Fotos e entrevistas: João Paulo Taumaturgo | Texto final: Claus Jensen
Em agosto de 2003 foi inaugurada a Cervejaria Bierland em Blumenau. Traduzindo do alemão, é “Terra da Cerveja” uma homenagem à cidade conhecida também como capital nacional da bebida. A fábrica da Bierland está instalada na Itoupava Central, um dos bairros que melhor preserva os costumes alemães. Quando começou, a capacidade inicial instalada era de 20 mil litros, e os dois primeiros produzidos foram o Pilsen e Amber.
Hoje são comercializados 12 tipos de cerveja, um deles lançado na noite em que foram comemorados os 12 anos da maior cervejaria genuinamente blumenauense. O João Paulo Taumaturgo partipou da comemoração desta data tão especial nesta noite de sábado (22). Conversamos com Eduardo Krueger, co-fundador e um dos sócios da Bierland; e também com Osmar Francisco Faria, cervejeiro da empresa.
OBlumenauense: Eduardo, como iniciou a história da cervejaria e qual a sua avaliação dessa trajetória?
Eduardo Krueger: Tudo começou em 2003 com a paixão pela cerveja, misturada com a vontade de diversificar os negócios. Nós percebemos o ressurgimento do interesse pela cerveja artesanal e decidimos investir no projeto da cervejaria. Na época, foi um grande desafio.
OBlumenauense: Recentemente a Bierland teve mais uma cerveja premiada, a Viena. Quais as últimas premiações?
Eduardo Krueger: Nós atualmente temos 12 cervejas e conquistamos 5 medalhas nos dois últimos concursos que participamos. Os dois foram Inglaterra: World Beer Awards e World Beer Challenge. Recebemos uma medalha de ouro, outra de prata e três de bronze. É importante ressaltar, que todas as nossas cervejas já foram premiadas algum tipo de medalha.
OBlumenauense: Além de participar de concursos, vocês promoveram um para cervejeiros caseiros?
Eduardo Krueger: Todos os anos promovemos o Concurso Cervejeiro Caseiro Bierland, que entra na 4ª edição em 2015. Dessa vez colocamos como desafio fazer a melhor cerveja no estilo American Barley Wine. Além de comemorar o aniversário de 12 anos, anunciamos os 3 vencedores do concurso, com medalhas de ouro, prata e bronze. A vencedora ficou muito boa.
Da esquerda para direita: Eduardo Krueger, um dos sócios da Bierland; o representante de Lúcio, nosso medalha de bronze; Vinícios, medalha de ouro, Mário, medalha de prata; e o sommelier de cervejas da Bierland, Yuri Holbrich. | Foto: Divulgação
OBlumenauense: Nesta noite também tem novidade na linha da Bierland. Fale um pouco mais dessa nova cerveja, a IPA?
Eduardo Krueger: A Bierland já possui o registro MAPA, emitido pelo Ministério da Agricultura, há 6 anos. Queríamos ter lançar há mais tempo, então colocamos esse desafio em janeiro e finalmente lançamos a cerveja. O nosso cervejeiro e sommelier da época fez um belo trabalho, e escolhemos o aniversário de 12 anos, para lançar a nossa 12ª cerveja. A American IPA é uma cerveja bem amarga e cítrica, que lembra frutas.
OBlumenauense: Qual a capacidade de produção da Bierland e qual a abrangência de vendas dos produtos?
Eduardo Krueger: Hoje nossa capacidade de produção fica em torno de 100 mil litros por mês. O chopp é vendido regionalmente para todo o Vale do Itajaí e Litoral, através de um parceiro nosso que faz a distribuição. Já a cerveja em garrafa, é comercializada para todo Brasil em lojas, empórios e casas especializadas. Temos distribuidores no Sul, Leste, Sudeste, Centro oeste, além de alguns clientes no Nordeste e Norte.
OBlumenauense: Estamos com Osmar Francisco Faria, cervejeiro da Bierland. A primeira pergunta é o que faz um cervejeiro?
Osmar Francisco Faria: Todo mundo brinca “ah .. cervejeiro só bebe”. Mas é um trabalho muito minucioso, que vai desde a escolha da matéria prima; e o cuidado com a fermentação, maturação, incluindo todo o desenvolvimento do produto, para mandar o produto com 100% de qualidade ao mercado. Hoje toda a parte de degustação é feita sensorialmente, já que nenhum maquinário oferece o que “a gente sente”. É no paladar que sabemos se ela está pronta, no sabor e aroma que a cervejaria quer.
OBlumenauense: O mestre cervejeiro é o grande líder de vocês?
Osmar Francisco Faria: Costumamos chamar mestre cervejeiro quem tem um mestrado. Eu tenho o curso de cerveja em Vassouras/RJ e outros em Blumenau. Hoje a Bierland trabalha com dois mestres cervejeiros, além do Yuri Holbrich que é nosso sommelier. Eu e o Robert estamos há 12 anos na cervejaria. Até quatro anos atrás, tínhamos um outro mestre cervejeiro, que acabou saindo e foi quando nós assumimos.
OBlumenauense: Qual sua visão do mercado das cervejarias artesanais como um todo?
Osmar Francisco Faria: Há doze anos atrás esse mercado estava começando a engrenar com cervejas artesanais. De uns 6 a 7 anos para cá, esse mercado tem crescido com cada vez mais força. Quando nós começamos, o acesso à matéria prima, como malte, lúpulo e fermento era complicadíssimo. Hoje esses produtos são mais fáceis de aquirir, muitos deles importados. Já tem pessoas inoculando fermento no Paraná e Espírito Santo, e aos poucos estão vindo para cá, ficando cada vez mais acessíveis. O mercado não pára de crescer, tanto que quando começamos tinham uma ou duas cervejarias no estado. Hoje já temos mais de 20, parece até que tem uma nova a cada dia.
OBlumenauense: A cada ano vocês lançam uma cerveja nova. Alguma previsão para o ano que vem?
Osmar Francisco Faria: Nós estamos com alguns registros no MAPA, com inúmeras cervejas que podemos lançar. Estamos vivendo o desafio de ampliação da fábrica e reformulando o layout da adega. Depois disso, vamos pensar no assunto, mas com certeza teremos alguma surpresa para o próximo ano. Nós temos três cervejas, resultado de concursos cervejeiros: Blond Ale, Wit Beer e a Scotch Ale. Neste ano tivemos um novo lançamento, que sempre é feito em março no Festival Brasileiro de Cervejas. Uma dos prêmios, é possibilidade de fabricar a cerveja criada em grande escala conosco.
