Esta quarta-feira (14/09/22), Rubia Girardi estreia a coluna “Fluindo”, que irá tratar sobre nosso bem mais precioso: a água. A química, mestra e doutora em engenharia ambiental, pesquisadora e presidente do Instituto Água Conecta aceitou o desafio de compartilhar mensalmente com nosso público os novos tópicos relacionados a uma área em que é especialista.
O assunto ganhou ainda mais relevância depois que rios secaram no verão europeu e a Terra passa por uma convulsão climática. Seja bem-vinda Rubia e espero que vocês gostem desse primeiro texto.
Atualmente, temos escutado com mais frequência a expressão “crise hídrica”. Nas últimas semanas foram publicadas várias notícias sobre a seca histórica na Europa, provavelmente a maior dos últimos 500 anos. O calor e a seca devem permanecer até novembro, entrando no outono do hemisfério norte, de acordo com os especialistas. O calor sem precedentes somado aos baixos índices de precipitação tem deixado seco reservatórios e leitos de rios, ou parte deles, na Itália, Espanha, Alemanha e até mesmo no Reino Unido, conhecido por suas chuvas.
Os cultivos agrícolas de verão estão sendo atingidos. Há várias cidades com problema de abastecimento de água para a população, como no norte da França. O baixo nível de água em rios e lagos está causando a morte de peixes e impossibilitando a navegação dos rios, que é um meio de transporte de cargas muito importante, como é o caso do Rio Reno na Alemanha. Além disso, essa seca também aumenta as queimadas no território atingido.
Há mais de uma origem para a crise hídrica, mas pode-se resumir em dois fatores principais. O primeiro são as mudanças climáticas, que tornam o clima mais extremo, trazendo aumento ou diminuição das chuvas, por exemplo. A tendência é que esses episódios sejam cada vez mais frequentes. E o segundo ponto é a distribuição da população no território. Os locais onde há grande população nem sempre são os que possuem a maior disponibilidade hídrica.
Aqui no Brasil e em grande parte do mundo temos esse problema. Isto ficou evidente na crise hídrica que assolou a região sudeste do Brasil, que se estendeu de 2013 a 2017. Na região sudeste temos praticamente 42% da população e apenas 6% da disponibilidade hídrica do país. Aqui no sul, somos 14,3% da população e temos 7% de disponibilidade hídrica. Por outro lado, no norte há 68% de disponibilidade hídrica para uma população de apenas 8,6% (Dados da Agência Nacional de Água e Saneamento Básico – ANA).
E em Santa Catarina, temos problema com estiagem?
Sim, especialmente nos anos que ocorre o fenômeno La Niña. Em 2021 houve estiagem no Alto e Médio do Vale do Itajaí, onde situa-se Blumenau, quando a região ficou entre 25 a 30 dias sem chuva, segundo informações do governo de Santa Catarina na época.
Se você quiser saber mais sobre crise hídrica e as alternativas tecnológicas de soluções participe do 2⁰ Workshop do Saneamento Básico. Ele será realizado no dia 22 de setembro (quinta-feira) das 13h30 às 17h, no auditório da AMVE, em Blumenau.
O evento é patrocinado pela Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC) e realizado pelo Instituto Água Conecta, com o apoio da AMVE (Associação de Municípios do Vale Europeu). Saiba mais pelo site www.aguaconecta.com.br ou no perfil de Instagram @aguaconecta.
Rubia Girardi é química, mestra e doutora em Engenharia Ambiental. Pesquisadora visitante na Universidade do País Vasco (Bilbao, Espanha). Presidente da Comissão Técnica de Assuntos Institucionais e Legais – CTIL e da Comissão Técnica de Enquadramento do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH/SC). Revisora da Revista de Gestão de Água da América Latina (REGA). Presidente do Instituto Água Conecta. Consultora da Diretoria de Recursos Hídricos e Saneamento (órgão gestor estadual) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado de Santa Catarina. Pesquisadora e consultora na área ambiental desde 2014 com projetos na área de governança dos recursos hídricos, saneamento, monitoramento e qualidade de água, tratamento de dados ambientais.