Nesta terça-feira (22/3/16), a Polícia Federal cumpriu vários mandados de busca e apreensão na sede da Odebrecht, além de prender pessoas ligadas ao grupo, na 26ª fase da Operação Lava Jato. Segundo os policiais, foi identificado um “Setor de Operações Estruturadas” que servia como uma contabilidade paralela destinado ao pagamento de propinas.
Depois disso, os executivos e o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, decidiram fazer um acordo de delação premiada. Emílio, pai de Marcelo, temia pelo futuro do grupo se não houvesse acordos de delação e de leniência. O filho já vinha recebendo pressões da família para revelar o que sabe.
Preso desde junho de 2015, Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão em um processo da Lava Jato, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele responde a mais uma ação criminal por corrupção.
Uma reportagem do Jornal Nacional, mostrou como funcionavam os pagamentos. Um dado em especial deve dar mais gás ao impeachment: depósitos que podem ter sido enviados ao publicitário responsável pela campanha a presidência de Dilma Rousseff, em 2014.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), diversas obras e serviços federais, governos estaduais e municipais, podem estar nos pagamentos de propina feitos pela Odebrecht. Em apenas uma das contas identificadas como pertecente à contabilidade paralela da empresa, foram encontrados R$ 66 milhões em propina, que teriam sido distribuídos entre 25 a 30 pessoas. Confira a reportagem no G1 e também no Jornal Nacional.
Leia a íntegra da nota emitida pela Odebrecht:
As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.