Raul Cardoso, de 76 anos, é uma inspiração para qualquer atleta. O idealizador da Maratona Internacional de Blumenau corre há seis décadas e participa de corridas pelo Brasil e mundo. Além disso, é empreendedor no ramo de forros empresariais.
Nesta entrevista realizada na noite desta segunda-feira (4/03/24), Cardoso conta como surgiu a Maratona Internacional de Blumenau, que estará realizando a 26ª edição no dia 23 de março. No final, dá dicas para manter o corpo saudável e duas coisas importantes para quem irá participar da primeira corrida de rua.
Qual foi a principal motivação para criar a Maratona Internacional de Blumenau?
Já corríamos em maratonas que ocorriam em outros países e tínhamos o sonho de realizar uma em Blumenau. Se Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo já tinham as suas maratonas, por que nós não poderíamos ter a nossa?
Foi assim que surgiu a primeira em 1983. Logo depois, fomos convidados para correr a maratona de Nova Iorque (EUA). Em 1987, organizamos uma comissão e lançamos a edição da maratona internacional em Blumenau, usando as boas ideias das que participamos em outros países, inclusive a de Berlim (Alemanha).
Começamos pequenos há 26 anos, com apenas 50 corredores. Depois, o número de participantes foi aumentando para 200, depois 500, e no dia 24 de março, estamos com mais de 4 mil inscritos. É uma alegria muito grande, porque hoje temos corredores de Blumenau, Santa Catarina, México, América do Sul, Estados Unidos, Europa, África e Oceania. Todos serão muito bem recebidos.
Quais são as principais mudanças ao longo destas décadas na realização do evento?
As coisas mudaram muito, especialmente nos últimos 10 anos. A tecnologia tomou conta e quem não estiver ligado nela, está fora. Hoje, por exemplo, todas as inscrições são feitas pela internet, diferente de antigamente, quando a ficha de inscrição era enviada pelo Correio. Isso agilizou, melhorou e automatizou a maratona.
Outro detalhe foi o aumento de corridas de rua no Brasil. Atualmente, há 30 maratonas oficiais, enquanto que naquela época existiam no máximo seis. Hoje, é o esporte que mais cresce no país, inclusive em relação ao futebol. Agora também tem o Beach Tennis, que está “competindo conosco”.
Em Blumenau, por exemplo, há muitos que correm em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Nova Iorque e em Berlim. É o meu caso, que já corri seis maratonas em Nova Iorque, duas em Boston (EUA) e doze na Europa, trazendo sempre subsídios para a nossa aqui.
Poderia citar algumas ideias pontuais que trouxe dessas corridas internacionais e implantou na de Blumenau?
Sim. Em Nova Iorque, os participantes largam na sede da ONU (Organização das Nações Unidas) e ao chegarem no Central Park, um trajeto de seis quilômetros, há várias carretas que servem um café com todo tipo de guloseimas. Mas não são todos os 58 mil corredores que largam às 6h, acredito que nesse horário sejam entre 15 e 20 mil. Essa ideia eu implantei em Blumenau, assim como o jantar de massas na véspera da prova, que ninguém fazia no Brasil. Inclusive teremos também a mini Oktoberfest.
Qual é o segredo para manter esse condicionamento físico aos 76 anos?
Amor pelo esporte e qualidade de vida. Mantenho o amor pelo esporte desde os 10 anos de idade. Praticar qualquer tipo de esporte, traz automaticamente uma melhor qualidade de vida.
O esporte também traz amizades novas, mais sadias e sinceras; nos colocando em um patamar de vida diferenciado. O treinamento e a alimentação também são indissociáveis. Não adianta treinar sem ter uma alimentação saudável.
Como é o seu treinamento?
Tenho diariamente duas atividades físicas. O treinamento varia muito, tem dias que treino uma hora, outro duas, ou três. Faço também reforço muscular na academia e pilates pelo menos três vezes por semana.
Que dicas você daria para quem tem interesse em participar da primeira maratona?
Na primeira vez, o mais importante é completar a prova. Para isso, é necessário seis meses de treinamento e pegar um treinador que entenda de maratona. Comece com 5 quilômetros, depois 10 e 21. Também recomendo ter uma nutricionista para passar uma alimentação condizente ao treinamento.