Conheça a história do jornalista gaúcho que esteve à frente de grandes eventos em Blumenau

Poeta, escritor, empreendedor cultural e diretor de imprensa da Prefeitura de Blumenau. Estamos falando do jornalista Fabrício Wolff, envolvido com a prefeitura desde 1983, quando chegou com sua família em Blumenau.

Conversamos com esse gaúcho nascido em Porto Alegre, roqueiro assumido, que adotou Blumenau e esteve por trás de importantes momentos culturais em nossa cidade. Um deles foi o inesquecível, Skol Rock, que trouxe grandes bandas nacionais para a cidade. Aos 50 anos, completados em maio, 31 vividos em Blumenau, ele contou um pouco de sua trajetória sempre ligada ao jornalismo, música e cultura. Uma entrevista longa, mas muito legal.

OBlumenauense: Desde quando você está envolvido com projetos aqui na prefeitura?

Fabrício Wolff: Eu vim com a família para Blumenau aos 18 anos, em dezembro de 1983. Moramos algum tempo em Lages, onde meu pai (Vilarino Wolff), chegou a ser vereador e candidato à vice-prefeito. Quando ele perdeu a eleição em 1982, Dalto dos Reis ganhou aqui, e por indicação de amigos comuns, meu pai foi convidado para ser seu Chefe de Gabinete.

Meu primeiro emprego em Blumenau, foi aqui na prefeitura, em janeiro de 1984. Eu trabalhava na sala aqui em frente (apontou a outra sala) como assessor de imprensa e tinha como chefe o jornalista Artur Monteiro. Hoje coincidentemente eu chefio a equipe, e estou na sala que era dele. Depois disso passei por vários órgãos. Voltei em 1993, quando estive no cargo de assessor da juventude durante 4 anos.

De 2000 a 2012 estive na Câmara de Vereadores, entre saídas e voltas. Primeiro como chefe de jornalismo da TVL, depois como assessor de imprensa da Câmara, também tive uma passagem de três meses pelo governo João Paulo Kleinubing; durante a reeleição trabalhei como diretor de jornalismo. Em 2012, quando o Napoleão venceu as eleições, ele me convidou para assumir a direção de jornalismo aqui. Isso já dá 20 anos de serviço público entre idas e vindas, contratado por administrações de diferentes partidos. Sou um técnico do jornalismo.

OBlumenauense: Quais são os principais projetos que você criou?

Fabrício Wolff: Das minhas passagens pelo poder público nesses 20 anos, entre prefeitura e a câmara, sempre atuei mais na área do jornalismo. Mas nos 4 anos que estive como assessor da juventude, na gestão do prefeito Renato Vianna e o vice Vilson Souza, nós conseguimos implantar algumas coisas que ainda estão vivas nas mentes das pessoas até hoje. O Skol Rock talvez tenha sido o maior projeto de repercussão nacional, um grande evento que todo blumenauense quis ter, com a possibilidade de ver grandes bandas nacionais no “quintal da casa”.

A Gincana Cidade de Blumenau, uma criação minha com a colaboração do amigo Cláudio Peixer e do meu irmão Nico, também é daquela época. O legal é que envolve amigos, famílias, enfim… muita gente. Conheço pessoas que começaram a namorar na gincana e casaram. Outros dessa época, que já se separaram [risos]. Depois criamos o Rock na Rua em 1993 que rodava os bairros e substituiu o Blumenália, além de outros eventos de menor porte que fizemos naquela época. Também tivemos alguns eventos na concha acústica da Prainha, Alameda Rio Branco, além de outros.

 

 

OBlumenauense: Qual destes projetos mais te encantou e deu mais prazer em realizar?

Fabrício Wolff: Os maiores deram muito prazer. Mas deste período em que eu era assessor da juventude, houve pequenos projetos que eu achava muito legais, como um chamado “passeio ecológico da juventude”. Nós abríamos a inscrição, depois colocávamos a galera no ônibus e levávamos para passeios como a caverna de Botuverá, Parque das Nascentes, Morro do Baú, entre outros. Sempre levávamos alguém da área de ecologia, como, por exemplo, o professor Lauro Bacca. Eles iam explicando a importância do meio ambiente, no caminho e nas visitas. Uma coisa pequenininha, que envolvia no máximo 80 pessoas, que eram divididos em um ou dois ônibus.

OBlumenauense: E como funcionava?

Fabrício Wolf: Nós divulgávamos na mídia, a pessoa preenchia uma inscrição, pagava uma taxinha do que seria na época uns R$ 2,00 que ajudavam a pagar o custo do ônibus. Na época nós não usávamos dinheiro do poder público. Eu era comissionado na prefeitura, tinha uma equipe de 3 estagiários e consegui fazer tudo através do patrocínio privado. É o que acho o correto. O poder público tem que guardar dinheiro para investir em educação, saúde, obras de infraestrutura e deixar os outros setores se virarem conforme conseguem.

