Fotos e entrevista: Josiane Longhi
Na última sexta-feira (31/07), o prefeito Napoleão Bernardes recebeu em seu gabinete a embaixadora da Áustria Marianne Feldmann, e o cônsul Mauro Kirsten, que abriram o consulado austríaco em nossa cidade. O evento também teve a participação do presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio Zimmermann Neto.
O único veículo online presente no evento foi o site OBlumenauense. A data é muito importante, porque o Brasil tem uma relação histórica desde a época do império com a Áustria. Em Blumenau, não existe nenhum registro oficial dos descendentes desse país que fica no sul da Alemanha e tem o alemão como língua oficial. O consulado funcionará na Rua Namy Deeke, 99, no segundo andar. A cerimônia de posse do cônsul honorário Mauro Kirsten, ocorreu a partir das 19h do mesmo dia, no Tabajara Tênis Clube.
OBlumenauense: Sra. Marianne Feldmann, já conhecia Blumenau?
Marianne Feldmann: Sim, já estive em 1991, quando fiz uma viagem de Curitiba para Santa Catarina. Na época fomos à Treze Tílias, Blumenau e depois às praias. Desde lá muita coisa mudou na cidade, mas fiquei feliz que as casas em enxaimel não mudaram, e pode ser que agora tenham até mais do que naquela época.
OBlumenauense: Existe algum registro do número de descendentes austríacos em Blumenau e no Vale do Itajaí?
Marianne Feldmann: Não, não tem. Será uma das coisas que o nosso novo cônsul vai poder fazer. Isso é muito difícil de determinar, porque tiveram várias levas de imigrantes para o Brasil. Nós fomos um dos primeiros países a manter relações diplomáticas, ainda no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (foi a designação oficial do Brasil em 1816), cujo nome inclusive vem do congresso de Viena em 1815. A nossa imperatriz Leopoldina veio em 1817 junto com o primeiro embaixador da Áustria, logo depois começou a imigração. Mas esses imigrantes da época do império austro-húngaro, quase todos perderam a nacionalidade. Quando você migrava na época do império, tinha que pedir uma permissão e voltar novamente para lá, caso contrário, depois de alguns anos perdia a nacionalidade.
O império austro-húngaro era formado por 14 nacionalidades, muitos dos ucranianos, romenos e poloneses que estão aqui (Brasil); chegaram nessa época. A partir da década de 30 do século passado, aí sim, essas pessoas eram registradas. Somente em Treze Tílias/SC, devemos ter uns 5 mil austríacos que tem também nacionalidade brasileira, grande parte morando na Áustria. Tem também muita migração laboral (pessoas que vão para trabalhar lá). O Vale do Itajaí ainda está sub-utilizado nessa perspectiva, que é algo que esperamos do novo cônsul.
OBlumenauense: Sr. Mauro Kirsten, como surgiu o convite para ser cônsul?
Na verdade é um pouco diferente, eu é que me candidatei, fazendo uma gestão perante a embaixada em Brasília. Eu tinha muito interesse e me sentia capaz para isso e fui aprovado. Como todos os processos consulares, ele é lento, com um manancial de documentos e relacionamentos. Somente após 2 anos de iniciado o processo, eu fui aprovado.
OBlumenauense: Qual a sua descendência austríaca?
Eu sou orgulhosamente blumenauense, nascido há 53 anos aqui. Minha descendência vem dos avós paternos, que moravam na fronteira da Áustria com a Alemanha.