Creches e pré-escolas devem dar desconto mínimo de 15% a partir das próximas mensalidades

Foto: Erich Westendarp [Pixabay]

 

 

 

Foto: Erich Westendarp [Pixabay]

O Desembargador Saul Steil, do Tribunal de Justiça, atendeu parcialmente aos pedidos do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e da Defensoria Pública do Estado (DPE-SC) e determinou que as creches e pré-escolas da Capital concedam o desconto mínimo de 15% nas mensalidades a partir do próximo vencimento. Além disso, as escolas de todos os níveis de ensino, do infantil ao médio, agora devem provar nos autos das ações civis públicas (ACPs) que não tiveram redução de custos com a suspensão das aulas presenciais como medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19, já que “estão em melhor posição para produzir esta prova”.

A decisão cautelar foi proferida nos agravos de instrumento interpostos para reverter a decisão de 1º Grau que havia negado integralmente os pedidos liminares feitos pelo MPSC e pela DPE-SC nas ações civis públicas conjuntas que visam a obrigar as escolas particulares de Florianópolis – que substituíram as aulas presenciais pelo ensino remoto sem repassar as possíveis reduções de custos aos valores das mensalidades – a conceder descontos e compensações aos pais e responsáveis econômicos pelos alunos.

Embora não tenha determinado os descontos conforme o que foi pedido pelas duas Instituições que representaram os consumidores, o Desembargador não descartou que, no mérito, ou mesmo a qualquer momento, o pleito seja atendido, inclusive em relação às escolas dos ensinos fundamental e médio.

Steil apenas afirmou, na decisão, que, neste momento, em que ainda não foi comprovado o impacto sobre os custos de manutenção das escolas com a substituição das aulas presenciais por virtuais, seria mais prudente conceder o desconto no caso da educação infantil, em que é evidente a perda das famílias e das crianças, pois os cuidados presenciais não podem ser substituídos integralmente por atividades remotas nesta faixa de educação, conforme argumentaram o MPSC e a DPE-SC.

Para o magistrado, o valor de 15%, que corresponde à menor faixa de desconto pedida, também se mostrou adequada como medida liminar para evitar possíveis prejuízos irrecuperáveis aos estabelecimentos que, eventualmente, no decorrer do processo, comprovem que seus custos não foram reduzidos nessa proporção.

A decisão ressalta que aquelas escolas que já concederam descontos maiores devem mantê-los e que, até a decisão final, se ficar comprovado que a redução dos custos de manutenção for maior, pode haver uma compensação.

Escolas deverão provar que não houve redução de custos com as aulas on line.

A decisão atendeu a um pedido importante para os consumidores: a inversão do ônus da prova. Na prática isso significa que não cabe aos pais – representados pelo MPSC e pela DPE-SC – comprovarem que as escolas diminuíram seus custos com a substituição das aulas presenciais pelas virtuais ou on line.

Um dos principais argumentos do Sindicato das Escolas Particulares (SINEPE) e das escolas não filiadas ao sindicato que se negaram a negociar novos valores com os pais e responsáveis é o de que os investimentos necessários para a migração do ensino para a modalidade remota compensariam as eventuais reduções nos custos de manutenção decorrentes da suspensão das atividades presenciais.

Agora os estabelecimentos de ensino terão que comprovar esse argumento no processo, o que, antes, muitos se recusavam a fazer pois defendiam que eram os pais que deveriam produzir essas provas. Boa parte das escolas se negava, inclusive, a apresentar a planilha de custos detalhada aos pais.

Diante da decisão monocrática do Desembargador, MPSC e Defensoria Pública, agora, estudam novo recurso objetivando que o colegiado reverta a decisão e conceda integralmente os pedidos feitos em 1º Grau.

“Uma visão mais holística dessas ações civis públicas propostas, permite concluir que só com os descontos proporcionais ao porte de cada escola, que respeite a capacidade de cada uma delas de enfrentar pandemia, evitaremos externalidades negativas ainda maiores, entre elas, a rescisão dos contratos escolares e a migração em massa para o ensino público”, argumenta a Promotora de Justiça Analu Librelato Longo, da 29ª Promotoria de Justiça da Capital – uma das autoras das ACPs, ao lado da Defensora Pública Ana Paula Berlatto Fao Fischer e do Coordenador do Centro Operacional do Consumidor, Promotor de Justiça Eduardo Paladino.

Fonte: Ministério Público de Santa Catarina (MPSC)