De acordo com o consultor Cesar Zabot, as pessoas de comando são muito ligadas às coisas da empresa, como máquinas e produtos, e se esquecem que quem faz o resultado são pessoas.
Texto: Karin Bendheim
O troca-troca de funcionários em empresas é cada vez mais comum. Muitos são motivados por um salário melhor, mas é importante considerar também outros fatores que levam a essa ação, como a ausência de um plano de carreira. Uma pesquisa feita pela consultoria Boucinhas, em 2014, pesquisa apontou que 48% daqueles que buscam um novo trabalho ou pensam em trocar de empresa, alegaram a falta de um plano de carreira e 36,6% disseram que a razão é a busca por salários melhores.
De acordo com o consultor da SBA Associados e especialista em gestão estratégica, humana e processos, César Zabot, há os dois lados da moeda. Primeiramente, ele explica que os profissionais não podem esperar que os superiores cuidem do planejamento de suas carreiras. “Esse é um grande equívoco. Não se pode deixar na responsabilidade exclusiva de um terceiro, ainda que o chefe, a definição da trajetória profissional”, argumenta.
Mas, pela experiência profissional em consultoria, Zabot reconhece que um grande número de empresas não tem planejamento de carreira, o que piora a situação. “Tenho dado consultoria em empresas de diversos segmentos e portes, inclusive com mais de cinco mil empregados, e noto que elas não mapeiam os recursos humanos, não tem identificação do potencial, nem do talento dos colaboradores”, afirma.
Zabot conta uma situação que exemplifica a realidade de muitas empresas. O consultor disse que estava em uma companhia com mais de cinco mil funcionários, quando o diretor da área, chegou preocupado para contar que um dos gerentes, braço direito dele, havia pedido demissão. O motivo seria a falta de perspectiva na empresa. Segundo Zabot o problema não parava por aí. Para resolver isso, o diretor iria pedir ao setor de Recursos Humanos (RH) para contratar um substituto. “Como uma empresa com cinco mil empregados não tem ninguém preparado, nem ao menos identificado com potencial para ser treinado para o cargo de gerência?”, questiona Zabot.
Para o consultor, as pessoas de comando se preocupam muito com as coisas da empresa, como máquinas, prédios, produtos e metas. Embora tudo isso seja importante, Zabot destaca que quem faz o resultado são pessoas. “As pessoas gostam de trabalhar em empresas que valorizam e dão oportunidade de crescimento. Não basta estar no discurso esse valor ou estampado em paredes, é preciso colocar na prática”, critica o consultor.
Líderes e gestores
Existem diversos modelos, sistemas informatizados e documentos que, tecnicamente, viabilizam a gestão e o planejamento da carreira nas empresas. Mas, Zabot lembra que na ausência de um modelo formal, cabe ao gestor ou ao líder tomar a frente. “É possível fazer avaliações com a equipe, pelo menos uma vez por ano, falar sobre as aspirações, estimular o autodesenvolvimento, colocar-se à disposição para prestar auxílio profissional. Deixe claro qual a possibilidade de crescimento e dê oportunidades”, explica.