Diagnosticadas com câncer de mama, mãe e filha falam como enfrentaram a doença

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Liliane Marque de Vargas Krause (31) e sua mãe Idete Inês Marque de Vargas (51)

Entrevistas e fotos: Susana Bartira Wagner Bilck Venturi | Texto final: Claus Jensen

O câncer de mama é um dos que mais mata mulheres quando não é detectado a tempo. Felizmente, na maioria das vezes é um tipo de tumor curável. Por isso há toda essa conscientização do Outubro Rosa, incentivando as mulheres a realizar o autoexame e buscar orientação médica quando detectar algum nódulo no seio.

Para fechar com chave de ouro esse mês da campanha, entrevistamos a Idete Inês  Marque de Vargas, de 51 anos e sua filha única Liliane Marque de Vargas Krause, de 31. Em períodos diferentes, as duas descobriram pelo autoexame um nódulo na mama. Através do belo trabalho desenvolvido na Rede Feminina de Combate ao Câncer, que prestou todo apoio no momento que mais precisaram, estão superando a doença.

A entrevista foi conduzida por Susana Bartira Wagner Bilck Venturi e mostra os momentos difíceis que passaram e o que lhes dava força para continuar. Um verdadeiro aviso e incentivo para que toda mulher busque mais informações, sem medo e com toda confiança que pode ser curada do câncer.

Cancer-mae-e-filha-03OBlumenauense: Quando e como você descobriu que tinha câncer de mama?

Liliane M. de V. Krause – Em fevereiro de 2011, quando eu tinha 26 anos, descobri sozinha enquanto tomava banho. Sempre tive o hábito de fazer o autoexame, e nesse dia percebi um caroço diferente. Então procurei a Rede Feminina de Combate ao Câncer para fazer exames mais detalhados.

OBlumenauense: Quais as orientações que a rede feminina de combate ao câncer lhe passou na época?

Liliane M. de V. Krause – Eles me encaminharam para fazer a mamografia no Hospital Santo Antônio. Lá eu fiz a biópsia, os outros exames e a cirurgia. Após o resultado da biópsia eu fui encaminhada à um oncologista do hospital e iniciei a preparação para a quimioterapia e radioterapia.  Entre a descoberta e o começo do tratamento foram aproximadamente uns 5 meses.

OBlumenauense: Como foi a evolução da doença e o resultado desse tratamento?

Liliane M. de V. Krause – Eu achei que iria ser bem mais dolorido e sofrido. Foi ótimo e hoje posso me considerar curada.

OBlumenauense: Qual foi o momento mais difícil após a descoberta e o que te deu forças para superar tudo isso?

Liliane M. de V. Krause – O momento mais difícil foi quando fiz a primeira sessão de quimioterapia e o meu cabelo caiu. Mas o que sempre me deu forças para superar, foi o carinho do meu marido, dos meus pais, minha filha e os amigos. Nessas horas nós descobrimos quem são os verdadeiros amigos.

OBlumenauense: Como foi o papel da Rede Feminina de Combate ao Câncer nesse acompanhamento?

Liliane M. de V. KrauseFoi fundamental, porque lá recebí ajuda de todas as formas, desde uma nutricionista até  psicóloga. Quando eu comecei o tratamento, estava muito triste e deprimida. Eu olhava para mim e chorava. Na rede eu encontrei muita força e incentivo por parte delas.

OBlumenauense: Qual o seu maior sonho daqui pra frente?

Liliane M. de V. Krause – Eu ainda tenho mais dois anos de tratamento e conto os dias nos dedos para terminar e poder engravidar novamente. Minha filha tem 12 anos.

OBlumenauense: Em janeiro de 2013 foi descoberta a mesma situação na sua mãe. Como vocês enfrentaram essa surpresa?

Liliane M. de V. Krause – No começo foi um choque a notícia do câncer da minha mãe mas nós não nos desesperamos tanto, porque sabíamos que o câncer tem cura. Basta se tratar corretamente. No caso dela, o tratamento foi diferente. Ela teve que tirar a mama toda, porque o câncer estava atrás do mamilo, enquanto eu só tinha retirado um quadrante. São estágios diferentes da doença.

Mais uma vez a rede feminina de combate ao câncer foi essencial, porque ajudaram a agilizar todo processo de encaminhamento, já que eu tinha  passado por tudo isso no meu tratamento. Na época, ela tinha 49 anos.

Recentemente ela terminou a quimioterapia e  continua com o acompanhamento. Mas ela não teve os problemas com queda de cabelo, porque ela fez a quimioterapia de alto custo, que não tem tantos sintomas como a vermelha.

OBlumenauense: Que orientação você e sua mãe passam para as mulheres que estão lendo essa matéria?

Liliane M. de V. Krause – Quando você for tomar banho, faça o autoexame e se toque. Qualquer sintoma diferente, procure logo um médico. E se ele disser que não é nada, como aconteceu com minha mãe, vá atrás de outro e não aceite uma só opinião. Porque se tem alguma coisa diferente no corpo, é sinal de que há algo.

 

Cancer-mae-e-filha-02A Liliane já nos adiantou como foi esse período pós descoberta de sua mãe. Entrevistamos também Idete Inês  Marque de Vargas, de 51 anos, para saber como foi para ela lidar com a doença.

OBlumenauense: Idete, como foi a descoberta do câncer?

Idete I. M. de Vargas – Em janeiro de 2013 eu fiz o autoexame e tinha percebido um nódulo. Daí eu fui no postinho de saúde aqui próximo de casa, o médico disse que não era nada, e eu não precisava me preocupar. Mas parecia que o nódulo aumentava cada vez mais, e eu não queria falar nada para minha família, já que tínhamos recém passado pelo câncer de minha filha. Em junho comentei com a Liliane, que pediu para que eu passasse na Rede, onde fiz o exame. Em agosto veio o resultado de que também estava com câncer, quando já fui encaminhada para fazer o tratamento.

Na primeira vez que fui ao médico no Hospital Santo Antônio, ele logo me disse que eu deveria tirar toda a mama fora, e geralmente esse tipo de câncer passa de mãe para filha. Aqui em casa foi o contrário. Ele também comentou que o sistema nervoso pode ter influenciado para o surgimento, já que é filha única e nós sofremos muito.

OBlumenauense: Qual foi o momento mais difícil para você?

Idete I. M. de Vargas – Na maioria dos casos, é quando acontece a queda do cabelo. Mas no meu, foi quando retiraram a mama, que é uma parte de meu corpo. Mas o que me deu força para enfrentar a doença foram minha filha, a família e os amigos.