Por Miriam Mesquita
Um grito de mães em defesa dos filhos: é assim que a Organização não Governamental (ONG) Mães do Amor em Defesa da Diversidade pretende marcar a data de 17 de maio em Blumenau. O ato está marcado para o meio-dia desta quarta-feira (17/05/23), nas escadarias da catedral São Paulo Apóstolo. Diversas entidades que atuam na defesa dos Direitos Humanos já confirmaram presença.
No dia 17 de maio de 1990, o termo “homossexualismo” deixou de ser considerado como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por isso a data tornou-se dia de luta da população LGBTQIA+ para reafirmar sua existência, para que seja ouvida, vista, respeitada e para que tenha o direito de existir como qualquer cidadão.
O número de mortes violentas de pessoas LGBTI+ no Brasil é alarmante. Só no ano de 2022 ocorreram 273 mortes: 228 assassinatos, 30 suicídios e 15 por outras causas. Os dados são do Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+, produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+.
O levantamento é feito por meio de uma base de dados compartilhada entre três instituições, que contém os registros dos casos noticiados em jornais, portais eletrônicos e redes sociais. No relatório, a sigla LGBTI+ se refere a pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres e homens trans, pessoas transmasculinas, não binárias e demais dissidências sexuais e de gênero.
Entre os anos 2000 e 2021, foram 5362 assassinatos no país, resultado do preconceito e da intolerância. A maioria das vítimas de violência tem entre 20 e 39 anos e são mortas de maneira brutal, esfaqueadas, espancadas, enforcadas, queimadas e assassinadas a tiros. “Estes eram nossos filhos, filhos de outras mães, avós, tias e tios” – relata Rosane Magaly Martins, presidente da ONG Mães do Amor. Ainda segundo ela “ninguém escolhe sofrer preconceito – as diversas identidades de gênero estão aí desde que o mundo é mundo e todas têm o direito de estar e de viver com dignidade e respeito, como todos e todas nós”. O preconceito, discurso de ódio e intolerância têm grande impacto e consequências na vida das pessoas LGBTQIAP+. Muitas são expulsas de casa, deixam de estudar, têm dificuldade em encontrar qualificação e emprego e são vítimas de violência de todo tipo ao longo de suas vidas, que muitas vezes as levam ao adoecimento e ao suicídio.
A violência choca quando está nas manchetes, mas grande parte das atitudes discriminatórias não é conhecida pelo grande público. Em Blumenau, por exemplo, uma mulher pediu que uma universidade cancelasse a bolsa de estudos de um aluno gay porque este mantinha amizade com o seu filho. O caso teve que ser levado à justiça, já que a mulher, ao ser confrontada por advogados, recusou-se a reconhecer sua atitude discriminatória.
É em defesa da vida e da dignidade humana que o ato desta quarta-feira, 17 de maio, será realizado, bem no centro da cidade, em um local simbólico de amor e harmonia. O debate e a visibilidade sobre o tema da violência contra essas pessoas é um grande passo para que a comunidade aprenda a respeitar a diversidade. A construção dessa sociedade é nossa responsabilidade.