Gincana Cidade de Blumenau

Fabrício Wolff: A maioria dos gincaneiros da época, hoje tem filhos e as equipes são núcleos familiares. Muitos trabalham o ano inteiro pela gincana, o que fez surgir “grandes famílias”, em termos de equipes. Os gincaneiros de uma forma geral se reconhecem como iguais, com um carinho muito grande pela cidade e os resultados que trazem. Tudo isso me deixa de certa forma envaidecido. Hoje tem o André Mrozkowski, que organiza muito bem as tarefas a serem cumpridas pelos gincaneiros.

OBlumenauense: O que mais te marcou no Skol Rock?

Fabrício Wolff: Foi a dificuldade de fazer. Era meu sonho fazer um evento desse porte, já que sempre fui um cara ligado a eventos menores antes disso. Sempre frequentei muitos shows de rock, nas redondezas e nem tão perto assim. Assisti Rollings Stones em São Paulo, The Cure em Porto Alegre, fui a duas edições do Rock Laguna, porque sou roqueiro mesmo.

Conversando com amigos da mesma idade e até mais novos, percebi que era o sonho de todos ter um evento desse tipo no “quintal de nossa casa”. Eu aproveitei a “vibe” da Oktoberfest, em que Blumenau estava bombando. Tinha um baita esquema comercial, que eu aproveitei e tive também um pouco de sorte. Conheci as pessoas certas na Skol e consegui trazer o evento de uma cervejaria. A Skol queria entrar em Blumenau, mas a Oktoberfest era dividida entre Brahma e Antártica. Eu tinha um projeto e eles o dinheiro.

Em 3 anos, vinha uma banda nacional cada final de semana, então eram sete ou oito dias. Tocaram desde Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Lobão, Kid Abelha, O Rappa, Cidade Negra e o maior de todos os shows, que foi o Mamonas Assassinas.

Até hoje as pessoas lembram e falam sobre isso. Inclusive estou com um livro pronto para lançar sobre os bastidores do Skol Rock. Só não lancei ainda porque falta organizar algumas coisas, como por exemplo, correr atrás do dinheiro para lançar. Mas já está pronto e editado.

OBlumenauense: Parece ser um livro muito interessante.

Fabrício Wolff: Só a história da contratação dos Mamonas Assassinas tem seis capítulos. Se você pegar folder, cartaz ou material promocional do Skol Rock daquele ano, vai ver que o nome da banda não aparece em nenhum lugar. Eles não iam ser contratados. Mas daí aconteceram uma série de coisas no evento, que fizeram com que eu fosse atrás deles. Na época foi muito difícil, já que estavam com a agenda cheia e nós não tínhamos programado. O Skol Rock era para terminar no sábado, dia 21 de outubro de 1995, mas acabamos encaixando o show dos Mamonas Assassinas na última hora. Mas deu certo, porque eles se apresentavam à noite em Florianópolis.

Na época eu cheguei a consultar eles para tocar no Skol Rock como uma das atrações. O valor era muito parecido com as outras bandas que faziam sucesso nos anos 80. Mas Os Mamonas Assassinas só faziam sucesso com “Vira-Vira” e eu não queria banda de uma “música só”. Mas aí no primeiro final de semana do Skol Rok estourou a música “Pelados em Santos”, que tem o refrão da Brasília Amarela. Todo mundo só ouvia aquilo, aí já me interessou. Só que o preço também mais que dobrou. A Skol não concordou em trazê-los, porque já estavam com todo custo programado. E aí nós peitamos e trouxemos eles “na marra”. As coisas que marcam, sempre são as mais inesperadas.

Em setembro deste ano, existe a possibilidade da volta do festival Skol Rock, uma iniciativa do governo do Napoleão Bernardes junto com o atual assessor de assuntos da juventude, João Paulo Taumaturgo. O projeto ainda está em conversações. É cedo para falar sobre isso. Taumaturgo também ressuscitou o Rock na Rua. Eu achei isso muito legal, mas não pude me envolver muito porque não dá tempo. Ele me tirou para “conselheiro”… {risos}

Festival de Música Clássica

Fabrício Wolff: O Festival de Música Clássica em 2007 foi o primeiro que Blumenau teve, uma cidade onde a música erudita é forte. Eu fiz através da Lei Rouanet, mas fora da prefeitura, já que tenho meus projetos particulares também. Eu tenho uma empresa de empreendimentos culturais que trabalha com a lei Rouanet. a Wolff Banco de Projetos, Faço os projetos, envio para ser aprovado em Brasília, depois capto os recursos junto às empresas através da renúncia fiscal.

