Uma plateia bem diferente participou da reunião do Conselho Universitário (CONSUNI) da Furb nesta quinta-feira (22/02/18). Além dos participantes usuais, estavam na plateia caciques, anciãos e representantes da Terra Indígena Laklãnõ, no Alto Vale do Itajaí, e os professores dos departamentos de Educação e História.
O Consuni aprovou a Política de Acesso e Permanência dos Estudantes Indígenas na FURB. Logo após a aprovação da proposta, a professora Lilian Blanck de Oliveira, professora do Departamento de Educação disse emocionada: “Este é um momento histórico para Universidade. Este Conselho está mudando a história deste povo. Ao invés de se posicionar contrário, como tantos outros conselhos, vocês decidiram diferente. Este é o marco para a FURB nestes seus mais de 50 anos de existência”.
Uma estudante indígena que cursa Odontologia na FURB também quis usar a palavra. “Sinto muito orgulho de ser uma das pioneiras desta história”, disse Nandja Schirlei da Rocha.
Homenagem
Em seu pronunciamento, o reitor – que é presidente do CONSUNI – lembrou do professor Marcondes Nambla, indígena e defensor da implantação desta Política na Universidade. “Ele teve uma participação fundamental na redação desta Política. Ele representava e ainda representa a liderança na terra indígena”, destacou, lembrando a morte de Nambla, no início de 2018. Nambla foi espancado em Penha (SC) na madrugada de 1º de janeiro.
Na sequência da fala do reitor a conselheira e relatora Georgia Carneiro da Fontoura apresentou uma proposição para que a Política leve o nome de Nambla. Os conselheiros aprovaram por unanimidade.
Parecer
No parecer, a conselheira e relatora Georgia Carneiro da Fontoura apresentou um histórico da única área indígena demarcada pela FUNAI no Vale do Itajaí e que envolve quatro municípios do Alto Vale do Itajaí: José Boiteux, Victor Meirelles, Doutor Pedrinho e Itaiópolis. Nesta área reside o Povo Indígena Laklãnõ/Xokleng.
Após lido o parecer, foi apresentada a minuta de Resolução a qual aponta formas de ingresso e matrícula, transferência e desistências, além de acompanhamento e permanência na Universidade. Para este segundo ponto, segundo o documento, será instituído o Grupo de Acompanhamento dos Estudantes Indígenas (GAEI).
Com informações e fotos de Giovana Pietrzacka, da FURB