Por Néri Pedroso, com fotos de Cristiano Prim
Depois da turnê nacional com Convite ao Olhar, a Companhia de Dança Lápis de Seda e Cláudia Passos mostram um novo trabalho em Blumenau nesta quarta-feira (29/11/17), às 20h, no Teatro Carlos Gomes. Com a complexidade de um espetáculo com música ao vivo, Será que É de Éter? aproxima música, dança contemporânea e o desejo de homenagear os 50 anos de carreira do cantor e compositor Chico Buarque.
O passeio musical atravessa as décadas de 1960, 70 e 80, com canções interpretadas por Cláudia Passos e banda. Sob a direção coreográfica de Ana Luiza Ciscato e a direção musical de Luiz Gustavo Zago, a intérprete e os cinco instrumentistas se apresentam em meio aos conceitos “cênicos” da sound e light designer Hedra Rockenbach.
O refinado elenco se compõe de Luiz Gustavo Zago, que faz a direção musical e se apresenta no piano, Iva Giracca, no violino, Felipe Arthur Moritz, com sax e flauta, Dudu Pimentel e Leandro Fortes no violão e Alexandre Damaria, na percussão. Com um CD gravado (Mar à Vista), a intérprete Claudia Passos é carioca, mas escolheu Florianópolis para morar. Inserida no circuito musical de Santa Catarina, divide a agenda profissional entre o Rio de Janeiro e a capital catarinense. Entre as duas cidades, participa ativamente de apresentações e shows. Em Será que É de Éter? assina a direção artístico musical.
Entre as músicas selecionadas, algumas aparecem como citação ou mote de transição. Valsinha, Baioque, Olê, Olá, Samba de um Grande Amor, Flor da Idade, Essa Moça, Meu Guri, As Vitrines, Rosa dos Ventos, Lola, Tanto Amar, Beatriz, Cotidiano, Último Blues e Tanto Mar.
A criação e circulação conta com o incentivo do Ministério da Cultura via Lei Rouanet e o patrocínio da empresa Cateno. O trabalho também tem o apoio do governo do Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte e da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), da Prefeitura Municipal de Florianópolis através da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin, da Fecoagro e Projeta Planejamento e Marketing.
A companhia
Corpo, diferença, política de inclusão, independência artística e construção identitária são palavras-chave para a Companhia de Dança Lápis de Seda. Idealizada pelo Baobah Novas Formas de Inteligência em 2014, em Florianópolis (SC), aposta na valorização das diferenças individuais.
Sob a coordenação da diretora artística Ana Luiza Ciscato, Lápis de Seda reúne dez bailarinos com diferentes capacidades e formações. Jovens e adultos, 60% são considerados com deficiência intelectual e/ou motora e 40% sem deficiência. A faixa etária se situa entre 20 e 50 anos.
Com recursos obtidos por leis de incentivo à cultura, o grupo apresenta as coreografias Convite ao Olhar, já visto em oito cidades de Santa Catarina e cinco capitais brasileiras, e Será que É de Éter?, com circulação em Florianópolis e Blumenau (SC).
Cada integrante é parte fundamental do processo criativo, contribui a seu modo para a composição dos trabalhos. A direção aproveita as múltiplas experiências dos bailarinos que abrangem o balé clássico, a dança contemporânea, a afro, a técnica de danceability e o teatro.
A companhia faz apresentações em teatros, espaços fechados e ao ar livre. Busca ampliar as ressonâncias das ações pois também quer discutir a cidade, incorporar a tensão entre arte e vida, com representações que enfocam as relações existentes entre os espaços e os fluxos existenciais.
SOBRE:
Ana Luiza Ciscato: coordenadora da companhia, tem sólida experiência na condução de grupos de dança mistos que incluem pessoas com algum tipo de deficiência motora e/ou intelectual. Autora de um trabalho já reconhecido, trabalha com dança em Associações de Pais e Amigos de Excepcionais (Apaes). Com experiência e vastos serviços nesse campo de atuação, em 2011 ela atende ao convite da organização não governamental britânica Diverse City e do British Council para integrar o projeto Breathe, que posteriormente resulta em Battle for theWinds/Breathe, espetáculo de abertura dos Jogos Náuticos nas Olímpiadas de 2012, em Londres,no qual entra Brasileiríssimo, coreografia concebida por Ana Luiza Ciscato para a turnê inglesa. Entre outras cidades e lugares, esteve no LiveSite – palco ao ar livre criado para a abertura dos Jogos Náuticos, em Weymouth, na Inglaterra.
