A elaboração de um plano de ação que sirva de base para o mapeamento de oportunidades e para a criação de políticas públicas no âmbito da chamada internet das coisas (IoT, do nome em inglês) é o objetivo de estudo técnico que será selecionado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A internet das coisas se refere à conexão de objetos usados no dia a dia à rede mundial de computadores e entre si, como eletrodomésticos, smartphones, televisores e computadores.
O BNDES promove amanhã (31), no escritório de São Paulo, sessão de esclarecimentos da chamada pública, feita com o objetivo de contratar instituições e empresas interessadas na elaboração do estudo. A participação deverá ser confirmada pelo e-mail estudoiot.fep@bndes.gov.br. As propostas deverão ser entregues até o dia 9 de maio. A ideia é iniciar o estudo com a empresa contratada em agosto, de modo que seja entregue um plano de ação para cinco anos (2017-2022).
A proposta vencedora receberá financiamento do BNDES, constituído com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP) do banco. “A empresa tem que construir uma proposta de estudo robusto que atenda ao escopo traçado”, afirmou a engenheira Maria Luiza Carneiro da Cunha, do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação (Defic) do BNDES. O financiamento será flexível e será adequado à melhor proposta. No caso da internet das coisas, o propósito é a criação de políticas nos diferentes segmentos da tecnologia, desde políticas de financiamento até leis. “Tudo que puder ser feito no âmbito público, para estimular no país essas tecnologias”, acrescentou.
De acordo com estimativa da consultoria McKinsey, publicada no ano passado, a internet das coisas deverá gerar em 2025, em nível global, receitas entre US$ 3,9 trilhões e US$ 11,1 trilhões, o que contribuirá com até 11% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Outra consultoria citada pelo BNDES, a BI Intelligence, prevê que o número de dispositivos conectados à internet deverá subir de 10 bilhões, em 2015, para 34 bilhões, até 2020, o que significará uma média de mais de quatro dispositivos por pessoa.
Maria Luiza disse que o BNDES já apoia atualmente, em suas linhas, empresas que estejam desenvolvendo tecnologias de internet das coisas, em setores diversos. Para ela, há carência de maior articulação estratégica para acelerar a internet das coisas no Brasil. Segundo a engenheira, é preciso identificar os setores em que o país tem maior potencial de criar valor com a internet das coisas. É esse diagnóstico que o estudo técnico tentará revelar.
Parceria
Ao longo de todo o estudo, o BNDES vai trabalhar em parceria com os ministérios das Comunicações, da Ciência, Tecnologia e Inovação e do de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de entidades privadas do setor de tecnologia da informação e comunicação. Maria Luiza esclareceu que não se trata de um estudo do banco, mas de toda a sociedade. “Nosso desafio, como coordenador, é fazer com que tenha o máximo de envolvidos, principalmente aqueles que, depois, vão ter que tomar ações com base no resultado dos estudos.”
Dados da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) indicam a relevância do mercado de bens de tecnologia da informação e comunicação, no Brasil, em termos mundiais. O movimento registrado em 2014 atingiu US$ 158 bilhões, o que levou o país a ocupar a quinta posição no ranking internacional. O setor de TIC nacional representa em torno de 9,1% do PIB.
Texto:: Alana Gandra | Edição: Talita Cavalcante