A bióloga e técnica de monitoramento, Thaís dos Santos Vianna, que faz parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), mostra uma interessante iniciativa para preservar toda uma cadeia alimentar em praias catarinenses.
Talvez você já tenha deparado com algum animal marinho morto com uma marca de spray no corpo. A estratégia faz parte da preservação de toda uma cadeia alimentar que faz parte do ciclo natural da vida.
Confira o texto reproduzido da página Associação R3 Animal:
“Encontrei um animal marinho morto “pichado”! Por quê não enterram????”
CALMA…
Por Thaís dos Santos Vianna, bióloga e técnica de monitoramento
Ainda quando criança, aprendemos na escola sobre o ciclo da vida, onde vimos o famoso “nasce-cresce-reproduz-morre”. Mas onde a palavra “ciclo” entra nisso aí? Como já diria Mufasa, “(…) quando você morre, seu corpo se torna grama e o antílope come ela (…)”, e assim funciona com todos os seres vivos.
O trabalho da equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) também acompanha este ciclo. Quando encontramos animais marinhos mortos, mas ainda frescos, eles são levados para que possamos coletar o máximo de informações possíveis, através de necropsias e exames laboratoriais. Estes dados são de extrema importância para que possamos contribuir para a preservação das espécies marinhas e, consequentemente, do ambiente em que vivemos. Contudo, a maioria dos animais que encontramos já está em avançado estágio de decomposição, não sendo possível coletar amostras viáveis para serem analisadas.
Quando a equipe de monitoramento encontra estes animais muito decompostos, a avaliação do animal é feita em campo e todos os dados referentes àquele espécime são registrados ainda na praia, não havendo necessidade de levar a carcaça à base. Nestes casos, a equipe faz uma marcação com tinta em spray (geralmente azul ou verde) na carcaça do animal e a coloca na restinga, em uma região que não seja comumente acessada pelas pessoas, evitando o incômodo pelo mal cheiro da carcaça em decomposição.
Algumas pessoas nos questionam por quê não enterramos estes animais. E a resposta é simples: existem outros animais que precisam destas carcaças. Aqui nas praias de Florianópolis, é frequente encontrarmos urubus, carcarás, gaviões, dentre outros pequenos animais, como o caranguejo maria-farinha e insetos, como as joaninhas, que usam estas carcaças como fonte de alimento.
Imaginem um mundo onde não houvesse os animais que comessem este material decomposto? Aí sim, precisaríamos de muitas escavadeiras para enterramos esta montanha podre! Mas enquanto temos os animais necrófagos, nossos parceiros de campo, continuaremos a contribuir para este ciclo, que não para.
Então, agora, quando você encontrar alguma carcaça de animal colorida pela praia ou restinga, você já sabe que não é nenhum ato de vandalismo! Este animal já foi registrado pela nossa equipe e foi deixado ali para continuar contribuindo para o ciclo da vida como forma de alimento para os demais seres vivos. Contribua para este ciclo você também! Compartilhe esta notícia com seus amigos, para que eles também tenham este conhecimento!
Caso encontre um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, ligue 0800 642 3341. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo na Bacia de Santos sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O PMP-BS é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. Em Florianópolis, o Trecho 3, o projeto é executado pela R3 Animal.