Texto e fotos de João Paulo Taumaturgo
Quantas histórias habitam uma cidade? Tá aí uma pergunta difícil de responder, não é mesmo? OBlumenauense nasceu com o objetivo de registrar os fatos e notícias da nossa cidade, mas também queremos registrar a história dos anônimos e anônimas que ajudaram a desenvolver Blumenau, seja com grandes ações ou nos detalhes, cada um de nós contribui dia a dia.
Para começar, queremos apresentar para vocês a história da Lurdinha, que desde os 12 anos de idade vive no bairro Vila Nova e há 50 anos se dedica ao trabalho voluntário.
Nome: Maria de Lourdes Silva.
Idade: 76 anos.
Com 12 anos Lurdinha chegou em Blumenau. A menina veio de São José dos Pinhais (PR), cidade vizinha de Curitiba, a convite da irmã mais velha que acabou constituindo família no bairro Vila Nova. “Logo que minha mãe faleceu, minha irmã já me convidou e eu acabei gostando da cidade”, relembra ela emocionada. Com 13 anos começou a trabalhar como costureira, profissão que exerceu durante 4 anos.
Aos 17 anos conheceu o Sr. Rubens Silva (in memoriam), ele com 22 anos. Deste encontro surgiu uma união que formou uma família com 6 filhos. “Rubens trabalhava na Hermes Macedo na época, depois foi contratado pela eletro-aço Altona e se aposentou lá. Depois de casada eu fiquei responsável por cuidar da casa e em seguida dos filhos”.
Foi em 1969, então com 26 anos, que começaram os trabalhos voluntários; após a vinda do Padre Alberto Griti, o primeiro pároco da Paróquia Imaculada Conceição, localizada na Rua Joinville, no bairro Vila Nova. “Naquela época todas as ruas aqui eram de barro e o terreno da igreja tinha uma roça de cana-de-açúcar ao redor do galpão onde aconteciam as missas”.
Desde o início da Paróquia, a Lurdinha ficou responsável pela assistência social. Foram milhares de famílias que receberam auxílio, desde roupas até alimentos. “Eu lembro que a gente buscava ensinar as pessoas de como se sustentar, até porque todo mundo precisa viver do suor do seu trabalho né?”, comenta ela relembrando dos dias em que saia para entregar a ajuda que a Paróquia dava para as famílias carentes de bicicleta.
Já se passaram 50 anos, e Lurdinha continua ajudando a Paróquia. Considerada “patrimônio histórico” pelas colegas, ela organiza o brechó da instituição que arrecada uma média de R$ 5.000,00 por mês, valor integralmente convertido para ações sociais. São tarefas que vão desde a entrega de alimentos até o auxílio religioso. O que move Lurdinha é continuar ajudando as pessoas.
Quando perguntada sobre qual mensagem ela deixa para quem quiser seguir uma vida de voluntariado, ela é enfática “Procurar Deus, porque sem Ele é difícil”. E complementa “Com Deus já não é tão fácil” seguido de um sorriso.
Maria de Lourdes Silva é mais uma das pessoas responsáveis pela construção da história de Blumenau. Que sua vida sirva de inspiração!