Cláudia Passos: compositora, cantora e pianista. Lançou o primeiro CD Mar à Vista, em 2013. Com 12 composições, a faixa-título é uma parceria com o maestro e pianista Luiz Gustavo Zago, que também assina a direção musical e os arranjos de todas as canções. Na área acadêmica tem formação em jornalismo e educação musical. Carioca, nos anos 1990 se radicou em Florianópolis, onde começou a se apresentar artisticamente. Alguns trabalhos de destaque: participação no Ciclo Internacional de Compositoras 2016 e 2017;assistente de direção musical, letrista e cantora e no espetáculo Convite ao Olhar,da Cia. de Dança Lápis de Seda; shows Bossa Nova e Tudo +; Nada Será Como Antes; Tem Piano no Samba. Atualmente, prepara o repertório de seu segundo CD Deixa a Lua Entrar, com canções autorais e também de compositoras de Santa Catarina.
Luiz Gustavo Zago: pianista, compositor e arranjador, um dos principais nomes da música de Santa Catarina. Com intensa atuação em palcos e estúdios, é conhecido pela amplitude de gêneros e estilos. Em 2011, recebe da Academia Catarinense de Letras e Artes o prêmio EdinoKrieger como personalidade musical. Sua discografia inclui o disco solo Até Amanhã (2010), que origina o DVD homônimo, gravado ao vivo; o CD Musa Diversa (2011), cujo trabalho culmina com turnê em 2013 na Geórgia e Alabama (EUA). Entre os concertos, viaja com a turnê De Jobim a Piazzolla (2014). Solista de concertos de temporadas da Camerata Florianópolis. Colabora com o Auditório Jurerê Classic desde 2010, onde realiza concertos com o seu trio ou em piano solo. Como pianista e diretor musical, participa em mais de 50 CDs. Como produtor, atua nos quatro discos de Sílvio Mansani e nos discos de estreia das cantoras Tereza Virgínia, Claudia Passos e Daiana D’Ávila. Também cria trilhas sonoras, com destaque para o filme JK no Exílio (2011), uma produção Brasil-França.
Sinopse: Será que É de Éter
A partir do universo criativo de Chico Buarque, mestre na arte de enaltecer o homem comum, o espetáculo contrapõe a imagem de uma multidão de faces anônimas e individualidades perdidas. Na jornada da Lápis de Seda, a permanente busca das diferenças. Em vez da negação, a evidência; em vez da ocultação, a valorização. Ao invés das semelhanças, a descoberta de outros lugares de aceitação, a crença de formas singulares de convivência coletiva, o desejo de pertencimento e de encontro com o sem igual. Criação coreográfica colaborativa, a partir de movimentações trazidas pelos bailarinos, a partilha de vida e cotidiano carregados de inquietações e poesia, a revelação de como se enquadram anonimamente na multidão e se libertam das amarras por meio da dança. Com expressivos músicos e a interpretação de Claudia Passos, a experiência quer a potência daquilo que está além de cada um, ou seja, uma possível expansão de novos significados.
Equipe técnica
Será que É de Éter? (1h)
Direção geral e coreografia: Ana Luiza Ciscato
Direção artístico musical e intérprete: Cláudia Passos
Direção musical e arranjos: Luiz Gustavo Zago
Coordenação geral: Arte Movimenta
Produção executiva: Neiva Ortega
Bailarinos: Ana Flavia Piovezana, Aroldo Gaspar, Deivid Velho, Fabiana Marques, Gabriel Figueira, João Paulo Marques, Maura Marques, Paulo Soares, Ramon Noro, Roberta Oliveira e Silvia Gevaerd (bailarina estagiária)
Banda: Luiz Gustavo Zago (piano), Iva Giracca (violino), Felipe Arthur Moritz (sax, flauta), Dudu Pimentel (violão), Leandro Fortes (violão) e Alexandre Damaria (percussão)
Iluminação/cenotécnico: Hedra Rockenbach
Figurinista: Gabriela Bosco Dutra
Sonorização: Juarez Mendonça Jr.
Fotografia e vídeo: Cristiano Prim
Projeto gráfico e criação de máscaras: Ramon Noro
Será que É de Éter – Cia. Lápis de Seda- Claudia Passos e Convidados
Data e horário: quarta-feira (29), 20h
Local: Teatro Carlos Gomes, rua 15 de Novembro, 1.181, centro, Blumenau, tel.: (47) 3144-7166
Entrada: R$ 40/ R$ 20 (meia)
Apoio: Governo do Estado de Santa Catarina/Fundação Catarinense de Cultura, Prefeitura Municipal de Blumenau, Fundação Cultural de Blumenau
Realização: Arte Movimenta
Patrocínio: Ministério da Cultura e Cateno
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