Depressão e os preconceitos em relação às doenças mentais



Por Juliano Zanotelli

Com o intuito de conscientizar e orientar as pessoas sobre a Depressão, umas das principais causas de incapacidade no mundo e o principal fator de risco para suicídio, a Organização Mundial de Saúde (OMS), escolheu a Depressão como tema do Dia Mundial da Saúde de 2017. Segundo estimativa da OMS, mais de 350 milhões de pessoas no mundo sofrem com esse transtorno que pode afetar pessoas de qualquer idade e qualquer etapa da vida.

Segundo a psiquiatra associada na Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), Gabriela Bardini, a depressão não é uma doença moderna, e já foi citada por Hipócrates, o pai da medicina, há 400 antes de Cristo. “Mesmo assim ainda hoje existe muito preconceito em relação às doenças mentais e por isso muitas pessoas deixam de receber diagnóstico e tratamentos adequados”, comenta Gabriela.

A psiquiatria diz ainda que quanto menos estigma em relação às doenças mentais, maior busca ao tratamento, maior apoio familiar e melhor é a recuperação da pessoa. Por isso é muito importante procurar um profissional qualificado na suspeita da doença.

Para a presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Carmita Abdo, os índices de depressão estão cada vez maiores e em poucos anos ela será a maior causa de incapacidade no mundo, atualmente é a segunda causa para incapacitação no trabalho, e só perde para as doenças cardiovasculares.

“Ela tende a se tornar a primeira em pouco tempo. E por isso os psiquiatras têm que cada vez mais se conscientizar da importância do cuidado com a prevenção, não só com o tratamento das doenças mentais”, destaca Carmita.
Carmita comenta ainda sobre a importância de começar alertar a população, combater e na medida do possível estabelecer cuidados preventivos, já que o tratamento é muito oneroso e bastante desgastante para o paciente e para a família.

“Além da depressão, são observados níveis crescentes de pessoas com ansiedade, pânico e fobia, que são quadros de uma mesma família e que se a gente pensar, tem a ver com o estilo de vida e estresse exagerado”, completa a presidente da ABP.

Tipos e sintomas, com informações da Organização Pan-Americana da Saúde

Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Um indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade em continuar um trabalho simples e atividades sociais, mas provavelmente sem grande prejuízo no funcionamento global. Durante um episódio depressivo grave, é improvável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou domésticas.

Transtorno depressivo recorrente: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral por pelo menos duas semanas. Muitas pessoas com depressão também sofrem com sintomas como ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem ter sentimentos de culpa ou baixa autoestima, falta de concentração e até mesmo aqueles que são clinicamente inexplicáveis.

Transtorno afetivo bipolar: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e depressivos, separados por períodos de humor normal. Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, autoestima inflada e uma menor necessidade de sono, além da aceleração do pensamento.