Texto, fotos e entrevista: Claus Jensen
Para quem gosta de música sertaneja de raiz, a noite de quarta-feira (14/12/16) foi perfeita para matar a saudade de grandes clássicos desse estilo musical. A Orquestra Blumenauense de Viola Caipira com seus nove integrantes apresentou-se no auditório da biblioteca da Furb no bloco H.
No repertório, o público ouviu Tristeza do Jeca, Encantos da natureza, Chico Mulato, Peito Sadio, Rainha do Paraná, Trem do Pantanal, Escolta de Vagalumes, Caçador, Pescador e Catireiro, Cuitelinho, A Capa do Viajante, Querência Amada, Mocinho Aventureiro, Velho Casarão, Menino Caçador, Pagode em Brasília, Falou e Disse, El Condor Pasa e finalizou com o grande clássico Luar do Sertão.
Antes da apresentação, o Coro do SESC deu uma pequena canja do que tem ensaiado. Entre as músicas, Certos Amigos, do grupo catarinense Expresso Rural, que fez muito sucesso na década de 80.
A Orquestra Blumenauense de Viola Caipira é coordenada por Mailon Bugmann, professor de viola e violão caipira do SESC. Conheça como surgiu o grupo e aquilo que caracteriza o instrumento.
OBlumenauense: Como começou o projeto da Orquestra Blumenauense de Viola Caipira?
Mailon Bugmann: Nós tínhamos muitos violeiros em Blumenau que gostavam desse repertório e reuniam-se para tocar. Tivemos algumas experiências anteriormente com grupos de viola que não tiveram continuidade, então sugeri que fizéssemos um lá no Sesc. Em setembro de 2013, começamos com uma prática em conjunto e depois pesquisamos um repertório. De lá para cá temos mantido quase os mesmos integrantes, um grupo estável que nos permitiu trabalhar o repertório apresentado hoje (14).
OBlumenauense: Quais foram os critérios para escolher os músicos?
Mailon Bugmann: O Toninho Viola é professor de viola e os demais já tinham uma certa experiência.Tenho caso de pessoas que nunca tinha tocado e começaram a fazer aulas de viola em 2014 no SESC. Em um trabalho de orquestra de viola como esse daqui, conseguimos contemplar níveis diferentes de conhecimento. São desde pessoas que tocam há dois anos, até os músicos mais experientes que trabalham os solos em dois e até três instrumentos. O nível musical é bastante variado .
OBlumenauense: Qual é a característica especial que tem a viola caipira comparando com outros instrumentos de corda como o violão?
Mailon Bugmann: A viola caipira tem uma afinação diferenciada. No grupo usamos uma delas, o cebolão em Mi, mas existem inúmeras formas. A diferença da viola para o violão é que o acorde aberto das cordas soltas é um Mi maior. A forma de se montar os acordes comparado ao violão são diferentes.Ela favorece muito trabalhar as escalas oitavas, para fazer aqueles solos característicos da viola caipira. E não só nesse tipo de repertório. Tem violeiros que trabalham com música clássica que também funcionam muito bem neste instrumento.
OBlumenauense: Vocês fazem quantas apresentações em média durante o ano?
Mailon Bugmann: Esse ano realizamos por volta de quatro apresentações, porque investimos muito em músicas novas para trazer algo diferente. Nos outros anos nos apresentávamos com mais frequência. Agora que temos o repertório estudado, nós vamos executar essas peças para mais públicos. Há possibilidade de montar um projeto e circular mais com esse grupo em 2017.
OBlumenauense: Quanto tempo vocês ensaiaram para o repertório apresentado hoje?
Mailon Bugmann: Nós mesclamos algumas músicas, enquanto dez eram novas, outras já tínhamos no repertório há mais tempo. Foi o caso de Capa do Viajante, uma música com letra mais densa, que o pessoal estava com certo receio de apresentar em público, mas uma hora tinha que estrear. A ideia é estar mesclando mesmo esse repertório. Os ensaios acontecem às quartas-feiras a partir das 18h30min e duram cerca de 2h, menos em períodos de apresentação, quando chegam a 3 horas.