A pandemia da Covid-19 vem causando um profundo impacto nas estatísticas vitais da população brasileira. Além das mais de 17 mil vítimas fatais atingidas pela doença no Estado, o novo coronavírus vem alterando a demografia de uma forma nunca vista desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil em Santa Catarina em 2003. Nunca se morreu tanto e se nasceu tão pouco em um primeiro semestre como neste ano de 2021, resultando na menor diferença já vista entre nascimentos e óbitos nos primeiros seis meses do ano.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Em números absolutos os Cartórios catarinenses registraram 32.529 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 89,8% maior que a média histórica de óbitos no Estado, e 59,9% maior que os ocorridos no ano passado, com a pandemia já instalada a quatro meses em Santa Catarina. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 60,9%.
Com relação aos nascimentos, o Estado registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde 2015. Até o final do mês de junho foram registrados 50.378 nascimentos. Com relação à 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o número de nascimentos caiu 4,22% no Estado.
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da histórica em um primeiro semestre versus o menor número de nascimentos da série histórica no mesmo período é o menor crescimento vegetativo da população em um semestre no Estado, aproximando-se, como nunca o número de nascimentos do número de óbitos.
A diferença entre nascimentos e óbitos que sempre esteve na média de 29.594 mil nascimentos a mais, caiu para apenas 17.849 mil em 2021, uma redução de 39,7% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 43%, e em relação a 2019 foi de 44,8%.
“O Portal da Transparência traz diversos dados de todo o País, que nos possibilitam embasar prognósticos”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil. “Com esses números, os gestores públicos podem mensurar o impacto da pandemia na sociedade e, a partir dele, planejar novas ações”, completa.
Natalidade e Casamentos
Embora não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade em Santa Catarina, o que deve auxiliar na recuperação dos nascimentos no Estado. No primeiro semestre de 2021, o país registrou o quarto menor número de casamentos nos últimos dez anos.
Os números do primeiro semestre de 2021 já são 4% maiores que a média histórica de casamentos no Estado, mostrando uma recuperação em relação às celebrações do ano passado, fortemente impactadas pela chegada da pandemia que adiou cerimônias civis em virtude dos protocolos de higiene necessários à contenção da doença. Até junho deste ano os Cartórios celebraram 13.446 casamentos civis, número 33,4% maior que os 10.076 matrimônios realizados no ano passado, mas ainda 7,4% menor que os 14.527 casamentos celebrados em 2019.
Sobre a Arpen-SC
Fundada em outubro de 2003, a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Santa Catarina (Arpen-SC) representa a classe dos Oficiais de Registro Civil de todo o Estado, que atendem a população em todos os municípios catarinenses, realizando os principais atos da vida civil de uma pessoa: o registro de nascimento, o casamento e o óbito.