Desafios para manter o bom nível do Basquete Feminino de Blumenau

Confira a entrevista com o presidente Márcio Darolt.

Blumenau é reconhecida nacionalmente por sua tradição no basquete feminino. Além dos resultados expressivos em competições, o trabalho envolve projetos sociais e de base, que levam o esporte a centenas de crianças e jovens. À frente dessa iniciativa está Márcio Darolt, empresário e presidente do Basquete Feminino de Blumenau desde 2022.

Aos 56 anos, ele é apaixonado pelo esporte, com uma história que inclui suas duas filhas, que já competiram pelo time. Nesta entrevista, o portal OBlumenauense, abordou os desafios da gestão, as conquistas, os projetos sociais desenvolvidos e as boas novidades com vantagens para quem deseja associar sua marca a uma equipe vencedora.

 

Arte: OBlumenauense

Márcio, você é empresário, pai e agora presidente do Basquete Feminino de Blumenau. Como começou sua relação com o basquete?

Márcio Darolt: Tenho duas filhas, uma de 20 anos e outra de 15, e ambas jogaram pelo time de Blumenau. A mais velha participou de competições estaduais e nacionais, mas, ao entrar na faculdade e começar a trabalhar, precisou deixar o esporte. Isso é algo comum no Brasil: muitos jovens abandonam o esporte por falta de estrutura que permita conciliar estudo, trabalho e treinos.

Minha filha mais nova, de 15 anos, é muito ligada ao basquete, mas sofreu uma lesão séria há cerca de seis meses, rompendo o ligamento cruzado do joelho esquerdo. Estamos em um processo de fisioterapia e ela fará cirurgia no início do ano. Apesar desses desafios, o basquete continua sendo uma parte importante da nossa vida familiar.

Essa ligação com o basquete influenciou sua decisão de assumir a presidência da associação? Como foi esse processo?

Márcio Darolt: Sem dúvida. A associação é formada principalmente por pais de atletas, mas a maioria tem empregos fixos e não consegue dedicar tanto tempo. Alguns, como eu, que têm mais flexibilidade, acabam se envolvendo mais. Em 2022, tivemos uma eleição com duas chapas, e nossa proposta foi eleita. Desde então, venho conciliando meu trabalho como empresário com a gestão do basquete feminino.

Blumenau é conhecida pelos projetos sociais ligados ao basquete. Como esses projetos funcionam?

Márcio Darolt: O trabalho social é um dos pilares do Basquete Feminino de Blumenau. Em 2022, conseguimos manter oito polos de basquete em escolas da cidade, especialmente em áreas periféricas. Esses polos funcionaram no contraturno escolar e atenderam cerca de 600 crianças.

Os polos foram financiados por uma emenda parlamentar de R$ 100.000, que cobriu custos com bolas, uniformes, tabelas e salários dos professores. Contudo, com o fim desse recurso, tivemos que reduzir para apenas um polo, que funciona no Clube Vasto Verde. Hoje, atendemos cerca de 250 crianças, contudo, sabemos que o potencial é muito maior.

Além disso, as categorias sub-12 a sub-22 formam a base do time adulto. Esses projetos não só revelam talentos, mas também oferecem uma alternativa positiva para jovens que poderiam estar vulneráveis a riscos sociais.

Quais foram os principais desafios enfrentados na sua gestão?

Márcio Darolt: 2024 foi um ano muito difícil. Tivemos quatro atletas do time adulto lesionadas, todas precisaram de cirurgia. Isso gerou custos extras, mas continuamos garantindo a estadia e alimentação das atletas.

Além disso, enfrentamos uma redução nos patrocínios. Dois pais da associação fizeram aportes de cerca de R$ 100.000 para manter as contas em dia. Hoje, nosso maior desafio é garantir os recursos necessários para disputar a Liga Nacional de 2025. Precisamos de R$ 800.000 por ano, e ainda faltam R$ 120.000 para termos segurança financeira.

Vocês conquistaram recentemente a certificação 18 e 18-A. O que ela representa para o Basquete Feminino de Blumenau?

Márcio Darolt: Essa certificação é muito importante. Durante três anos, a instituição precisou reunir documentação detalhada e comprovar seu compromisso com a gestão responsável e a seriedade de suas operações. Esse rigoroso processo incluiu atender a critérios estabelecidos pelo governo federal, demonstrando a capacidade da associação em gerenciar recursos e cumprir requisitos legais.

A certificação é, portanto, mais do que um documento; é um reconhecimento oficial que atesta a qualificação da associação para receber recursos provenientes de empresas que optam pela tributação sobre o lucro real.

Além disso, a certificação abre novas possibilidades de financiamento e fortalece a credibilidade da associação, tanto no âmbito público quanto no privado. Embora os recursos captados só estejam disponíveis a partir de 2026, a certificação possibilita um planejamento estratégico de longo prazo, assegurando a sustentabilidade financeira e a continuidade do impacto positivo do projeto na comunidade local.

 

Foto (18/11/2024): Basquete Feminino de Blumenau

Blumenau é referência no basquete feminino. Quais são os resultados que consolidam essa posição?

Márcio Darolt: Blumenau tem uma história rica no basquete. O time adulto foi 12 vezes campeão consecutivo dos Jogos Abertos de Santa Catarina e sete vezes campeão estadual. Em 2021, alcançamos o vice-campeonato da Liga Nacional.

Na base, conquistamos vários títulos em competições como os Jogos Escolares e o Campeonato Brasileiro. Além disso, nossos profissionais, como Bruna Rodrigues e Gabriela Mass, são reconhecidos nacionalmente, com convocações frequentes para a Seleção Brasileira.

Quais as vantagens para uma empresa investir no Basquete Feminino de Blumenau?

Márcio Darolt: Patrocinar o basquete feminino de Blumenau traz vantagens como visibilidade, responsabilidade social e retorno fiscal. A equipe participa de competições estaduais e nacionais, incluindo a Liga Nacional, garantindo ampla exposição para os patrocinadores. Além disso, o clube planeja ampliar a divulgação dos parceiros em suas redes sociais e desenvolver projetos de interação, nos quais as atletas visitam as empresas patrocinadoras para estreitar laços e promover as marcas de forma mais próxima e personalizada.

Outro benefício relevante é o retorno fiscal. Empresas de lucro real podem destinar parte do imposto de renda ao clube por meio do certificado 18 e 18-A, que comprova a seriedade da instituição. Também é possível direcionar parte do ICMS para a associação, graças a um programa do governo estadual. Essa estrutura permite que recursos sejam destinados para um projeto social e esportivo, alinhando o investimento com o planejamento financeiro das empresas, já que parte desses benefícios se concretizará a partir de 2026.

O apoio ao basquete feminino de Blumenau também reflete o compromisso social das empresas. O projeto promove saúde, bem-estar e valores como disciplina e trabalho em equipe entre crianças e adolescentes. Além disso, oferece um ambiente seguro que combate a ociosidade e previne problemas sociais, como a gravidez na adolescência. Patrocinar um projeto reconhecido nacionalmente, com tradição e impacto positivo na comunidade, fortalece a imagem das marcas associadas, destacando seu papel como incentivadoras do desenvolvimento esportivo e social.