Em 2010 fiz o 1º Chorfestival – Festival de Corais de Blumenau, com apresentações nas ruas, na frente do Teatro Carlos Gomes, no Centro Cultural 25 de julho, no Parque Ramiro Ruediger, shopping, praças, etc. No mesmo ano, mandei um outro projeto para Brasília (do livro de fotografias do Vale Europeu), aprovei, demorei um pouquinho para captar os recursos, devido ao tempo para fazer as visitas e encontrar os financiadores. Além disso, lecionava nos cursos de jornalismo, publicidade e administração do IBES. Mas tive que reduzir a carga horária porque a prefeitura me consome muito. O tempo fica curto, mas gosto de realizar, fazer acontecer.

 

Foto: Marcelo Martins

A partir dali mudei um pouco o foco e passei dos eventos musicais para a literatura. Esse ano lancei o livro Vale Europeu no mesmo dia em que fiz 50 anos, um fato que me marcou de forma especial, com apoio de empresas da região e do Shopping Neumarkt. O objetivo principal dele é vender turisticamente a região do Vale Europeu, através da cultura do seu povo em suas tradições gastronômicas, arquitetura, conservação do meio ambiente; através das fotografias e com textos quase poéticos que descrevem cada local.

OBlumenauense: Quanto tempo você levou para escrever o livro?

Fabrício Wolff: O projeto total levou três anos e meio, em que dois anos e meio foram só captando recursos. Após as fotografias estarem prontas e as páginas diagramadas, eu me inspirava nelas prontas para fazer os textos, que acabei terminando em um mês. Eu não quis fazer uma descrição simples. Quis “poetizar” um pouco em cima, afinal já tenho dois livros de poesia e gosto bastante disso. Além disso, o texto, assim, fica diferenciado.

Aliás quero fazer um agradecimento especial às empresas WK Sistemas, Mueller Eletrodomésticos, Agrosul Catarinense, Cia Hering, BRDE e Malharia Camila, que propiciaram a realização do livro. Inclusive já recebi uma ligação da Secretaria de Turismo, Lazer e Cultura do governo do estado, pedindo que eu enviasse um exemplar.

OBlumenauense: Como será a distribuição deste livro?

Fabrício Wolff: Ele não se encontra à venda nas livrarias. O foco é a distribuição gratuita para locais em que as pessoas buscam conhecimento. Em termos de Brasil, eles foram enviados para as 100 melhores universidades, as 50 maiores bibliotecas e as 40 maiores operadoras de turismo. Na região, as 49 cidades do Vale Europeu também receberam, onde um foi para a biblioteca municipal, outro para o prefeito, além do secretário de turismo.

OBlumenauense: Você disse que escreveu dois livros de poesia. Quais são?

Fabrício Wolff: Em 2007 lancei o primeiro: “ConcretaMente Abstrata”, onde os poemas são ilustrados com telas de artistas plásticos locais. O segundo foi em 2013, com o título “Aquilo que eu não pensei”, que lancei através do fundo municipal de cultura, onde tem uma fotografia em cada poema. Todos os textos são da época que eu tinha entre 17 e 23 anos de idade. Fiz uma seleção dos melhores, cuja mensagem sobreviveu ao tempo.

OBlumenauense: Tem previsão de lançar algum livro novo?

Fabrício Wolff: Neste momento estou empenhado em dois projetos. Um deles é o livro que consta todos os detalhes dos bastidores do Skol Rock, que está pronto, mas preciso de patrocínios para ser lançado. Já estou conversando com uma empresa interessada, mas… vamos ver no que dá.

O outro livro está na fase de aprovação em Brasília e será ao estilo do Vale Europeu, baseado em belas fotografias, mas sobre Blumenau, contando um pouco da história, com todos os potenciais turísticos e culturais. A partir da aprovação pela lei Rouanet, vou buscar os recursos que pretendo conseguir até dezembro, para então produzir em 2016.

OBlumenauense: Além disso tudo, você também organiza um campeonato de kart, correto?

Fabrício Wolff: Ah, isso é um prazer pessoal, um hobby. Nós temos um grupo de onze pessoas, seis deles da imprensa, que participam de um campeonato anual de kart. As etapas são mensais e vão de fevereiro a novembro. Um dos que participa é o Alexandre Pereira, da RIC Record, aliás bom piloto. Nós acabamos nos metendo para organizar as coisas que gostamos para também poder curti-las. Só que organizá-las também toma tempo, porque tem que agendar com o kartódromo, ir atrás de troféus e medalhas, etc… mas isso é viver. Gosto de viver com intensidade, por isso não paro nunca, fico inventando coisas que me tomam o tempo todo. {risos}