OBlumenauense faz entrevista exclusiva com Timothy Altaffer

Timothy-Altaffer_01Timothy Altaffer trabalha há mais de 30 anos, com marcas líderes no mundo como DuCoco, Novartis, Bacardi, Anheuser- Busch, Philip Morris, CPC International e Unilever. Destes, são 10 anos de experiência como CEO. É sócio da Peerstone Partners, instalada na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). A empresa presta consultoria em planejamento, estratégia, desenvolvimento organizacional e gestão da mudança e Associated Partner da Axialent Brasil, multinacional de consultoria focada no desenvolvimento de cultura e lideranças.

Altaffer também é professor há mais de 10 anos, coach certificado, diretor do Hospital Samaritano (SP), Mestre em Finanças/Negócios Internacionais (Stern / New York University) e Bacharel em Economia (Lehigh University). Ele irá ministrar o curso “Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance”, que faz parte do programa SBA Ultra Performance – SBA UP. O treinamento acontece nos dias 15 e 16 de julho, em Blumenau, com carga horária de 16 horas, e é realizado pela SBA Consultores Associados.

Neste momento de crise, é que precisamos nos adaptar e recriar nas empresas. Acompanhe a entrevista que fala sobre a importância do desenvolvimento de lideranças nas empresas.

OBlumenauense: Cada empresa tem uma cultura organizacional diferente, que estimula a competitividade (construtiva) e produtividade. Ela deve ser criada ou aproveitado o melhor de cada prática nos diversos setores?

Timothy Altaffer: Cultura vai existir de uma forma ou outra. Pode deixar a cultura “acontecer” ou pode “moldar” de acordo com as intenções dos donos / líderes das empresas. Descrevo cultura como a personalidade de uma organização—“a forma como fazemos as coisas por aqui”. Algumas dessas “formas” produzem resultados desejados de longo prazo; algumas não. Acredito ser vital entender e “desenhar” a cultura “ideal”, e preencher o espaço entre o que as pessoas advogam e o que realmente acontece—pois a lacuna comportamental irá viabilizar ou impossibilitar a consecução dos seus planos de sucesso.

Uma cultura normalmente é mais forte do que os indivíduos que atuam nela. Uma boa cultura elevará cada pessoa a um alto padrão de atitude e comportamento, sendo que uma cultura ruim encorajará atitudes e comportamentos ruins. Indivíduos que naturalmente tendem a ser construtivos e responsáveis podem se tornar opositores e irresponsáveis em uma cultura onde esta é a norma. Por este motivo, gerenciamento de cultura é uma parte essencial de qualquer estratégia para obter o melhor das pessoas.

Uma cultura pode ser um patrimônio ou um problema, dependendo dos comportamentos que ela encoraja. Por exemplo, um grupo onde a norma é participar de reuniões para adotar decisões estratégicas e operacionais embasadas versus um grupo em que as pessoas ficam quietas e guardam suas opiniões para si próprias.

OBlumenauense: O líder em uma organização é um exemplo a ser seguido. No mundo dos negócios, ele pode ser um grande profissional e nem sempre uma grande pessoa. É possível as duas partes não se misturarem e mesmo assim inspirarem os liderados?

Timothy Altaffer: Creio que não! O desenvolvimento e gestão de uma cultura consciente e efetiva exigem líderes conscientes que demonstrem as atitudes, crenças e comportamentos corretos, e não somente as habilidades “profissionais”. Embora a maioria das empresas reconheça que a implementação bem sucedida da sua estratégia depende das pessoas, a grande maioria não tem conseguido construir uma cultura que define um padrão de comportamento para garantir o sucesso. Esses incluem líderes cujos comportamentos refletem os padrões necessários, valores centrais fortes que modelam decisões e pessoas que assumem responsabilidade pelo seu comportamento assim como por resultados financeiros.

OBlumenauense: A crise traz uma cultura do medo, onde perder o emprego pode ser um grande fantasma. Como o líder deve inspirar o melhor das pessoas, quando a empresa enfrenta problemas de mercado, com baixa de vendas?

Timothy Altaffer: A crise traz comportamentos defensivos nas pessoas, que reagem para proteger seus empregos e seus estilos de vida. Esta reação pode se manifestar em comportamentos passivos (“eu vou me esconder”) ou agressivos (“eu vou me impor”). Nos dois casos, a vitimização vira regra, com um resultado final de multiplicar o “medo” e preocupação de todos. Aí, sim, a crise pode se instalar, e a “cultura de medo” pode crescer.

Nesta situação, os líderes devem agir como modelos dos comportamentos produtivos desejados. Um líder consciente que “walk the talk” pode trazer confiança e protagonismo para a organização, e pode ajudar que todos foquem seus esforços sobre o que pode ser feito para melhorar a situação da empresa, e não na situação que é culpado pela crise (que não é controlável).

OBlumenauense: Quais as atitudes diárias mais importantes para exercer liderança?

Timothy Altaffer: Há muitas, e podem variar de acordo com a pessoa e o contexto. No seu trabalho pioneiro, Jim Collins (“Good to Great”) descreve um líder “Nivel 5”, que tem as seguintes atitudes / comportamentos: Resolução, Modéstia. Motivação por meio de padrões e não por carisma, Impulsionado por resultados sustentáveis, Auto motivadas, Aprendizes, Escolhas consistentes, Trabalho em equipe e co-criação, Realização de autópsias sem culpa, Discussões abertas e verdadeiras, Aderência ao conceito de ouriço (foco) e Dualidade: consistência vs. liberdade (“empowerment”).

OBlumenauense: Coaching é o assunto do momento nos meios administrativos. Como avaliar a boa qualidade de um trabalho realizado nessa área?

Timothy Altaffer: A prática de coaching executivo varia em profundidade e duração e se destina a atender várias necessidades, desde a aplicação de conceitos vistos num seminário a reais situações de trabalho, ajudando um executivo a enfrentar dificuldades e problemas ou a melhorar as aptidões de liderança para se preparar para o passo seguinte na carreira profissional. Ela contribui para o desenvolvimento e eficiência do líder, que conseguem ampliar suas capacidades à medida que aumentam sua conscientização sobre o modo como lideram e escolhem novas formas de pensar e agir, melhorando seu impacto sobre si próprios, sobre os outros e sobre os resultados alcançados por eles.

Entre outros benefícios, um líder poderá identificar as principais alavancas que permitam mais crescimento (para ele e a empresa) e aplicação de todo o seu potencial. Por outro lado, a empresa poderá alavancar seus resultados, e terá líderes mais comprometidos e capazes de formar, desenvolver e cultivar novos líderes.

 

Agradecemos à parceria da Presse Comunicação Empresarial para a realização desta entrevista.