O dia 7 de Setembro foi especial para os integrantes da Banda Cruzeiro, de Blumenau. É o mais antigo grupo musical em atividade no Estado, que foi fundado nessa mesma data em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial.
Tudo começou um pouco antes, em meados de 1936, quando Henrique Rothbarth tinha 11 anos. O menino saía de bicicleta para ir até a casa do Sr. Danker, em Guaramirim. Além de professor de bandoneon, ele também tinha uma pequena oficina de instrumentos musicais.
O pequeno Henrique passava a semana na casa dos Dankers, onde ajudava a família na lavoura como forma de pagar as aulas de bandoneon, sempre ministradas à noite. Quatro anos depois, junto com os amigos Edmundo Anunciação (Bateria) e Bernardo Otto (Clarinete) fundaram a banda Jazz Cruzeiro.
A primeira apresentação foi numa festa de uma escola na localidade de Rio Bonito, no município de Massaranduba. Meses depois, quando começaram a ser procurados para tocar em mais festas, o trio convidou novos cinco músicos. As canções agora eram executadas com mais instrumentos como trombone, tuba, sax alto, sax soprano, trompete, além do bandoneon, do clarinete e da bateria.
O deslocamento de Blumenau para cidades como Pomerode, Gaspar, Luiz Alves, Jaraguá do Sul, entre outras, era feito com carroças, cavalos e bicicletas. Mas quando as apresentações eram em localidades mais distantes, recorriam ao automóvel modelo Ford A de Martin Manke, um dos integrantes da banda.
Muitos dos eventos na época, como as festas de Rei e Rainha dos Caças e Tiros, começavam no sábado de manhã, depois todos almoçavam no salão, sempre regado a música. No período da tarde acontecia a disputa de tiro para o reinado do próximo ano.
Quando o competidor acertava o centro do alvo, a banda tocava uma música, tradição na época. A numeração dos alvos começava com um e ia até doze, quando o atirador acertava o centro. As competições geralmente encerravam por volta das 17h, e logo depois, às 20h, começava o baile que seguia até o amanhecer do dia seguinte.
A rotina cansativa fez necessário aumentar os integrantes da banda, principalmente para os instrumentos de sopro, que precisam de muito fôlego. Além desses eventos, o Cruzeiro tocou para muitos casamentos, muitos deles eram realizados nas casas dos noivos ou dos pais.
Parte dos integrantes permaneceu até o início até a década de 1960, quando alguns se aposentaram. Ao longo de sua história, vários músicos deixaram o grupo pelos mais variados motivos como trabalho, saúde, entre outros.
Outro momento de mudança foi nos de 1970, quando foram adquiridos os primeiros instrumentos elétricos. Na década seguinte, quando Osnir Carl, genro do fundador, assumiu a direção da banda, ela passou a se chamar Cruzeiro Musikanten.
A partir de 1985, a banda começou a se apresentar na Oktoberfest de Blumenau e nunca mais deixou de participar. A facilidade de mobilidade levou as apresentações para várias regiões do Brasil, período em que novos músicos passaram a integrar a banda.
No dia 2 de setembro de 1990, depois de 50 anos de carreira, Henrique Rothbarth, começou a curtir sua merecida aposentadoria. Atualmente o mais antigo integrante que toca no Cruzeiro é Adilson Rogério Behling, com mais de 30 anos, trazendo os melhores acordes com seu trompete.
O grupo musical mudou novamente o nome e passou a se chamar de Banda Cruzeiro. Atualmente a banda é coordenada pelo neto do fundador, Jonas Eduardo Carl. Ele será entrevistado por Claus Jensen nas redes sociais (Facebook ou Youtube) do portal de notícias OBlumenauense a partir das 21h15 desta quarta-feira (9/09/20).
Composição atual da banda:
- Adilson Rogério Behling – Trompete – Mais antigo da Banda cruzeiro – mais de 30 anos.
- Dorival Peyerl – Sax Tenor
- Pablo Roberto Brehmer – Trombone
- Valmir Starke – Contra baixo
- Douglas Reinert – Vocal
- Schanna Sloboda – Vocal
- Vanderlei Martins – Teclados e Acordeon
- Marcelo Adriano – Guitarra
- Rafael Natan Garbinato – Bateria
- Técnico Áudio: Claudiomir Fiamoncini
- Técnico Iluminação: Maikon Zuchi
