O amanhecer desta segunda-feira (26/08/24) na Praia do Rosa, em Imbituba (SC), foi marcado por uma cena de profunda tristeza e reflexão sobre a vida marinha. Uma baleia-macho da espécie bryde (Balaenoptera sp.), cercada por sangue, foi encontrada morta, evidenciando a urgência da preservação das espécies.
No passado, esses gigantes dos mares eram caçados pela extração de óleo e carne, mas hoje, a consciência sobre a importância da vida nos oceanos é cada vez maior, impulsionada pelo trabalho incansável de ONGs e entidades como a ProFRANCA, que se dedicam à documentação e preservação da vida marinha.
A baleia, que pode atingir até 15,5 metros de comprimento e pesar 26 toneladas na fase adulta, conforme informou o ProFRANCA, projeto dedicado ao estudo das baleias-francas no litoral brasileiro, com o apoio da Petrobras. Segundo Karina Groch, diretora do projeto, a equipe está mobilizada para estudar o caso. “As baleias de bryde são relativamente costeiras e já foram avistadas algumas vezes em nosso litoral”, comentou Groch.
A região onde o encalhe ocorreu faz parte do Trecho 2 do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), cuja responsabilidade é do Instituto Australis. A necropsia do animal será conduzida pelo Laboratório de Zoologia da UDESC/Laguna, enquanto outras entidades como a APABF, o Instituto Australis, a Associação R3 Animal, a Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC, o Museu de Zoologia da UNESC, o Corpo de Bombeiros, a Capitania dos Portos e a Polícia Militar Ambiental foram acionadas para colaborar na ocorrência.
O ProFRANCA, conduzido pelo Instituto Australis com patrocínio da Petrobras e apoio do Governo Federal, reforça a importância de iniciativas voltadas à conservação e monitoramento das baleias, especialmente em regiões como a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca.
A população global de baleias da espécie Bryde (Balaenoptera brydei) é estimada em cerca de 100 mil indivíduos. Esses enormes animais são encontrados principalmente em águas temperadas e tropicais, distribuídas por todos os oceanos do mundo. No Brasil, elas são mais comuns no litoral durante a primavera e o verão.
As baleias desempenham um papel crucial no ecossistema marinho. Elas ajudam a manter o equilíbrio dos oceanos ao reciclar nutrientes e aumentar a produtividade primária. Ao liberar plumas fecais perto da superfície, as baleias fertilizam o fitoplâncton, que é responsável por cerca de 50% da produção de oxigênio do planeta. Além disso, as carcaças das baleias, após a morte, fornecem alimento e abrigo para diversas espécies marinhas, contribuindo para a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas oceânicos.