CPI do Esgoto em Blumenau: o que está em jogo na prática

Comissão vai investigar mudanças na concessão e aumento nas tarifas. Vereadores questionam falta de transparência e até se há monopólio na limpeza de fossas.

Foto: Renan Olaz

A criação da CPI do Esgoto na Câmara de Blumenau, protocolada na quarta-feira (14/05/25), coloca sob investigação o contrato entre a Prefeitura e a BRK Ambiental, responsável pelo serviço de esgotamento sanitário na cidade.

Em menos de 48 horas, foram reunidos os votos necessários para instaurar a comissão, que agora será analisada pela Procuradoria da Casa. Na prática, a CPI pretende apurar uma série de pontos que têm impacto direto no dia a dia dos moradores — e também no bolso.

O que está em jogo

O contrato original, firmado em 2010, previa a universalização da rede coletora de esgoto. Mas hoje, passados 15 anos e após cinco termos aditivos, apenas cerca de 49% da cidade possui cobertura por rede.

A situação se agravou com o mais recente aditivo, assinado neste ano, que estende a concessão até 2064 e institui um modelo híbrido: 60% de cobertura por rede até 2045 e os outros 40% com uso de fossas sépticas individuais.

A mudança desagradou parte dos vereadores, que apontam três principais problemas:

  • Mudança substancial no objeto do contrato, sem nova licitação;
  • Adoção de fossas como solução permanente, o que pode gerar custo elevado aos moradores;
  • Analisar se há monopólio na limpeza das fossas, diante de relatos recebidos por vereadores sobre cobranças de até R$ 600 por serviço.

Além disso, o mesmo aditivo embasou um reajuste de tarifa de 10,72%, que somado ao aumento anual previsto pelo IPCA, resultou em uma alta total de 15,92% desde abril.

O que a CPI pode trazer de resultado

Caso avance, a CPI poderá:

  • Reunir documentos e depoimentos para esclarecer se houve irregularidades no aditivo contratual;
  • Verificar se a mudança no modelo de cobertura foi devidamente justificada tecnicamente;
  • Apurar se há fundamento para o monopólio na prestação dos serviços de limpeza das fossas;
  • Sugerir alterações no contrato ou até sua revisão judicial, se comprovadas falhas graves;
  • Indicar medidas para maior transparência e participação popular em futuras decisões sobre saneamento.

A comissão também pretende analisar os impactos financeiros do contrato, inclusive sobre os reajustes tarifários, e cobrar esclarecimentos da Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir), que aprovou o novo modelo.

Quem faz parte

Além dos proponentes Bruno Win e Diego Nasato (NOVO), também assinaram o pedido os vereadores Professor Gilson (União Brasil), Adriano Pereira e Jean Volpato (ambos do PT). A diversidade política da composição aumenta as chances de que os trabalhos sejam acompanhados com atenção pela sociedade.

Agora, o pedido de criação da CPI segue para avaliação jurídica interna. Se confirmado, os próximos passos serão a definição dos membros e o início oficial das investigações.