A falta de um acordo entre os trabalhadores do transporte coletivo, através do sindicato que os representa, Sinditranscol, e da Blumob, empresa concessionária, pode acabar em greve na semana que vem. Mas não há nenhuma confirmação oficial. O assunto veio a tona durante uma entrevista na Rádio Nereu Ramos, do presidente do Sinditranscol, Pradelino Moreira da Silva, ao jornalista Paulo César da Silva.
Já foram três reuniões sem acordo, e a data base da categoria foi dia 1º de novembro. Elas aconteceram nos dias 6, 7 e 8 desse mês, com presença do SETPESC, representando as empresas patronais, da qual faz parte a BluMob.
Segundo a concessionária, houve evolução nas discussões em relação à pauta social, vinculadas à aceitação da proposta do lado empresarial, com manutenção das cláusulas de benefícios já existentes e outros pontos solicitados pelo sindicato.
O sindicato dos trabalhadores reivindica, além do INPC de 4%, um aumento real de 5% nos salários e 12,33% sobre o vale alimentação, e entre outros itens.
Com o reajuste solicitado, os salários de motoristas passariam para R$ 2.672,42 e R$ 1.564,50 para cobradores. O vale alimentação de todos passaria para R$ 820,00 mensais.
O reajuste de 9% nos salários, que conforme contrato da concessão pesa 65,17% na tarifa, teria impacto já a partir de 1 de dezembro deste ano de 5,87%, o que corresponde a um aumento de R$ 0,24 na tarifa de todos os usuários.
Ainda de acordo com a BluMob, ao longo dos últimos 10 anos, somente como exemplo, o aumento dos salários e benefícios dos funcionários acumula forte alta em relação à inflação. Assim, não há como se falar em perdas, uma vez que a reposição inflacionária já foi oferecida também este ano, sendo muito superior ao que ocorreu com centenas de acordos e convenções firmados este ano no estado de Santa Catarina e na cidade de Blumenau, quando o INPC foi de metade do atual.
A Blumob diz que até o momento não houve qualquer comunicação formal sobre greve, conforme prevê a legislação. “Acreditamos que não há espaço também para causar prejuízos aos usuários sem a devida comunicação prévia, em tempo hábil, ainda com uma negociação em andamento”, informou em nota.
A empresa confia no diálogo e permanece aberta para as negociações. “A greve causa enormes impactos aos funcionários e principalmente aos usuários, às empresas e comércio da cidade. Com todas as obrigações em dia e uma proposta extremamente coerente com o momento econômico do país e da cidade, com seus impactos que já serão sentidos por todos os usuários e a economia local, não há argumentos que justifiquem posições intransigentes”, finaliza o comunicado da Blumob.
Prefeitura se posiciona sobre negociação salarial do transporte coletivo
A Prefeitura de Blumenau, por meio do Seterb, disse que vem acompanhando os desdobramentos da negociação salarial dos trabalhadores do transporte coletivo da cidade.
Segundo a nota, até o momento, a Administração Municipal não foi informada sobre paralisação, aviso que deve ser feito com 72 horas de antecedência conforme prevê a legislação.
Com relação à pauta de reivindicação dos trabalhadores, os itens que se referem ao aumento real do salário de motoristas e cobradores preocupam a Prefeitura. O Município sabe a importância dos funcionários para a operação diária, mas caso seja dado o reajuste de 9%, conforme solicitado pela classe, o valor da tarifa aumentaria R$ 0,24 já em janeiro. Se for concedido apenas o reajuste do INPC em parcela única, o valor da tarifa teria impacto bem menor. Por isso, a Prefeitura pede sensibilidade, tanto da concessionária, quanto do sindicato, para que o usuário não sofra com as consequências desse processo.
Vale lembrar que a Prefeitura de Blumenau já se manifestou publicamente diversas vezes sobre as dificuldades financeiras ocasionadas pela crise financeira em todo o país, com aumento significativo das despesas. Importante relembrar que na negociação entre Prefeitura e servidores públicos, os servidores aceitaram proposta do Municipio de pagamento em três parcelas do INPC aos trabalhadores, evitando impacto dos serviços prestados à população, o que seria inevitável em hipótese de maior reajuste.