Em um dia marcado por forte tensão nos mercados brasileiro e internacional, o dólar comercial encerrou esta quarta-feira (18/12/24) cotado a R$ 6,267, registrando alta de 2,82% em apenas um dia. O valor é o maior nominal desde o Plano Real. A bolsa brasileira também sofreu forte impacto, com o índice Ibovespa caindo 3,15%, fechando no menor nível desde 20 de junho, aos 120.772 pontos.
A moeda norte-americana começou o dia cotada a R$ 6,11, sem intervenções do Banco Central (BC). Apesar de um breve recuo pela manhã, voltou a subir após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sugeriu que o dólar “deve se acomodar”. No período da tarde, a alta foi intensificada com a divulgação do resultado da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.
O Fed anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas básicas de juros, medida amplamente esperada pelo mercado. Contudo, o comunicado trouxe uma abordagem mais cautelosa para 2025, indicando a possibilidade de menos cortes do que o previsto. Atualmente, os juros nos Estados Unidos variam entre 4,25% e 4,5% ao ano, patamar elevado que estimula a fuga de capitais de mercados emergentes, como o Brasil, impactando o dólar e as ações.
O Ibovespa acompanhou a instabilidade externa, com o índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, registrando queda de 2,2%. No Brasil, as incertezas sobre o andamento do pacote fiscal no Congresso também pressionaram os mercados. Na terça-feira à noite, a Câmara dos Deputados aprovou o primeiro projeto de lei complementar do pacote de corte de gastos obrigatórios. A proposta limita incentivos fiscais em anos de déficit primário e permite cortes lineares em emendas parlamentares.
Ainda nesta quarta-feira, os deputados deveriam votar o restante do pacote fiscal, mas a sessão não havia começado até o fim da tarde. A perspectiva sobre as medidas, combinada com a elevação do dólar, afeta diretamente setores da economia que dependem de insumos importados, ampliando os desafios para a recuperação econômica em um cenário de alta volatilidade.