Como o que aconteceu no PARAJASC 2024 chegou a esse ponto?

A falta de entendimento entre árbitros do atletismo e direção da Fesporte cancelou ou adiou diversas competições. Deputado sugere afastamento do Secretário de Esportes de SC.

A manhã de quinta-feira (30/05/24) foi marcada pela decisão da Fesporte, juntamente com os municípios participantes, de adiar as competições de atletismo dos Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc). A medida foi necessária devido à ausência de árbitros em número suficiente para a realização das provas. A Fesporte anunciou que uma nova data será comunicada em breve.

Além do atletismo, a competição de bocha olímpica também foi adiada, afetando cerca de 800 atletas que participariam da 17ª edição dos Parajasc em Blumenau. No total, o evento conta com 2.200 atletas de 77 cidades. Equipes que já estavam na cidade sede, algumas tendo viajado por horas, foram surpreendidas pela notícia. Outras souberam do cancelamento enquanto estavam a caminho e tiveram que retornar aos seus municípios.

O retorno da realização dos PARAJASC ocorreu após dois anos e todos esperavam com ansiedade pelo retorno desta competição inclusiva. Os paratletas têm necessidades especiais e demandas por conta de suas limitações. Imaginem como isso impacta nos seus emocionais pela frustração, inclusive os seus familiares. É um absurdo inaceitável que merece ser apurado a fundo, porque essa situação chegou nesse ponto. Ou seja, porque não foi resolvido antes?

Em nota de esclarecimento, a Federação Catarinense de Atletismo (FCA) afirmou que dispõe de um quadro de árbitros qualificados e treinados, inclusive para o paradesporto. A federação disse que os árbitros alegaram falta de remuneração digna e pagamento de deslocamento e alimentação. Apenas três profissionais se voluntariaram, número insuficiente para a realização das provas.

A Fundação apresentou um comparativo dos valores pagos à arbitragem em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, evidenciando as diferenças. Enquanto no Rio Grande do Sul os valores incluem transporte, hospedagem e alimentação, em Santa Catarina, a diária para oficiais de mesa varia entre R$ 241,00 e R$ 287,00, dependendo da categoria.

A troca recente de comando na Fesporte, após polêmicas envolvendo o ex-presidente Paulão do Vôlei, acrescenta mais um capítulo à crise. Desde fevereiro, a Fundação é liderada por Freibergue Rubem do Nascimento, um coronel do Exército.

O deputado Ivan Naatz (PL), líder em exercício do governo Jorginho Mello na Assembleia Legislativa, manifestou-se na noite de quinta-feira (30) sobre a situação, classificando o ocorrido como “inaceitável”. Imaginem o tamanho da revolta, afinal o parlamentar faz parte do mesmo partido que o governador, que aliás, não se manifestou nas redes sociais sobre o assunto. Naatz não poupou palavras, inclusive exigiu a demissão imediata do secretário de Esportes e dos responsáveis, afirmando que o governo do estado deve desculpas à população catarinense.

A situação dos Parajasc em Blumenau expôs uma série de desafios organizacionais e de gestão. A Fesporte e a FCA continuam em tratativas para resolver a questão e garantir a manutenção dos calendários das competições em Santa Catarina.

 

Comparativo divulgado pela FESPORTE.