Um dos setores que mais alavanca a economia é também um dos que mais vem mudando sua característica frente ao crescimento das mulheres no mercado de trabalho. No país, a ciência da engenharia sempre foi marcada pela presença masculina.
A construção civil e o canteiro de obras sempre foram considerados como zona de força bruta, ideia que tem sido modificada com o passar dos anos. Contudo, esse mercado vem apresentando mudanças e abrindo portas para o crescimento da presença feminina, uma tendência que se fortalece a cada ano.
Segundo dados do IBGE, em 2018 havia 239.242 trabalhadoras registradas no mercado da construção civil. Em 2007, esse número era de 109.006, ou seja, teve um aumento próximo de 120% em 11 anos. Um dos fatores que estimulou o aumento, segundo o instituto, é a evolução da indústria de construção civil.
Em Balneário Camboriú, duas histórias inspiradoras que mostram a presença das mulheres nesse segmento. Ambas trabalham na construtora FG Empreendimentos.
A engenheira civil e técnica de segurança do trabalho Luiza Serabion Graça Schneider, de 30 anos, está há 7 anos na área da construção civil, dois deles na FG. A profissional desafia-se diariamente em um ambiente majoritariamente masculino.
“No começo eu tinha medo, medo de não conseguir, de não mostrar do que eu sou capaz, mas a vivência me mostrou que ganhando a confiança dos colegas, a dúvida frente a nossa competência dá espaço a valorização. Valorização essa que eu encontrei aqui na FG Empreendimentos, uma empresa que vai muito além do abrir novos horizontes, mas investe nos colaboradores e nos permite superar os nossos próprios medos”, comenta Luiza.
Mas nem tudo são flores. Em um canteiro de obras, muitas vezes o peso da responsabilidade vem junto com as toneladas de argamassa e tijolos. “Coordenar um público predominantemente masculino me fez aprender que é ensinando com exemplos que o respeito e a relevância se fortalecem. É desafiador, desenvolvo uma força interna que não sabia existir, não é fácil, mas é gratificante”, suspira Luiza lembrando de suas experiências.
E se para quem orienta e fiscaliza a segurança de uma obra às vezes é difícil se impor, o que diríamos para quem adentra um ambiente que era apenas masculino, como faz a multioperadora Lucrécia Alberico dos Santos, de 37 anos. É ela que comanda a empilhadeira, elevador cremalheira, sinaleira de obra e, também, a grua que leva aos céus os materiais que são utilizados para o enorme arranha-céu sendo construído pela FG Empreendimentos em Balneário Camboriú.
Lucrécia veio de uma cidade do interior do Paraná para buscar oportunidades no mercado de trabalho. Quando chegou, em 2014, aproveitou a vaga era de servente de limpeza. Dedicada e comprometida com seu serviço, logo se adaptou ao ambiente praticamente masculino.
Quatro anos depois de entrar para o quadro de funcionários da FG Empreendimentos, ela aproveitou a oportunidade, realizou cursos e foi promovida. “Agora eu tenho várias funções e formações. A FG me deu uma oportunidade que eu não sei se teria em qualquer outro lugar. Eles me olharam como ser humano, acreditaram no meu potencial e hoje eu sou totalmente realizada”, relata a multioperadora. E completa: “eu sou muito envergonhada, quando me perguntaram se eu queria dar entrevista pensei em recuar. Minha mãe, mais uma vez, me incentivou, disse que eu não podia perder essa oportunidade de mostrar para outras mulheres que sim, a gente pode ocupar o lugar que a gente quiser. Ela tem o maior orgulho de me ver trabalhando e eu sou grata a essa empresa”, conta.
Assim como Luiza, Lucrécia também teve medo, no início, em não corresponder às expectativas, da frustração. “Quando passei a operar a grua, considero esse o meu maior desafio, é um trabalho que precisa ter muito controle, precisão. Quando paro e penso que sou a mulher que operou a grua do maior prédio das Américas me dá aquele frio na barriga e aquela sensação de dever cumprido”, finaliza Lucrécia.
Atualmente a empresa conta com 13,4% de funcionárias nos canteiros de obra. Um número que pode parecer pequeno, mas que vem crescendo anualmente. “Se analisarmos o percentual como um todo, da presença feminina na empresa, temos um salto para 40,5%, nos cargos de liderança representam 35,4%”, comenta o diretor de mercado e marketing da FG, Altevir Baron.