Por Flavia Albuquerque
Com a chegada da primavera, que tem início às 22h53min neste sábado (22/09/18), as regiões Sudeste e Centro-Oeste devem observar um aumento significativo do volume de chuvas, comum para a estação. O período também é marcado pela alta incidência de raios, fazendo do Brasil o líder mundial na ocorrência desse fenômeno. Segundo levantamento feito pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no ano passado, a média anual de raios a atingirem o país, nos últimos seis anos, foi de 77,8 milhões.
De acordo com a pesquisa, os estados onde há maior incidência de raios por quilômetro quadrado são Tocantins (17,1), Amazonas (15,8), Acre (15,8), Maranhão (13,3), Pará (12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso (11,1), Roraima (7,9), Piauí (7,7) e São Paulo (5,2). A cidade de São Paulo está entre as cinco capitais com maior densidade de raios por quilômetro quadrado (13,26), atrás de Rio Branco (30,13), Palmas (19,21), Manaus (18,93), São Luiz (15,12) e Belém (14,47). Entre as cidades com mais de 650 mil habitantes Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo e Guarulhos, todas na região metropolitana de São Paulo, apresentam valores de densidade acima de 10, como consequência da urbanização.
“O Brasil é o campeão mundial em incidência de raios porque é o maior país da região tropical do planeta, o mais quente e por isso favorece a formação de tempestade. Os raios são mais frequentes na primavera e no verão porque são as estações mais quentes. Mas existem diferenças entre uma região e outra. Quando se fala de morte por raio fala-se de uma combinação de alta incidência [de raios] com grande número de pessoas”, explicou o coordenador do Elat, Osmar Pinto Júnior.
Segundo um ranking do INPE, historicamente Itapiranga é a cidade catarinense com a maior densidade de descargas, que são em média de 13,74 por quilômetro quadrado ao ano. Em seguida vem Guarujá do Sul (13,45); Palma Sola (13,15); Barra Bonita (13,13); Tunápolis (12,94); Nova Erechim (12,93); São João do Oeste (12,83); Flor do Sertão (12,48) e União do Oeste (12,33). São todas no Oeste do estado.
Em Blumenau a densidade é de 9,66 quilômetro quadrado ao ano. Nas cidades vizinhas, em Indaial é de 10,23; Pomerode 10,07; Massaranduba 9,91; Timbó 9,38 e Gaspar 9,26.
De acordo com o levantamento do Elat, a principal circunstância na qual ocorrem mortes por raio no país é durante as atividades rurais (25%), seguido de pessoas que estão dentro de casa (18%), próximas a veículos (10%), embaixo de árvores (8%), jogando futebol (7%), embaixo de coberturas (5%) e na praia (4%).
“De forma geral quando a pessoa está em atividade em céu aberto está mais exposta a ser atingida por raios. Isso explica porque trabalhando no campo a pessoa fica mais sujeita. Mas o número de pessoas que são atingidas dentro de casa preocupa, porque é relativamente alto e isso se deve ao fato de que as pessoas em casa estão mais protegidas de raios diretamente, mas podem ser atingidas indiretamente quando os raios atingem a rede elétrica causando sobrecarga nas tomadas e equipamentos ligados”, disse Osmar.
Segundo ele, um dos locais mais seguros para ficar durante uma tempestade é dentro de um automóvel fechado, uma vez que o raio não ultrapassa a estrutura metálica do carro.
A prevenção é o principal meio para evitar mortes provocadas por raios. Durante as tempestades, deve-se evitar locais altos, sentar embaixo de árvores ou deitar no chão. A pessoa também deve manter distância de poças de água e objetos que possam conduzir a eletricidade, como linhas de energia e cercas de arame farpado. Dentro de casa, deve-se evitar entrar em contato com objetos ligados à rede elétrica ou ficar perto da tomada durante uma tempestade.
Agência Brasil