Texto: Martha Kienast
Ansiedade, dificuldade para se expressar, o popular “branco”, estes são alguns efeitos provocados por emoções intensas. Eles tornam-se ainda mais comuns entre estudantes em ano letivo, desde crianças dos primeiros anos até adolescentes e jovens que estão no Ensino Médio. Estas peculiaridades interferem no aprendizado e na memorização e podem atrapalhar a elaboração do conhecimento de uma maneira geral.
A Professora da Escola Barão, Gláucia Castelo Branco, estudiosa do tema, informa que se mantivermos um estado de vigília para construir uma atmosfera emocional positiva pode ser uma alternativa para evitarmos qualquer situação desagradável. “Temos vontade de permanecer sempre naqueles ambientes amigáveis, alegres, onde pessoas riem espontaneamente e sentem-se confortáveis. Esse tipo de atmosfera emocional estimula a via do prazer. Ambientes assim são fecundos para a aprendizagem”, afirma a educadora. Os amigos e professores podem tornar os momentos de tensão e ansiedade em períodos de descontração, explorando o bom humor para transformar o espaço em um ambiente emocionalmente saudável.
Os familiares também podem contribuir para o cultivo do bem estar. A professora Gláucia explica que a maioria das emoções é aprendida, observando aqueles que nos rodeiam. “Sem o outro não andaríamos, não falaríamos, não nos emocionaríamos. Nós aprendemos a sentir o que o outro sente e aprendemos a reconhecer no outro as nossas emoções”. Momentos de conflito e discussão, onde os ânimos estão alterados, devem ser substituídos pelo diálogo. A educadora conta que este é o recurso mais poderoso. “Dialogar pressupõe o que chamamos de escuta responsiva. Antes de falarmos algo, temos de escutar o que o outro tem a dizer e escutar com prazer e paixão, sentindo o que a voz do outro está transmitindo. Isso gera confiança, segurança e prazer”, relembra.
Outro ponto que vale destaque é observar sempre as crianças e os jovens. Como muitos ainda não têm perfeita consciência de suas emoções, podem não perceber o quanto elas interferem na aprendizagem. A professora Gláucia conta que é interessante observar se eles tiveram alguma mudança no comportamento. “Alunos que normalmente são expressivos e participativos, se calam. Alunos que se mantêm cabisbaixos em sala, prostrados, passivos, sonolentos, apáticos, desinteressados, às vezes impacientes, irritados, pouco tolerantes, explosivos, também podem indicar que algo não está bem”, explica. A educadora relembra que é necessário estar atento às expressões faciais e ao tom de voz em que é possível reconhecer raiva, tristeza, alegria, prazer, entre outros.
Na Escola Barão, a neurociência é tema de estudo há cerca de seis anos. “Até pouco tempo atrás, nossas expectativas em relação à formação do professor permeavam apenas às contribuições das Teorias de Aprendizagem oferecidas pela Psicologia Cognitiva e absorvidas pela Ciência da Educação. No entanto, a Neurobiologia, passou a dar contribuições mais objetivas no que diz respeito à aprendizagem e à memorização”, explica. O assunto também é amplamente debatido com os responsáveis e estudantes, principalmente do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio para que todos possam ter consciência de como aprendemos e, a partir daí, lançarem recursos e dispositivos para melhorar a qualidade da aprendizagem.
Entenda como funciona
A aprendizagem e a memorização são objetos de estudo da neurociência. De acordo com a explicação científica, quando a nova informação chega ao encéfalo, passa pelo crivo do sistema límbico e recebe valor emocional das amigdalas, estruturas que ficam abaixo do cérebro. Depois disso, ela será processada no lobo frontal, local onde se dá o pensamento, o raciocínio, a tomada de decisão e etc.
“Um exemplo bastante comum é o que acontece em dia de prova. O aluno que chega ansioso e com medo tem seu nível de adrenalina aumentado na corrente sanguínea, gerando uma série de respostas somáticas, entre elas, bloqueio dos circuitos neurais responsáveis pelo processamento das informações”. A professora informa que o inverso ocorre quando nos encontramos num estado emocional positivo, pois as informações fluem para a parte superior do cérebro acionando as vias neuronais necessárias à ocorrência da aprendizagem.