O nascimento de um filho é um momento único, gravado na memória de pais e familiares. Uma iniciativa na Maternidade Bertha Louise, do Hospital Santa Isabel (HSI) está tornando esse momento ainda mais emocionante.
A ideia partiu de consultas da Médica Obstetra Muriel Salete Giongo com suas pacientes, que comentavam o medo que sentiam da exposição em cirurgias após tomar conhecimento de casos de abuso em hospitais do Brasil. Além de garantir a segurança da paciente, foi no dia a dia do Centro Obstétrico juntamente com a equipe assistencial que a Doutora Muriel teve a ideia de tornar o momento do parto mais confortável para a gestante.
A expressão ‘Vejo Amor’ pode ser diferente, mas faz alusão à um plástico esterilizado, usado no ambiente cirúrgico, que passou a exercer um papel diferente nas cesárias de Muriel. Ela preparava um procedimento quando questionou: “por que que não posso conversar com a mãe e ela ter não uma visão direta, mas indireta de mim? Ela vai ter um bônus vendo o bebê chegando”.
O gesto passou a permitir que mães e pais acompanhassem todo o processo da cesária, através de um plástico. Doutora Muriel conta que ela e muitos colegas de profissão trabalham com o chamado ‘parto contato pele a pele’, que é quando o cirurgião deixa o bebê ter o primeiro toque na mãe, ainda em cirurgia.
Ela conta: “quando eu estava em campo perguntei para paciente se ela estava bem e se conseguia ver. Ela respondeu: ‘só vejo amor’’. Segundo conta, a colocação do plástico se tornou especial, porque a mãe vê o bebê antes da médica de fato entregar o filho! É um registro visual do nascimento, que muitas vezes não acontece. “Além do espaço da maternidade segura, do parto seguro, a gente quis dar uma purpurina, eu acho… no momento, ficou muito fofo realmente”, completa a especialista.
Cerca de 90 partos com o plástico já foram realizados
A médica conta que a ação começou a se popularizar nas redes sociais, conforme pais postavam fotos do parto com o plástico. “Eles passaram a enxergar a beleza daquele momento. Além da segurança de verem o médico, de eu vê-los, estamos conversando, olhando. A gente só buscou aumentar, num momento tão especial, a segurança e sensibilidade”.
Para a Dra. Muriel, outro fato que chama a atenção são as equipes do Centro Obstétrico. Todos gostaram da novidade: “elas embarcaram na ideia e estão motivadas a fazer essas ações, atitude simples, de tentar fazer diferente”. A especialista comenta que normalmente mudanças são vistas com resistência, mas que a equipe do Centro Obstétrico viu que a ação torna o momento único.
O que é o plástico que possibilita a iniciativa
Muriel explica que em um parto natural não existe o campo de separação entre profissionais e paciente. Numa cesária tradicional existe uma divisória, feita geralmente de um pano cirúrgico – que pode ser baixado quando o bebê nasce, mas existe um hiato em que a mãe não está vendo nada.
O gesto é uma substituição do campo de tecido por um esterilizado e plástico. Ele continua sendo estéril, adequado para a cesária: “não tivemos nenhuma mudança no índice de infecção, não tivemos nenhuma complicação, então é uma coisa que aconteceu espontaneamente, que a equipe prontamente gostou. Tudo isso visando transformar esse momento emblemático num momento mais lúdico. É um diferencial”.
Para Muriel, num mundo onde as atitudes gentis são cada vez menores, ela e a equipe estão buscando ser mais humanos, mais próximos e sensíveis.
Com informações de Yoana Carmo, da assessoria de comunicação do Hospital Santa Isabel