Entrevistas: Susana Bartira Wagner Bilck Venturi | Texto final: Claus Jensen | Fotos: divulgação
Na última quinta-feira, 15 de Outubro, foi comemorado o dia do Professor. Sem esse/as profissionais, dificilmente eu e você estaríamos nos comunicando através da escrita neste momento. A profissão, considerada um dom, passa por inúmeros desafios a cada geração.
Neste momento, a tecnologia através da internet não estimula mais o aluno ir à uma biblioteca pesquisar sobre os trabalhos de aula. Basta “Googlezar”, copiar e colar o conteúdo. Ao mesmo tempo que sobram informações, faltam as confiáveis. Outras dependem mais dos pais do que dos alunos: a atenção aos seus filhos.
OBlumenauense organizou uma série de entrevistas com professores, através de nossa colaboração Susana Bartira Wagner Bilck Venturi. Ela é Coordenadora Pedagógica na Rede Pública Municipal de Blumenau e conversou com vários educadores sobre três questionamentos básicos:
- O que é ser professor;
- Qual maior desafio da profissão nos tempos atuais;
- Como ela/es vêem a tecnologia e o acesso à informação através da internet, no dia a dia em relação a sala de aula.
Ser professor significa formar, informar, transformar, ser referência e exemplo. O maior desafio hoje no meu contexto escolar é a negligência familiar. Isso significa a falta de parceria e entendimento da importância do estudo para o filho. Falta acompanhamento na vida e escola desses pequenos. A família e a escola não caminham mais juntas. Quanto a tecnologia, ela contribui muito na sala de aula. Através dela aprofundamos conhecimentos em nossa sala informatizada. A aula fica mais rica com o uso do data show, os programas lúdicos e softwares apropriados.
Professora Luciana Patricia Bazoti
Leciona há 20 anos e atualmente trabalha na EBM Lauro Müller
Para mim, ser professor é conquistar a atenção do aluno, buscando dar significância ao objeto de estudo, diante tamanha influência da mídia sobre os valores da sociedade e da alienação das famílias junto aos processos e/ou situações de aprendizagem. Mas os modelos, métodos de ensino e a estrutura física da educação, é inadequada à educação do presente.
Professor Günther Alberto Franz
Leciona Geografia nas Escolas Básicas Municipais Professora Hella Altenburg e Professor Oscar Unbehaun
Hoje existem vários desafios em ser professor, mas considero um dos maiores, conseguir perceber a alteração de comportamento da comunidade escolar. Isso significa compreender, refletir, saber ouvir e procurar entender, aquilo que é diferente da minha linha de raciocínio.
A Internet é um importante instrumento de estudos atualmente. Principalmente porque as respostas chegam com uma maior velocidade. A utilização dos smartphones em aula somente em trabalhos em sala.
O maior desafio de nossa década em relação a qualidade da educação é conseguir unidade em termos de responsabilidade do poder público perante a escola, e por consequência do professor e pais para com os alunos. Ser professor é ser o complemento da educação e orientação vem de casa.
Professor Artur Mateus Gewehr
Leciona na EBM Alberto Stein e está há 3 anos na rede municipal. Antes trabalhou como técnico e professor de vôlei durante 10 anos.
Encontramos a cada ano, mais alunos desinteressados e desmotivados em sala de aula. Então um dos desafios do professor atualmente, é fazer com que esses alunos deixem de ser assim. Hoje eles são muito diferentes da nossa época. São mais ativos e envolvidos diariamente com a tecnologia, por isso as aulas devem ser mais dinâmicas e atrativas. Devemos ver a tecnologia como um aliado para complementar as aulas.
Professora Scarlet Brice Alves
Leciona ciências e biologia desde 2003 em escolas da rede municipal.
O maior desafio hoje é lidar com a falta de apoio das famílias. Ser professora é ter em mente, que não basta apenas ter amor pela profissão. A formação continuada deve estar sempre presente, pois deixamos marcas em nossos alunos, para que se tornem adultos saudáveis ou não. Não basta apenas ensinar conteúdo, o professor deve estar atento em outros aspectos tais como a afetividade e a autonomia. Quanto ao maior desafio na qualidade de ensino, acho que é a valorização, não falo somente na financeira.
Professora Sílvia Calixto
Leciona nas Escolas Básicas Municipais Alberto Stein e Gustavo Richard
Ser professora para mim, é transmitir conhecimento aos alunos e ajudá-los no que for possível. Devido ao salário, são poucos os professores que têm acesso a mais cursos, pós graduação, e com isso a qualidade de ensino vai baixando.
Hoje em dia o aluno tem fácil acesso à informação através da internet, o que facilita entregar os trabalhos prontos, já que é só copiar e colar. Não existe mais aquela pesquisa, muitas vezes ele não chega nem a ler. O maior desafio em lecionar é lidar com a indisciplina dos alunos e o descaso de muitos pais em relação aos seus filhos.
Professora Maria Cristina de Martins Montele
Leciona na EBM Francisco Lanser, com 35 anos de magistério.
