Empresário investigado por simular a própria morte é preso em operação da Polícia Civil

Um corpo foi encontrado carbonizado dentro de um veículo. O suspeito, chegou a cortar um dos dedos e enviar para a namorada em Blumenau. 

Foto: Polícia Civil de Blumenau

O que parecia ser um homicídio brutal em São Cristóvão do Sul (SC) revelou-se um golpe elaborado para enganar a polícia, credores e seguradoras. Os indícios encontrados pela Polícia Civil, apontam que um empresário, investigado por fraudes na venda de placas solares e que acumulava pendências trabalhistas, teria simulado a própria morte.

O plano, porém, desmoronou quando foi descoberto que ele continuava vivo e escondido em Navegantes (SC). A farsa foi desmontada na manhã desta sexta-feira (28/02/25), quando ele e um cúmplice foram presos durante a Operação Anástase, conduzida pela Delegacia de Homicídios de Blumenau, além dos Departamentos de Investigações Criminais (DICs) de Blumenau e Curitibanos (SC).

Foto: Polícia Civil de Curitibanos (SC)

O crime e as primeiras suspeitas

A história começou no dia 15 de fevereiro, quando uma caminhonete Chevrolet S10 foi encontrada completamente queimada em uma área isolada de São Cristóvão do Sul. Dentro do veículo, a polícia encontrou um corpo carbonizado, impossibilitando sua identificação imediata. O carro pertencia a um empresário desaparecido desde o dia 12 de fevereiro, levando as autoridades a acreditarem que ele havia sido assassinado por conta de dívidas e golpes financeiros.

A princípio, as suspeitas recaíram sobre ex-funcionários e credores da empresa, que moviam uma ação trabalhista contra ele. O empresário já era investigado por fraudes e havia sido alvo de buscas pela Polícia Civil de Joinville. Tudo indicava que o crime poderia ser um acerto de contas.

A reviravolta na investigação

Durante a investigação, a Polícia Civil recebeu relatos de testemunhas que afirmaram ter visto o empresário, que supostamente estava desaparecido, circulando pela região dias antes do veículo ser incendiado. Ele estava acompanhado de outro homem e dirigia a mesma Chevrolet S10, que mais tarde seria encontrada com um corpo carbonizado. O empresário foi visto fazendo compras em mercados, abastecendo o veículo e comprando álcool e gasolina, sem demonstrar sinais de estar em perigo.

Foto: Polícia Civil de Blumenau

A grande virada aconteceu no dia 20 de fevereiro, quando a namorada do suposto morto, moradora do bairro Velha Central, em Blumenau, recebeu uma garrafa PET com um dedo humano e dois dentes jogados no quintal de sua casa.

No dia seguinte, ela começou a receber ameaças por telefone. Um criminoso afirmou que o corpo queimado no carro não era do namorado dela e enviou um vídeo macabro, onde um homem aparecia sendo espancado e, em seguida, queimado dentro de pneus. O interlocutor dizia que os restos mortais enviados serviriam como “prova” da morte e exigia que a mulher ficasse de luto.

Diante dessas novas evidências, a polícia percebeu que o empresário não era a vítima, mas sim o mentor de uma farsa. Ele havia forjado a própria morte para escapar das dívidas e fraudar seguradoras, já que possuía seguros de vida e veicular.

Quem era a verdadeira vítima?

Com a mudança na linha de investigação, a polícia passou a procurar desaparecidos na região de Curitibanos. A suspeita recaiu sobre um morador em situação de rua de 59 anos, com problemas de alcoolismo, que havia sido visto pela última vez em 12 de fevereiro. Ele vivia em barracas improvisadas perto de rodovias e desapareceu na mesma época em que o empresário planejava o golpe. A confirmação oficial da identidade do corpo ainda aguarda os exames de DNA, mas as evidências indicam que ele foi escolhido como vítima para que o plano parecesse real.

Além do crime, os suspeitos tentaram incriminar ex-funcionários do empresário. Eles usaram telefones com prefixo 011, simulando um sotaque de outra região, e mencionaram uma facção criminosa em ligações para a família da namorada do empresário. O objetivo era que as autoridades suspeitassem de que os responsáveis pelo crime fossem credores que moviam ações na Justiça contra ele.

A prisão e o desfecho do caso

Com todas as provas reunidas, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva dos envolvidos. O empresário e seu cúmplice estavam escondidos em uma favela no bairro São Paulo, em Navegantes, prontos para fugir do estado ou até mesmo do país. A polícia acredita que, se a prisão não tivesse ocorrido rapidamente, os dois poderiam ter escapado antes de receber o pagamento dos seguros.

Na manhã desta sexta-feira, durante a Operação Anástase, os suspeitos foram capturados e teriam confessado o crime. Eles admitiram que planejaram a farsa para se livrar das dívidas e garantir o dinheiro do seguro. A investigação segue em andamento para apurar se há outros envolvidos no crime, bem como para confirmar oficialmente a identidade da vítima.

Os detalhes acima foram revelados neste vídeo da Polícia Civil