O sabor, aroma e aparência não denunciam que o gin e a vodca lançados pela Ghizoni Bebidas foram feitos através da inteligência artificial, mas as novidades foram produzidas através da tecnologia do ChatGPT. A linha Majestic traz os primeiros produtos do projeto, com o qual a empresa projeta alcançar um faturamento de R$ 10 milhões no próximo ano.
“O ChatGPT permite um universo praticamente ilimitado de possibilidades, como correções de formulação e produtos cada vez melhores. Com essas ferramentas revolucionárias, conseguimos resultados do mesmo patamar dos líderes internacionais, mas a um valor muito mais atrativo”, diz o catarinense Bruno Ghizoni, fundador da empresa. Professor de inovação da FIA-USP, ele herdou a cultura de produção de bebidas da família e uniu os conhecimentos e tecnologias avançadas para desenvolver as novidades.
A linha Majestic traz produtos desenvolvidos com o apoio máquinas que permitem a identificação precisa de elementos de uma de determinada formulação. “O nome do método é um pouco complicado: cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa analisado por inteligência artificial generativa, mas os resultados são sem precedentes”, diz Ghizoni. Comumente utilizadas no setor farmacêutico, as análises de ponta não eram viáveis antes de ferramentas como o ChatGPT devido aos custos onerosos do processamento de interação com as inteligências artificiais, mas agora se tornaram uma realidade possível.
O processo funciona como um funil. A cromatografia gasosa aquece e volatiza as amostras de bebida para identificar a porcentagem e os elementos químicos, como frutose, glicose, maltose, sacarose e água. A informação é inserida no espectrômetro de massa, que identifica as substâncias já na forma de composto específico, como mel, noz moscada, caramelo e zimbro. A inteligência artificial generativa permite compreender processos e encontrar ingredientes com similaridades técnicas.
“Com o cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrômetro de massa é possível chegar a basicamente 80% de qualquer formulação de bebida destilada. Com a inteligência artificial chega-se a praticamente 100%. Não agregaria valor fazer um produto igual, então vamos além e os aprimoramos. E o resultado é excelente”, vibra Ghizoni.
O desenvolvimento dos produtos iniciou no começo de 2022 e resultou no Gin Majestic e na Vodca Majestic, que se unem ao portfólio da Ghizoni Bebidas. A empresa já estuda o desenvolvimento de novos produtos, como licor e uísque. Com 80 distribuidores independentes e cinco centros de distribuição, a empresa entra nas redes de supermercados e projeta faturamento superior a R$10 milhões no próximo ano.
Ghizoni Bebidas une tradição familiar de bebidas à inovação
De tradicional família produtora de vinhos na Serra Catarinense, Bruno Ghizoni herdou a cultura da produção de bebidas do avô, o imigrante italiano Celeste Ghizoni. Movido por novidades e inovação, o jovem foi para a área de investimentos e fez e MBA em inovação na FIA-USP, uma das principais escolas de negócios do Brasil, onde atua hoje como professor.
Em 20 anos de experiência com inovação e venture capital, Ghizoni foi um dos criadores e gestores do fundo de inovação corporativa Aeroespacial (EMBRAER, FINEP, BNDES E DESENVOLVE SP), de R$160 milhões, e conheceu os principais laboratórios de inovação do Brasil e avançadas tecnologias. Premiado internacionalmente com o título “Distinto Inovador” da George Washington University (USA) e da BSA (Business Software Alliance – maior conglomerado global de empresas de softwares), decidiu voltar às origens e investir o conhecimento de investimento e inovação no setor de bebidas em 2019, quando criou a Ghizoni Bebidas. “Herdei o dom de empreender e inovar do meu avô, que, certamente, teria muito orgulho por eu seguir os caminhos dele”, diz Ghizoni.