Mais um ano de trabalho e me aposento. Que pena, sentirei falta. Acredito que o professor na sociedade contemporânea deve ser inovador, leitor e pesquisador. Caso contrário, será um professor repetitivo, que recorta e cola. Isso o Google faz muito bem. O professor desse Novo Milênio tem que ter um novo perfil, com um novo olhar sobre educação para daí sim inovar. Esses são os novos desafios dos professores contemporâneos.
Professora Aroraima Maria Baggio
Leciona na rede pública Municipal de Blumenau há 25 anos. Ela trabalha na EBM Alberto Stein como professora do 2º ano, tem o projeto do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) na turma dela. Atualmente está em meio período na biblioteca desenvolvendo o projeto em nível de município chamado “Letramento literário”.
O perfil do professor atual, é trabalhar com salas lotadas, fazendo com que o profissional não consiga dar a atenção devida a cada um dos alunos. Outra coisa é a má educação que às vezes vem de casa, com a falta de amor da família, que reflete nos alunos dentro da sala de aula. Também existe a questão da defasagem no aprendizado, que vem desde as fases iniciais. Precisamos de formação mais adequada dos professores, em sua matéria específica, como por exemplo português, matemática, etc.. A escola está defasada e continua utilizando a mesma forma de ensino há anos.
A tecnologia vem para ajudar, mas eu acho que nós não fomos preparados para tanta novidade que está vindo. As crianças e os adolescentes vem com uma bagagem grande em relação à tecnologia. A escola recebe isso sem estar preparada para saber como agir.
Por exemplo, os celulares em sala de aula, as cópias de trabalhos. Aqui no ensino fundamental ainda não temos tantos problemas, apesar de existirem. Ser professor é amar o que a gente faz, mesmo sabendo que não vamos atingir a todos, mas sim alguns. É também ensinar por amor e seguir a vocação, sem pensar muitas vezes na questão salário. O reconhecimento vem pelas pessoas.
Professora Adriana Campestrini
Leciona 5 anos língua inglesa na rede pública nas Escolas Básicas Municipais Profª Zulma Souza e Silva, Profº Oscar Unbehaun e Conselheiro Mafra
O maior desafio são as inúmeras responsabilidades atribuídas ao professor dentro e fora da sala de aula, em que acabamos abraçando uma carga gigantesca da formação integral do indivíduo. Tudo acaba envolvendo planejamento e o que você está trabalhando em sala de aula, tentando atender as necessidades individuais de cada aluno.
Queremos tentar suprir tudo que a criança precisa enquanto estiver em nossas mãos. É muita coisa. Como professora, muitas vezes ficamos sozinhas em sala de aula com 25 a 30 crianças. Mas nós levamos essa responsabilidade a sério e com isso acabamos assumindo uma carga muito grande de trabalho.
Professora Janaína Cidral
Leciona na EBM Alberto Stein
O maior desafio para o professor em sala de aula, é a falta de disciplina, o mau comportamento e a falta de educação. As crianças não tem culpa da pouca atenção que os pais dão aos seus filhos e acaba gerando tudo isso. Ser professor, é uma forma única de conseguir tornar as pessoas melhores para esse mundo. É ele que faz toda a diferença em uma sala de aula, quando ama o que faz.
Nos dias de hoje, onde temos acesso à todo tipo de tecnologia, fica tudo mais fácil com certeza. Mas não podemos esquecer que a criança precisa vivenciar o lúdico, ler livros, ter contato com tudo que está a sua volta, como por exemplo a natureza. Ter contato com a terra, plantas, descobrindo na real o verdadeiro sentido das coisas. Porque o computador e a internet tornam tudo tão “aparente” e nada concreto, que se possa pegar, ver, sentir e vivenciar uma experiência.
Professora Adriana dos Santos Correa
Trabalha com educação especial e na EBM Alberto Stein, onde desenvolve um trabalho muito elogiado com um menino autista.
Ser professora, ainda é trabalhar com ensino e aprendizagem. Ainda é função primordial do professor ensinar, não transmitir conhecimento, mas fazer com que o aluno o busque. Esse conhecimento já está na mão deles através da internet. O problema é o que, e de que forma fazer eles usarem isso. A internet tem que ser usada para buscar, organizar e socializar a informação. E é nisso que entra o papel do professor, porque muitas dessas informações não são verdadeiras e nem bem utilizadas. O professor fará com que ela seja forte e sustentável.
Quanto aos trabalhos escolares, acredito que temos que usar a tecnologia. Mas nós precisamos orientá-los para que não seja um simples copie e cole. Por isso, quando o aluno tem acesso à informação através da internet, o professor deve acompanhá-lo com um roteiro, orientando qual a principal dela, o que e onde ele deve buscá-la. Ele até pode copiar e colar, desde que saiba o que ela significa. Aí entra de novo o papel do professor em organizar tudo isso com sabedoria, conhecimento, utilizando informações sérias e verdadeiras.
Professora Isaura Sofia Wagner Bilck Maciano
UNIDAVI Universidade do Alto Vale do Itajaí. Leciona Língua Portuguesa Fundamental I ( 1º ao 5º ano) e para a Graduação de Pedagogia nos Campus de Rio do Sul Presidente Getúlio Ituporanga e Taió