Texto: Claus Jensen | Fotos: Alcione Alvim da Silva
Quem passou nesta manhã de segunda-feira na sinaleira da Rua João Pessoa com a Sete de Setembro notou uma mulher vestida de Minnie com um cartaz escrito: “Que tal ser feliz hoje? Assim também fico! Sorria… e tenha um ótimo dia”. De quase todos dos carros se sente recebida, compreendida, recebe buzinadas, sorrisos das crianças. .
Essa mensagem de otimismo esconde uma situação difícil que a técnica de segurança no trabalho, Patrícia Regina da Silva de 38 anos, passa no momento. Ela pede ajuda aos ocupantes dos carros para enfrentar o desemprego que tem feito até faltar comida em casa. Tudo começou em janeiro desse ano, e o resultado foi uma depressão. Mas agora ela está se erguendo para conquistar um novo espaço.
Com as contas atrasadas, falta de dinheiro para pagar aluguel e até colocar comida na mesa, ela decidiu ir na sinaleira pedir dinheiro. “Pedir ajuda não é humilhante, roubar sim é motivo para vergonha” comentou. Na última sexta-feira (29/7/16) tirou uma velha fantasia de Minnie que tinha, comprou um saco de pirulitos fez esse cartaz e imprimiu folhetos explicando sua situação e resolveu ir à luta. Começou ficando no semáforo em frente do Corpo de Bombeiros e Terminal da Proeb. Disse que lá as pessoas não foram tão solidárias quanto na sinaleira da Rua João Pessoa, para quem acessa a Rua Sete de Setembro.
“Na sinaleira da Rua Sete de Setembro, muitos nem abriam o vidro, diferente da Rua João Pessoa onde as pessoas ouviam minha história. Muitos simplesmente queriam conversar e contavam suas próprias histórias. As crianças eram as mais animadas, porque ganhavam um pirulito”, comenta Patrícia. “Alguns empresários ficaram com meu contato e veriam se poderiam me colocar. Outros contatos me renderam ministrar um curso de segurança no trabalho em sua empresa”.
O resultado nos primeiros dias daquelas pequenas colaborações renderam R$ 250. E sabem quem mais ajudou? As pessoas humildes que transitavam em carros mais populares. Muitos não tinham dinheiro na hora e perguntaram se ia voltar no dia seguinte. Durante esses poucos minutos aguardando a abertura do sinal, ela conheceu pessoas que estavam com a mãe na UTI, outras que perderam entes queridos recentemente e até quem deu seus únicos R$ 10 no bolso.
Em algumas exceções, também se sentiu desprezada pela indiferença, onde sequer baixavam o vidro para saber do que se tratava. Todos esses poucos casos foram de homens em bons carros.
Patrícia disse que tem uma filha de 20 anos (está empregada), é solteira e já pediu ajuda em programas do governo onde pode, mas é tudo muito burocrático. Ela disse que já enviou currículo para várias agências de emprego, porque o que quer mesmo é trabalhar naquilo que é formada: Técnica em Segurança de Trabalho. Silva chegou a cursar alguns semestres de pedagogia, mas desistiu e está com a matrícula trancada no curso de engenharia de produção em função da situação financeira.
“Já mandei mais de 400 currículos e sou uma profissional que não faltam qualificações”, comenta. Apesar de estar na sinaleira pedindo, ela disse que ganhou em troca muitos sorrisos e energias positivas que deram ainda mais força.
Sabem o que motivou ela a levantar depois de uma depressão? Um dia veio alguém pedir ajuda e ela estava sem nada. Disse que sua vida financeira sempre foi bem tranquila, nunca passou por algo parecido. Não poder ajudar foi a gota d’água para agir. Quem quiser ou puder ajudar, pode entrar em contato com ela pelo celular (47) 9178-7753 ou pelo e-mail pati_yasmin@hotmail.com.