O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, anunciou nesta quinta-feira (6/04/23) que determinou à Polícia Federal (PF) a instauração de um inquérito para investigar a atuação interestadual de organismos nazistas no Brasil.
A determinação ocorre após ataque a uma creche em Blumenau, onde um homem invadiu a unidade, matou e feriu crianças. Na semana passada, uma escola em São Paulo também foi alvo de um atentado e uma professora foi morta.
Em março, o massacre na escola Raul Brasil, em Suzano (SP), completou quatro anos. O crime foi praticado por ex-alunos que mataram sete pessoas e depois se suicidaram.
Os autores desses crimes foram identificados como ativos em fóruns da internet, onde predominam os discursos de ódio misóginos, supremacismo branco, bullying e nazismo. Diante disso, o ministro determinou a instauração do inquérito, pois há indícios de atuação interestadual desses organismos e possível configuração de crimes previstos na Lei 7.716/89, que pune crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Um relatório com diagnóstico desse tipo de violência nas escolas e possíveis soluções foi elaborado na transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2022, intitulado “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”. O documento mostra que desde a primeira década dos anos 2000, houve 16 ataques em escolas no Brasil, dos quais quatro ocorreram no segundo semestre do ano passado, resultando em 35 mortos e 72 feridos.
Para prevenir a violência nas escolas e combater o que chama de extremismo de direita, o governo anunciou a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial para propor políticas de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas. Além disso, o ministro Flavio Dino também anunciou a liberação de R$ 150 milhões para ampliar as patrulhas escolares em todo o país e promover a cultura de paz e não violência na sociedade.