Especialista explica como a oscilação do dólar impacta a vida do brasileiro

Artigo assinado por Diogo Angioleti, revela dinâmicas econômicas que muitas vezes passam despercebidas.

Foto: divulgação | Arte/Montagem: OBlumenauense

Por *Diogo Angioleti

Nos últimos meses, o dólar apresentou oscilações significativas em relação ao real. Em 25 de dezembro de 2024, a cotação atingiu R$ 6,73, enquanto no início de janeiro de 2025, registrou R$ 6,11. Essas variações não são meramente números no mercado financeiro; elas têm impacto direto no cotidiano de famílias e empresas, revelando dinâmicas econômicas que muitas vezes passam despercebidas.

Para as famílias, o efeito da alta do dólar é imediato e sentido no orçamento. Produtos importados como eletrônicos, medicamentos e combustíveis ficam mais caros, elevando o custo de vida. A alta nos combustíveis, por exemplo, não afeta apenas a vida dos motoristas. Ela gera um efeito cascata que pressiona o preço do transporte público e o valor de produtos básicos que dependem de logística. O dólar mais caro também dificulta a realização do sonho de viagens para o exterior.

A inflação, também alimentada por esse movimento, diminui o poder de compra, exigindo das famílias escolhas mais rigorosas sobre como gastar seus recursos. Essa pressão é mais evidente nas classes mais baixas, onde uma parcela maior da renda é destinada a itens essenciais.

Se para as famílias o impacto do dólar é negativo, em sua maioria, para as empresas o cenário é mais complexo. Setores que dependem de insumos importados como tecnologia e saúde enfrentam um aumento significativo nos custos. Muitos empresários, especialmente os de pequenas e médias empresas, têm dificuldades em repassar essa variação ao consumidor final, comprometendo sua margem de lucro.

Por outro lado, exportadores, principalmente do agronegócio e da mineração, encontram no dólar valorizado uma oportunidade de aumentar suas receitas. Ao venderem seus produtos em moeda forte, aumentam suas receitas e ganham competitividade no mercado internacional. Isso, em teoria, poderia beneficiar a economia nacional, mas na prática, de um modo geral, não é isso que acontece.

Mesmo tendo os que ganham, vale lembrar que a longo prazo, a volatilidade cambial não é boa para ninguém, já que aumenta a incerteza e dificulta o planejamento financeiro.
Para a economia do país, os resultados são mistos. Embora a alta do dólar favoreça o saldo da balança comercial e impulsione setores exportadores, ela também pressiona a inflação, dificulta a retomada econômica e afeta diretamente o custo de vida. Além disso, a instabilidade do câmbio afeta a confiança do mercado, prejudicando investimentos de longo prazo.

O que podemos aprender com esse cenário é que, em tempos de flutuação cambial, o planejamento financeiro se torna ainda mais essencial. Para as famílias, isso significa consumir de forma mais consciente, priorizar o uso racional dos recursos e evitar dívidas, especialmente, em moeda estrangeira.

Para as empresas, é uma oportunidade de buscar soluções mais criativas e eficientes, como investir em inovação e diversificar mercados. O dólar, afinal, é um importante indicador financeiro; ele reflete e influencia a forma como vivemos, consumimos e planejamos o futuro. Entender seu impacto e ajustar estratégias é a chave para enfrentar desafios e, quem sabe, encontrar oportunidades em meio à volatilidade.

*Diogo Angioleti, especialista em finanças e comportamento do Sistema Ailos