Os alemães estão indo às urnas neste domingo (23/02/25) para escolher os 630 deputados que comporão o Bundestag, a câmara baixa do Parlamento. A eleição, convocada de forma antecipada após o colapso da coalizão governista, mobiliza 59,2 milhões de eleitores, incluindo 2,3 milhões de jovens que votam pela primeira vez. O pleito conta com 4.506 candidatos de 29 partidos e será acompanhado por cerca de 650 mil voluntários, que auxiliam na organização do processo eleitoral.
A disputa principal está entre o atual chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), e Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU), que busca devolver o comando do governo aos conservadores. As pesquisas indicam que Merz lidera com cerca de 30% das intenções de voto, enquanto Scholz aparece com apenas 15%, um dos índices mais baixos para um chanceler em exercício.
O grande destaque da eleição é o crescimento da extrema-direita. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) deve ultrapassar os 21% dos votos, mais que dobrando seu desempenho em relação ao pleito anterior e se consolidando como a segunda maior força política do país. Esse avanço tem gerado preocupações, já que os demais partidos descartam qualquer tipo de aliança com a sigla.
Além de CDU, SPD e AfD, outros partidos competem por espaço no Bundestag. Os Verdes aparecem com 13% das intenções de voto, enquanto a legenda de esquerda A Esquerda registra 7%. A grande incerteza do pleito envolve o Partido Liberal (FDP) e a recém-criada Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), que podem não alcançar os 5% mínimos necessários para garantir assentos no Parlamento.
A campanha foi marcada por debates intensos sobre imigração e segurança, impulsionados por uma série de ataques recentes atribuídos a imigrantes. A economia também esteve no centro das discussões, com a Alemanha enfrentando o risco de um terceiro ano de recessão. Enquanto Merz defende medidas mais duras para controlar as fronteiras e uma política fiscal mais rígida, Scholz aposta na continuidade dos programas sociais e na transição energética como forma de recuperação econômica.
As seções eleitorais abriram às 8h no horário local (4h de Brasília) e fecharão às 18h (14h de Brasília). O comparecimento parcial dos eleitores será divulgado ao longo do dia, e as primeiras projeções devem sair logo após o encerramento da votação. Os resultados oficiais começam a ser divulgados à meia-noite no horário alemão (20h de Brasília). A formação do novo governo dependerá das negociações para coalizões, que podem levar semanas até uma definição sobre quem comandará a maior economia da União Europeia nos próximos anos.
O chanceler da Alemanha é o chefe de governo e responsável por definir as diretrizes políticas do país. Ele escolhe e comanda os ministros, liderando o Executivo com apoio do Parlamento. Seu cargo exige negociar constantemente com os deputados para aprovar leis e manter a estabilidade política. Caso perca a maioria parlamentar, pode ser destituído.
A eleição do chanceler ocorre de forma indireta, com indicação pelo partido ou coalizão que obtiver maioria no Bundestag. O presidente formaliza a nomeação, e o Parlamento vota para aprovar o indicado. Seu mandato é de quatro anos, mas pode ser reeleito sem limite de vezes. Além de governar internamente, ele representa a Alemanha em negociações e alianças internacionais.
O chanceler federal da Alemanha é o chefe de governo do país, desempenhando um papel central no sistema político alemão. Diferente de sistemas presidencialistas, como nos Estados Unidos ou no Brasil, onde o presidente acumula funções de chefe de Estado e chefe de governo, na Alemanha o chefe de Estado é o presidente da República, que tem um papel mais cerimonial, enquanto o chanceler é responsável pela administração do país e pela formulação das políticas públicas.
O sistema parlamentarista alemão difere do presidencialismo adotado em países como Brasil e Estados Unidos. No presidencialismo, o chefe de governo e chefe de Estado são a mesma pessoa, eleita diretamente pelo povo. Já na Alemanha, o presidente tem um papel cerimonial, enquanto o chanceler governa com apoio do Parlamento. Isso torna o Executivo mais dependente do Legislativo.
Outra diferença é que, no presidencialismo, o presidente tem mandato fixo e só pode ser removido por impeachment. No parlamentarismo alemão, o chanceler pode perder o cargo se não tiver mais apoio da maioria no Bundestag. Esse modelo favorece governos mais flexíveis, mas pode gerar instabilidade política. A necessidade de coalizões também exige negociações constantes entre os partidos.