A casa onde Sérgio Ferrari cresceu, ficava próxima da antiga Sulfabril, na Rua Itajaí, no bairro Vorstadt, em Blumenau. Ele morava junto com os pais e costumava passar de bicicleta na frente da estrutura que jamais imaginaria ser sua um dia.
O menino sonhador cresceu e em 1986 fundou a Tex Cotton, também no ramo têxtil. O relato que abriu a apresentação da locomotiva foi feito pela filha Amanda, que estava próxima da mãe Juliana, da avó e tia.
Hoje a empresa com sede em Blumenau tem mais de 500 funcionários e outras unidades em Otacílio Costa e Criciúma. O grupo produz as marcas Animê, Momi, Authoria, I Am Authoria e Youccie.
Esse passado foi retratado na frente dos funcionários, imprensa, autoridades que aguardavam um grande pano ser puxado para apresentar o resultado da reforma feita na locomotiva fabricada em 1940 pela H.K. Porter de Pittsburgh nos Estados Unidos e adquirida em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo.
Apesar dela estar em condições de trafegar, no momento ela fará parte de uma praça que vai se chamar “Zugplatz” (Praça do Trem, em alemão). Se houvesse um trajeto maior, não se descartaria essa possibilidade.
A intenção é deixá-la exposta no alto do trilho original que fica na sede da empresa. O trecho fez parte da Empresa Ferroviária de Santa Catarina que começou a sua história em 1909 em Blumenau. A locomotiva que por décadas transportou famílias e mercadorias pelo Vale do Itajaí está exposta na frente da Prefeitura.
O evento contou também com a presença do Prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt; da vice-prefeita Maria Regina Soar, do Secretário de Turismo e Lazer e Presidente da Vila Germânica, Marcelo Greuel, além de outras autoridades. Foi um momento de saudosismo até para a Marlise Cardoso Jensen, que fez a cobertura com o Soni Robinson Witte, já que foi o primeiro emprego dela.
Um comentário que chamou a atenção durante a solenidade, foi de que havia o temor por parte da comunidade que a estrutura da ponte pudesse ser derrubada após a aquisição da massa falida. Sérgio Ferrari destacou que isso nunca foi cogitado e até deu para sentir um carinho pela imagem que fez parte da sua infância.
“A história é muito forte e poucas empresas tem um elevado desses que passa dentro da propriedade. Foi muito desgastante, no sentido de correr atrás para conseguir um patrimônio desses (locomotiva) para compor esse belo monumento que hoje já existe. Depois de andarmos atrás por vários museus, e a burocracia envolvida é muito grande, um cidadão de Pindamonhangaba descobriu nossa vontade de adquirir. A princípio ela já estava sendo negociada com a atração ‘Mundo a Vapor’ de Gramado (RS), mas em função da pandemia, o investimento foi pausado. O homem entrou em contato com a empresa, um diretor e uma engenheira foram até a cidade paulista e o negócio acabou sendo fechado” comentou Ferrari.
Mário Hildebrandt disse que essa locomotiva representa um presente para Blumenau. “A história de Blumenau passou por esses trilhos. Quando não havia estradas, esse foi o caminho do progresso. Isso vem de encontro com aquilo que nós imaginamos como construção de uma cidade para o futuro. Poucos sabiam que ao lado da prefeitura havia uma estação de trem em estilo enxaimel de 278 m². Uma réplica está sendo construída no local através de uma concessão e agora serão dois espaços que irão se integrar [em relação ao resgate das ferrovias].” O prefeito adiantou que há um projeto no valor de R$ 1 milhão para revitalizar esse espaço da Ponte do Arcos.
Por enquanto a mais nova atração turística de Blumenau ficará disponível para visitação apenas durante o horário comercial. É bom lembrar que estamos falando de uma fábrica e não de uma estrutura voltada ao turismo. Mas é possível que isso mude dependendo da demanda por visitas.
Nas fotos abaixo você poderá ver fotos registradas na parte de cima onde estão os trilhos. É possível perceber que eles ainda estão lá. Tem muita foto para você conferir, inclusive um vídeo com várias entrevistas, inclusive com o Sérgio Ferrari e sua filha Amanda.