Cuidem com as águas vivas nas praias catarinenses

O aumento da temperatura da água oceânica ocorrido nos últimos dias na costa de Santa Catarina colaborou para o aparecimento de espécies de Cnidários, mais conhecidos por medusas ou água-vivas nas praias do estado. Ocorre que no verão é a época de reprodução das medusas e a coincidência de um número maior de banhistas resulta num aumento dos casos de queimaduras.

As águas-vivas apareceram na Praia do Campeche e Canasvieiras. Entretanto desde outubro do ano já foram registrados 330 casos. Como a previsão das condições oceanográficas e meteorológicas é a mesma para os próximos dias, o aparecimento desses organismos em outras praias do estado não esta descartado.

Não foi só neste ano que nas praias de Santa Catarina foram encontrados grande número desses organismos em anos anteriores.

As maiores vítimas são as crianças que, quando avistam as águas-vivas, por curiosidade tocam o organismo ou em outra situação, querem retirá-lo do contato com o corpo. Em ambos os casos, as águas-vivas reagem liberando as toxinas que causam as queimaduras. Outro fator que potencializa os acidentes com esses organismos é sua composição corporal 95-99% de água, ou seja, praticamente idênticos á água.

Essa propriedade garante uma camuflagem perfeita tornando difícil sua visualização no mar. Em caso de ataque, a primeira providência para aliviar a ardência causada pelas queimaduras é lavar com a própria água do mar, soro fisiológico, aplicação de vinagre (ou de uma solução aquosa de ácido acético de 3 a 10%). Em casos mais graves deve-se procurar atendimento médico. Não se recomenda lavar com água doce porque o animal reage liberando mais toxinas. A água doce para as águas-vivas é um meio hostil o que provoca uma reação de defesa do organismo que é a liberação das toxinas. Outras medidas não aconselháveis são esfregar o local afetado, uso de álcool, amônia ou urina. Cabe salientar que esses organismos podem causar além das queimaduras, náusea, vômitos, tonturas e desmaios. O aparecimento de um o outro tipo é devido a fatores inerentes às espécies e as condições meteorológicas e oceanográficas regionais.

O aparecimento das Caravelas-portuguesas (Figura 1), classe Hydrozoa. Outra classe chamada de Syphozoa (Figura 2) é comum na costa catarinense.

Physalia physalis

Figura 1: Classe Hydrozoa, espécie Caravela-portuguesa (Physalia physalis). (fonte: http://cifonauta.cebimar.usp.br)
sifozoa

Chrysaora lactea

Figura 2: Classe Scyphozoa. (fonte: http://cifonauta.cebimar.usp.br)

Temperatura do mar dez2013
Figura 3: temperatura da superfície do mar entre 23 e 24 graus Celsius na costa catarinense, no dia 19 de dezembro de 2013. Imagem da Epagri/Ciram feita com os dados disponibilizados pelo NCEP (National Environmental Prediction).

Temperatura do mar dez2013 anomalia gráfico

Figura 4: anomalia da temperatura da superfície do mar entre 1 e 1,5 graus Celsius acima do normal na costa catarinense, no dia 19 de dezembro de 2013. Imagem do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration).

  • Argeu Vanz – Oceanólogo
  • Luiz Fernando de Novaes Vianna – Biólogo
  • Laís Fernandes – Técnica em Meteorologia e Graduanda em Oceanografia

via Epagri/Ciram