Cuidados para evitar as doenças diarreicas agudas, conhecidas como viroses de verão

O quadro clínico pode evoluir para desidratação leve à grave. Crianças, idosos e imunodeprimidos são mais vulneráveis.

O Litoral de Santa Catarina, conhecidas por suas belas praias e paisagens, tornam-se um destino muito procurado durante o verão. No entanto, alguns hábitos deste período, em conjunto com o aumento da população flutuante, podem resultar em um crescimento no número de casos de algumas doenças transmitidas de pessoa a pessoa.

Entre elas, estão as doenças diarreicas agudas (DDA), popularmente chamadas viroses de verão. Estas enfermidades são caracterizadas por sintomas como evacuações frequentes, fezes aquosas, náuseas, vômitos, febre e dor abdominal, e podem ser causadas por vírus, bactérias ou parasitas, podendo durar até 14 dias.

Nos primeiros dez dias de janeiro de 2024, as Regiões de Saúde da Grande Florianópolis e da Foz do Rio Itajaí apresentam o maior número de notificações com 1.275 e 777 casos, respectivamente. O quadro clínico pode evoluir para desidratação leve à grave.

Indivíduos de todas as idades são suscetíveis a desenvolverem DDA infecciosas, no entanto a gastroenterite, ou seja, a manifestação clínica é mais prevalente em crianças menores de 5 anos. Crianças, idosos e imunodeprimidos são mais vulneráveis, sendo mais propensos a desenvolverem a desidratação.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES), através da Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV), intensifica o monitoramento, especialmente após a elevação dos casos no verão passado. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) orienta os municípios na investigação de surtos, enquanto a vigilância sanitária fiscaliza estabelecimentos e processos de desinfecção.

O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/SC), em cooperação com o Instituto de Meio Ambiente (IMA), realiza análises laboratoriais em amostras de água de rios e do mar para identificar a presença de vírus.

Para evitar surtos, a SES emitiu um alerta com recomendações como consumir água tratada, evitar frutos do mar crus e alimentos mal conservados, higienizar as mãos frequentemente, e evitar banhos em locais impróprios. Além disso, a doença pode levar a desidratação grave, sendo crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas os mais vulneráveis.

Os esforços contínuos da SUV, Dive e Lacen/SC visam a prevenção de novos casos e a manutenção da saúde pública. O último boletim (01/2024) sobre a situação epidemiológica das DDA está disponível para consulta, reforçando a importância da conscientização e da prevenção durante a temporada de verão em Santa Catarina.

 

Alguns cuidados são necessários para evitar o adoecimento e a transmissão para outras pessoas:

  • Cuidar com a qualidade da água ingerida que deve ser tratada, fervida ou mineral;
  • Evitar a ingestão de frutos do mar crus, carnes mal passadas, especialmente sem saber a procedência;
  • Ao levar alimentos para a praia, cuidar da higiene e manter a refrigeração adequada;
  • Não consumir sucos, batidas, caipirinhas e outras bebidas não industrializadas sem saber a procedência dos ingredientes utilizados;
  • Não consumir alimentos fora do prazo de validade, mesmo que aparência seja normal;
  • Não consumir alimentos que pareçam deteriorados, com aroma, cor ou sabor alterados, mesmo que estejam dentro do prazo de validade;
  • Higienizar as mãos com frequência, especialmente antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular e preparar os alimentos, amamentar e tocar em animais;
  • Não frequentar locais com condição imprópria para banho.

É importante destacar que a doença pode causar desidratação leve à grave, sendo que crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas são mais vulneráveis e têm mais chances de evoluir para gravidade. Principalmente nestes casos é importante monitorar os sintomas, não se automedicar e, caso necessário, procurar uma unidade de saúde para realização do tratamento adequado.

Monitoramento contínuo

Em virtude do aumento do número de casos registrados no mesmo período do ano passado, as áreas que compõem a Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV) têm trabalhado em todas as frentes para prevenir a ocorrência de novos surtos da doença.

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) realiza o monitoramento de casos e orienta os municípios na investigação epidemiológica na ocorrência de surtos, a fim de identificar o agente etiológico causador e interromper a cadeia de transmissão. A investigação dos casos é realizada em parceria com a vigilância sanitária que tem a função de fiscalizar os estabelecimentos, orientar os processos de desinfecção dos ambientes e realizar a coleta de alimentos e água.

Já o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/SC) realiza a vigilância laboratorial das doenças diarreicas agudas e de transmissão hídrica e alimentar e, a partir do ano de 2022, foi instituída uma cooperação técnica entre o Lacen/SC e o Instituto de Meio Ambiente (IMA) onde são realizados, adicionalmente à balneabilidade, a vigilância da presença de vírus em amostras de água coletadas de rios que desaguam no litoral de Santa Catarina e água do mar.

Tratamento das DDA

O tratamento das DDA é simples e fundamenta-se na rápida reidratação dos pacientes por meio da administração de líquidos e de solução de reidratação oral (SRO) ou fluidos endovenosos, dependendo da gravidade do caso. A avaliação do estado de hidratação do paciente deve orientar a escolha entre os três planos de tratamento (Planos A, B ou C).

Os Planos de Tratamento devem ser instituídos conforme o Manejo do Paciente com Diarreia, do Ministério da Saúde, vigente. Para crianças menores de 5 anos, recomenda-se o uso do tratamento preconizado pelo Manual da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI): 2 meses a 5 anos, do Ministério da Saúde.

Em Santa Catarina até a SE 01/2024, a maior ocorrência de DDA aconteceu na faixa etária de dez anos ou mais, com 5.203 casos (76,8%); seguida da faixa etária de 5 a 9 anos, com 700 casos (10,3%); 1 a 4 anos, com 679 casos (10%); e menores de um ano de idade, com 226 (3,3%). O plano de tratamento tipo A foi o mais utilizado, representou 78,4% dos tratamentos adotados

Com informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) de Santa Catarina