Por Fabiana Fuck | Psicóloga Parental
De imediato, a leitura do título muito provavelmente remete o leitor a criação com demasiada mordomia, o famoso mimar a criança, a deixa-la dependente. Isso porque, infelizmente ainda são poucos os que conhecem a teoria do Apego Seguro.
Embasada em ciência, ela comprova a importância do vínculo, do toque físico e da abundância de amor como fundamentais na construção de uma mente saudável já na primeira infância. Ao contrário do que pode remeter, criar com apego é desenvolver a priori, uma criança feliz e segura, e posteriormente, um adulto independente emocionalmente.
Ao formar um vínculo emocional saudável com minha criança, eu a ensino que ela pode se afastar em segurança e explorar o mundo a sua volta. Quando algo lhe dar medo, ela pode retornar para a base segura e estável que a estará esperando. Isso lhe independência de ir e voltar, e o sentimento de apego seguro no retorno, se tornando uma criança com autonomia e segura.
Mas como criar com apego?
É praticar na minha relação com os meus filhos, ações que promovam a conexão e saúde emocional, para formar um vínculo emocionalmente saudável. É o que precede o apego seguro. Eu posso e devo dar a criança tudo o que esta demandar. O quanto ela deseja de colo, amamentar em livre demanda, dormir junto aos pais, posso e devo acolher o choro, nada disso é errado. Lembre-se que o termo mimado é invenção da adultez.
A criança não tem um cérebro desenvolvido capaz de encenar ou fazer jogos de interesse por pura maldade como supomos, ela apenas está solicitando ajuda da maneira como sabe, chorando, rindo, gritando… Compreender isso é fundamental para buscar o discernimento necessário para acolher a criança, oferecer abrigo, dar apoio, atender, se conectar, que são ações suficientes para estabelecer o vínculo.
Você pode ter certeza que não está criando uma criança mimada, dependente ou frustrada por toda a sua vida. Entendo o seu receio, essa crença ainda é forte em nossa sociedade. Mas acredite, você está construindo uma mente forte que com toda certeza irá prosperar e está evitando futuras doenças físicas e psíquicas.
Dando colo por exemplo, você está liberando uma descarga hormonal enorme capaz de acalmar a criança em momentos difíceis. Isso mesmo, até os 3 anos de idade, o contato físico é o grande agente tranquilizador químico de processos cerebrais complexos.
Ao contrário disso, variadas pesquisas ao redor do mundo comprovam que a criança privada de apego, tem déficits cognitivos significativos. Isso significa dizer que são crianças com redução da capacidade de fala, aumento do risco de distúrbios psicológicos, diminuição de QI, além da dificuldade de criação de vínculos afetivos futuros, entre outros sérios problemas, muitos deles são irreversíveis.
O problema não é o choro ou a dor da criança, e sim a falta de apoio e acolhimento. É ao não ser atendida ou quando acaba sendo deixada chorando, privada de colo ou contato físico. Também ao não ser olhada nos olhos, reduzida em suas infinitas possibilidades simplesmente por ser criança.
Concluindo de forma sucinta, criar com apego é estar presente, ser consciente, atender toda e qualquer necessidade da criança, oferecer toque físico. E por fim, é ser o adulto da relação: não grite, não bata e não puna. O seu cérebro já está desenvolvido, não só para se acalmar, mas também a sua criança. Só assim ela aprenderá!