A suspensão judicial da eleição do Conselho Municipal de Cultura de Blumenau repercutiu na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. O caso foi debatido no plenário do Parlamento durante a sessão desta quinta-feira (27/05/21), por ter sido considerado como um episódio de discriminação religiosa.
O tema foi trazido pelo deputado Ismael dos Santos (PSD), que registrou seu repúdio ao fato. “Pasmem, o processo foi barrado em virtude da alegação de uma ex-conselheira de que havia excesso de candidatos evangélicos na eleição”, afirmou. De acordo com o parlamentar, foi um ato explícito de discriminação. “Querer proibir nós evangélicos é querer confinar quem é cristão em um gueto. Não podemos nos calar diante de uma atitude raivosa, espúria e discriminatória dessa pessoa. É aquela linha, não somos contra os evangélicos, mas queremos mantê-los longe da cultura”, afirmou.
Na avaliação de Santos, qualquer pessoa religiosa tem o direito constitucional de participar de qualquer área da atividade humana. “Não importa se você é ateu, evangélico, católico ou espírita. Você tem o direito de viver na fé ou no ateísmo em qualquer setor”, argumentou.
O deputado solicitou à prefeitura de Blumenau que o processo eleitoral seja retomado. “Parece que não lembram que o Doutor [Hermann] Blumenau, que fundou a cidade, era evangélico luterano. Mas o que está em jogo, eu sei, é uma clara decisão de se evitar a influência de princípios, valores, que nós evangélicos defendemos, em todas as áreas. Discriminação religiosa é crime”, concluiu.
O fato é que a mistura de política, cultura e religião sempre pode ser um caldeirão fervilhante de controvérsias. E se de fato houve discriminação religiosa, certamente não é correto. A Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais de Blumenau pouco informou sobre as motivações do cancelamento.