Dia Mundial do Meio Ambiente: sustentabilidade na produção de vinhos

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A Semana Mundial do Meio Ambiente é celebrada de 1 a 5 de junho, objetivando conscientizar a sociedade sobre a importância de preservar os diferentes tipos de ecossistemas. A preocupação com o meio ambiente e os recursos naturais ganha cada vez mais evidência no dia a dia das pessoas, a sustentabilidade tornou-se uma discussão geral, alcançando os mais diversos mercados, inclusive o do vinho.

Em vista dessa realidade, vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais se tornam cada vez mais populares. O sommelier da Decanter, Sidney Lucas, explica o que cada um representa e qual a diferença entre eles.

Vinhos orgânicos

A produção orgânica é ampla e precisa incluir toda a propriedade, é necessário tratar como um organismo vivo e qualquer desvio que possa haver no conjunto de regras afetará todos os outros. O conceito dessa forma de plantio não permite o uso de agrotóxicos. Para a prevenção de pragas, bactérias e doenças, utilizam meios alternativos de tratamento como água de cinza, enxofre, cal virgem, sulfato de zinco, de cobre e de potássio. Sidney alerta que para este tipo de produção, é fundamental ter alguns cuidados naturalistas durante a elaboração do vinho, mencionando no rotulo que o vinho é produzido com uvas orgânicas.

O Von Bühl Riesling QbA Trocken 2016 é uma ótima opção de vinho orgânico, sua coloração palha cristalina e brilhante, oferece um deliciosamente frescor no nariz, com aromas cítricos, pêssegos e mineral. Na boca revela elegância e equilíbrio.

Vinhos biodinâmicos

A agricultura biodinâmica é adotada por muitas vinícolas em todo o mundo, essa prática prevê que as plantas significam para a terra instrumentos de percepção do cosmo. Não se aduba o solo para nutrir a planta, mas sim, para vivificar a terra, que transmitirá parte de sua virtude a planta que posteriormente passará para outro indivíduo, dessa forma, todo ser vivo para ser perfeitamente equilibrado precisa estar plenamente integrado ao ecossistema onde ele vive, sendo o mais natural possível.

Nativo da Hungria, a indicação do sommelier é o Pendits Tokaji Aszú 6 Puttonyos 2004, é encontrado em uma região com grande presença de montanhas que moderam a temperatura com verões frescos e muito ensolarados. Em outubro o outono ensolarado e prolongado somado as névoas vindas do rio Bodrog favorecem o aparecimento da Botrytis nas uvas.

A viticultura e a enologia são regimentadas pela astrologia, todas as etapas de produção são feitas de acordo com as fazes da lua. “Na biodinâmica, o vinhedo deixa de ser uma monocultura e se torna uma vasta e complexa rede de microrganismos e animais trazendo equilíbrio ao meio. Na medida em que exclui o uso de pesticidas, naturalmente aumenta a incidência de pragas, porém, cada praga tem seus inimigos naturais que as devoram, é a cadeia alimentar”, explica Sidney.

Vinhos naturais

Os vinhos naturais são aqueles cujos produtores tem por conceito interferir o mínimo possível na elaboração da bebida. A transformação do mosto em vinho acontece naturalmente, iniciada pelos açúcares naturais do mosto em contato com as leveduras selvagens presentes nas cascas da fruta. Esse tipo de produção dispensa o uso de quase todas as tecnologias disponíveis, as tecnológicas cubas de inox são substituídas por recipientes simplórios, como tanques de cimento ou ânforas de barro enterradas onde o vinho inicia o processo de fermentação.

Fermentado com leveduras indígenas em tanques inertes de concreto, o Valentini Trebbiano d’Abruzzo 2012, pode acompanhar uma galinha d’angola recheada com laranja, toranja, lima e especiarias, assada lentamente e regada com o fundo do assado.

O sommelier ressalta que durante a fermentação, não se controla a temperatura, os vinhos não passam por colagem e nem são filtrados para não perderem elementos de aroma e sabor. “A vinificação natural atinge níveis altíssimos de qualidade e tipicidade, é a mais alta expressão do terroir que existe, portanto, são vinhos que precisam ser compreendidos”, finaliza Lucas.