fruto de um acordo entre conservadores e social-democratas, chamado informalmente de coalizão “preto-vermelho”. O pacto prevê o compartilhamento de ministérios entre os partidos, com os social-democratas assumindo pastas como Justiça, Meio Ambiente, Trabalho, Finanças e Defesa, enquanto os conservadores ficam com Relações Exteriores, Economia, Transportes e Interior.
Merz assume o comando da Alemanha após um período de instabilidade política que forçou a antecipação das eleições. A disputa eleitoral foi marcada por ataques violentos que reacenderam o debate sobre imigração. Como resposta, o novo chanceler já sinalizou um endurecimento das políticas migratórias, com apoio declarado ao controle de fronteiras e à aceleração de deportações. Ele também foi criticado por aceitar apoio parlamentar do partido ultradireitista AfD em uma moção sobre imigração — fato que rompeu com o pacto de isolamento político da legenda.
No campo econômico, Merz herda uma Alemanha pressionada por dois anos de recessão e desafios estruturais, como o alto custo da energia, a concorrência chinesa e o impacto de possíveis tarifas dos Estados Unidos. Entre as medidas prometidas estão a redução de tributos sobre eletricidade, investimentos em defesa e infraestrutura, e até a retomada da produção de energia nuclear, encerrada em 2023.
A eleição de Merz também representa uma guinada ideológica dentro da CDU. Rival histórico da ex-chanceler Angela Merkel, ele defende um partido mais conservador e já havia deixado a política em 2009, após divergências internas. Atuou no setor privado por anos, incluindo no conselho da BlackRock, e retornou ao Parlamento em 2021, quando passou a liderar a oposição a Scholz.
Com a posse, Friedrich Merz torna-se o terceiro político da CDU a ocupar o cargo de chanceler desde a reunificação alemã em 1990. Seu governo começa sob vigilância: tanto pela instabilidade revelada na votação quanto pelas reações ao seu alinhamento com discursos mais duros em temas como migração, segurança e economia.
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